Canto dos Lençóis

Lençóis Maranhenses – Atins e Canto dos Lençóis

Esse foi o primeiro passeio que fiz pelos Lençóis Maranhenses. Já era o fim da temporada do ano, na última semana de setembro, e o pessoal da agência falou que não era todos os dias que tinha saída para Atins – depois achei que essa informação era duvidosa, porque encontramos vários veículos pelo caminho, mas vai saber. O que não se pode negar é que a maioria das lagoas realmente fica seca em determinadas épocas do ano, então é bom conferir as informações sobre a geografia e clima do local antes de planejar sua viagem. Para viajar com tudo já planejado e garantir a vaga, o ideal é fazer a reserva online com antecedência da Trilha pelas lagoas de Atins.

Reserva de passeio ou atração

Eu estava hospedado em Barreirinhas, de onde o passeio sai às 7:30 da manhã em um veículo 4×4. Como a gente estava na Pousada Cantinho do Sossego, já depois da travessia do Rio Preguiças, fomos os últimos a entrar no veículo. Com isso ganhamos uma hora a mais de sono e um café da manhã mais tranquilo. O lado ruim foi que não pudemos escolher onde sentar – as pessoas evitam ficar nas laterais, pois existe o risco de arranhar os braços e pernas na vegetação que cresce na beira da estrada. Acabou que eu fui no canto, mas não tive problema nenhum com a vegetação. E ainda achei que ir nessa posição foi melhor para ver a paisagem e tirar fotos durante o passeio.

Jardineira que faz o passeio Lençóis Maranhenses
Jardineira que faz o passeio Lençóis Maranhenses

O caminho é por trilhas estreitas em vários trechos (não dá mesmo para chamar de estrada) cheias de areia, muitas vezes pouco definidas e com grande risco de atolamento. Em alguns momentos, passamos por outros veículos e chegou a rolar um estresse do nosso motorista com um grupo que vinha no sentido contrário, pois era impossível que um passasse ao lado do outro. Nenhum dos dois queria ceder e dar ré, o que eu achei uma grande falta de profissionalismo com os turistas que estavam esperando. Minha conclusão a essa rixa sem sentido foi a de que onde há dois seres humanos, há conflitos. Resolvida a picuinha, seguimos caminho e, cerca de uma hora depois de ter saído da nossa pousada, já avistamos algumas dunas.

Lagoa seca entre as dunas
Lagoa seca entre as dunas

Essa região é chamada pelos antigos moradores locais de Morraria. Infelizmente as lagoas pelo caminho já estavam secas, mas achamos tudo lindo mesmo assim. Era o primeiro contato visual com aquele tanto de areia e também havia vários animais para nos distrair, como vacas, burrinhos, cavalos e cabritos, além de pássaros diversos. Sobrevivência difícil a deles nessa região. Nos passeios que fizemos nos dias seguintes, o trajeto não foi tão interessante.

Tinha uma vaca no meio do caminho
Tinha uma vaca no meio do caminho

Durante a viagem, passamos por pequenos vilarejos, podendo vislumbrar rapidamente os moradores e suas vidas simples e pacatas em meio à natureza. Algumas pessoas que viajavam com a gente exclamaram: como podem viver aqui, no meio do nada? Talvez os locais estivessem pensando: por que esse pessoal viaja de tão longe e pagam para ver um monte de areia? Enfim, não cabe a mim questionar um ponto de vista ou outro.

Encontro do rio com o mar
Encontro do rio com o mar

A primeira parada foi no encontro do Rio Preguiças com o mar, na Praia de Atins. Ficamos na frente da Cabana Restaurante Nativo Kite School, onde aproveitamos para comprar mais uma água, ir ao banheiro (uma estrutura bem simples e sem papel higiênico, então recomendo sempre levar) e experimentar a água do rio. Seguindo as recomendações do nosso guia, não entramos muito para o fundo, pois a correnteza pode ser traiçoeiras e já causou afogamentos. A parada de cerca de meia hora serviu para tirar fotos e relaxar um pouco.

Depois de percorrer Atins, uma vila de pescadores que parece ter uma razoável estrutura de pousadas e restaurantes simples, pegamos a trilha que leva ao Canto dos Lençóis, antigamente chamado de Canto de Atins. Nosso motorista parou para a gente pegar cajuí, a fruta nativa da região que é um caju menor e menos doce, mas igualmente saboroso. Era final de setembro, época em que eles estão bem maduros e já caindo do pé, bem suculentos e pedindo para serem comidos.

Cajuí colhido direto do pé
Cajuí colhido direto do pé

Seguimos viagem entre as dunas até um restaurante famoso pelo seu camarão grelhado. A parada é rápida e serve para encomendar o almoço. Demos o nome e o prato escolhido, que eles já vão preparando enquanto continuamos o passeio. O garçom combina com o guia o horário que vamos voltar para comer e o pagamento é feito depois. Aliás, devo ressaltar que o nosso almoço foi só lá para as 13h30 da tarde. Como saímos muito cedo da pousada, é recomendado levar um lanchinho para forrar o estômago. Também é importante levar água, de preferência em uma sacola que seja fácil de identificar, pois são colocadas junto das bebidas dos outros passageiros em um isopor disponibilizado pela agência, que fica no