Criada no início dos anos dois mil para estimular o turismo pelo litoral de três estados do nordeste brasileiro, essa rota possui como atrativos riquezas naturais, incluindo belas praias, dunas de areia, fauna e flora diversificadas, além de gastronomia típica, artesanatos, músicas regionais e outras manifestações culturais. Como são 14 cidades distribuídas em cerca de 500 quilômetros de percurso, é importante se programar bem para definir o que conhecer e quanto tempo ficar em cada local.
Eu, por exemplo, fiz duas viagens distintas. Primeiro eu fui para o Maranhão, usando o aeroporto de São Luís como porta de entrada para conhecer os Lençóis Maranhenses. Anos depois, comecei a minha viagem pelo Ceará chegando pelo aeroporto de Jericoacoara e fiz o percurso até o Piauí, de onde parti pelo aeroporto de Parnaíba. O mapa interativo acima ajuda a entender melhor a rota, que pode ser feita por conta própria, preferencialmente com um carro alugado para facilitar no descolamento. Eu também fiz todas as minhas reservas de hospedagem.
Outra opção é contratar o passeio de uma agência de turismo, ideal para quem não quer ter tanto trabalho no planejamento. Nesse exemplo, são visitados os principais pontos, incluindo as três unidades de conservação do meio ambiente: o Parque Nacional de Jericoacoara (CE); a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba (PI); e o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (MA). Mas destaco que uma semana é bastante corrido, mesmo porque uma boa parte do tempo vai ser usada nos deslocamentos. Uma alternativa é procurar uma empresa para criar um roteiro personalizado.

A primeira vez que eu fui para o Ceará, fiquei por poucos dias e me concentrei em visitar Fortaleza, que é usada como porta de entrada por muitos turistas que fazem a rota. Como são cerca de trezentos quilômetros de viagem, fica muito cansativo para um bate e volta até as cidades do estado que fazem parte do roteiro: Cruz, Jericoacoara, Camocim, Barroquinha e Chaval. Acabei voltando em outra oportunidade e conheci conheci três delas.

Algumas pessoas não sabem, mas dá para economizar muito tempo de estrada comprando um voo para a cidade de Cruz, onde fica o Aeroporto de Jericoacoara e pegar um transfer para o destino final. Se preferir alugar um carro, a melhor opção é ficar na Praia do Preá, que tem acesso fácil pela estrada asfaltada e está fora do parque nacional, que é tomado por dunas de areia. O local tem ganhado bastante destaque pela prática do kitesurfe e vale a pena pesquisar uma hospedagem na vila.

Também é nessa cidade que ficam alguns dos atrativos mais famosos da região, como o Buraco Azul Caiçara e Lagun Beach Club. Ambos contam com profundos lagos artificiais de intensa cor turquesa e toda a estrutura para passar um dia agradável ou apenas algumas horas, de acordo com sua disponibilidade de tempo. Já a Lagoa Azul é natural, mas a sua parte mais procurada fica no município vizinho.

A Lagoa do Paraíso me agradou muito porque parece uma praia, porém tem água doce e tranquila, ideal para relaxar. Essas redes coloridas são justamente um dos cartões postais da região. A estrutura é muito boa, indo desde barracas mais simples a outras bem luxuosas, que cobram pela entrada. A lagoa fica em Jijoca de Jericoacoara e aqui é importante esclarecer que existem dois lugares com nomes bastante parecidos.

Para chegar em Jericoacoara, que fica a cerca de vinte quilômetros de distância da cidade, é preciso entrar no parque nacional e atravessar o extenso campo de dunas com um veículo 4×4. Dentro da vila, que conta com ótima rede de hospedagens, restaurantes, lojas e agências de passeios, o turista não pode circular de carro próprio. Na praia, destaca-se a Duna do Pôr-do-Sol, mirante natural com vistas privilegiadas no fim do dia.

Existem dois passeios principais que saem da vila. O mais procurado é o passeio pelo litoral leste, que visita os atrativos das cidades citadas anteriormente, além daqueles que se encontram dentro do parque, como a Lagoa do Amâncio, a Árvore da Preguiça e a Pedra Furada. Essa última eu preferi conhecer por conta própria outro dia para não perder tempo no tour privado, já que é preciso fazer uma caminhada longa de qualquer maneira.

Já o passeio pelo litoral oeste faz a travessia de um rio em balsa e explora os atrativos da cidade de Camocim, que conta com uma extensa área. Primeiro passamos por Guriú, vilarejo de pescadores que conta com um projeto para conhecer os cavalos-marinhos (pago aparte) e parada para tirar fotos em um mangue seco.

A parte mais interessante na região de Tatajuba, que foi soterrada pela areia e reconstruída em outro espaço. Mas não visitamos a vila em si, mas sim um extenso campo de dunas com lagoas formadas pela água da chuva onde são realizadas atividades opcionais de esquibunda, tobogã e tirolesa. O destino final é a imensa Lagoa da Tatajuba, onde se passa algumas horas curtindo o banho de água doce e parada de almoço.

Como eu ia continuar viajando nessa direção, optei por procurar uma hospedagem e dormir uma noite Camocim para conhecer melhor e achei interessante, já que foi possível ver a Ilha do Amor e a Praia de Maceió. Entretanto, o turismo ali ainda está se desenvolvendo quando comparado a Jericoacoara. As duas últimas cidades do estado incluídas no programa, Barroquinha e Chaval, eu não cheguei a conhecer, mas acredito que seja interessante justamente por serem menos procuradas.

Atravessando a divisa entre os estados, chega-se ao Piauí, que conta com um litoral humilde em suas dimensões, porém repleto de atrativos. São pouco mais de sessenta quilômetros de extensão, o que quer dizer que ele pode ser todo percorrido com facilidade em apenas um dia passando pelos pontos principais. Mas vale a pena dedicar mais tempo para conhecer as cidades de Cajueiro da Praia, Luís Correia, Parnaíba e Ilha Grande.

Eu fiquei hospedado em Barra Grande, pequeno vilarejo que pertence ao município de Cajueiro da Praia. Antigamente habitada apenas por pescadores, a vila ganhou destaque pela prática do kitesurfe e vem crescendo bastante nos últimos anos, embora mantenha um visual rústico com suas ruas e restaurantes de areia no chão. Quando eu passei por lá, estava proibida a circulação de carros em algumas áreas, o que contribui para o silêncio e paz.

Eu fiz essa viagem fora da alta temporada, em outubro, e achei uma delícia porque estava realmente muito tranquilo. O que ouvi dizer é que ali está como Jericoacoara era há alguns anos atrás, antes de ser tomada por uma quantidade grande demais de turistas e acabar descaracterizada, muito comercial. Eu recomendo buscar uma hospedagem por lá e curtir uns dias mais calmos.

Luís Correia eu conheci apenas de passagem, parando em alguns pontos mais famosos durante a viagem entre uma cidade e outra. Ainda assim, deu para perceber porque o local tem sido cada vez mais procurado, já que conta com praias amplas e bonitas. Um dos atrativos no caminho é a Árvore Penteada, que foi moldada pelos fortes ventos característicos da região. Quando passei por lá, estavam até construindo uma praça em sua volta para atender melhor aos visitantes.

As praias mais famosas são a Praia do Coqueiro, antiga vila de pescadores onde se formam piscinas naturais entre os corais na maré baixa; a Praia de Atalaia, localizada em uma área mais urbana e palco de muitas festas; e a Praia Peito de Moça e a Praia do Arrombado, com ambientes rústicos e menos visitadas. A cidade conta com ótima estrutura de restaurantes e opções de hospedagem.

Na divisa entre a cidade e Parnaíba fica a famosa Lagoa do Portinho, bastante frequentada pela população local. Eu gostei de lá porque, além da paisagem agradável e a possibilidade de tomar um banho de água doce e explorar as dunas de areia, dá para almoçar em um dos restaurantes que ficam na orla.

Minha última parada nessa viagem foi em Parnaíba, que está estrategicamente localizada para quem quer curtir a praia e os passeios pelo rio, além de ser facilmente acessada por ter um aeroporto internacional. Vale a pena reservar uma hospedagem na região central, o que também permite conhecer o centro histórico. O destaque ali é o Porto das Barcas, que funciona atualmente como um conjunto cultural com arquitetura colonial, lojas de artesanato, espaços para eventos, gastronomia e o Museu do Mar.

Por fim, fiz dois passeios pelo Delta do Parnaíba passando pelo último destino piauiense da rota, a Ilha Grande. Chama a atenção a diversidade de sua beleza natural, já que possui cursos de água doce, praias paradisíacas, manguezais, lagoas, dunas de areia, animais silvestres e dezenas de ilhas formadas pela ramificação do rio. A manhã começa com o Circuito das Canárias e a tarde sai o barco do Circuito Revoada dos Guarás, que termina com a chegada dos pássaros vermelhos em uma ilha na hora do pôr-do-sol.

Como eu disse no começo da postagem, eu já tinha feito uma viagem para o Maranhão em outra ocasião, mas seria possível continuar do último ponto. De fato, dois terços do delta do rio ficam nesse estado, então posso dizer que conheci os atrativos de Araioses, incluindo algumas ilhas e a revoada, mesmo sem ter passado pela parte urbana. As outras cidades maranhenses inclusas na rota são Tutóia, Paulino Neves, Barreirinhas e Santo Amaro.

Como eu não queria ficar pulando de um lugar para o outro, acabei optando por reservar a hospedagem em uma só cidade e fazer os passeios a partir dali. A escolhida foi Barreirinhas, que possui uma estrutura boa para receber o turista e vários atrativos próximos, sendo os principais as visitas às lagoas dos Lençois Maranhenses. Eu fiz o Circuito da Lagoa Azul e o Circuito da Lagoa Bonita.

É ótimo subir as dunas e tomar banho nas lagoas de água doce formadas pelas águas do rio, mas o passeio de Atins e Canto dos Lençóis acaba sendo interessante por também incluir paradas na praia para se refrescar no mar e almoço em um restaurante especializado em camarões, enquanto dentro do parque não tem praticamente nenhuma estrutura de venda de comida ou banheiro, por exemplo. Além disso, achei a comida bem gostosa.

Para ter mais variedade nos meus dias nessa região, eu também inclui o Passeio Náutico pelo Rio Preguiças, que é mais confortável que os anteriores, feitos em jardineira 4×4. Nesse caso, vamos subindo o rio de lancha para conhecer um pouco mais sobre a vegetação e os animais, passamos pelas pequenas vilas de Vassouras e Mandacaru, vemos rapidamente uma parte dos Pequenos Lençóis e terminamos na Praia de Caburé. Para diminuir o ritmo e dar uma relaxada, também fiz a Flutuação no Rio Formiga, que envolve ficar deitado em uma bóia enquanto é levado pela correnteza.

Passeios pelos lençóis maranhenses também podem ser feitos a partir de Santo Amaro, mas eu não cheguei a ir lá porque achei que ficaria repetitivo, já que eu tinha dedicado cinco dias a Barreirinhas. Em vez disso, voltei para a capital do estado para conhecer o centro histórico e as praias, além de passar um dia em Alcântara. Por fim, peguei um voo saindo ali de São Luís para a minha cidade. Uma boa dica para quem quer fazer a Rota das Emoções é justamente chegar por uma ponta e ir embora por outra, evitando fazer todo o caminho de retorno por terra.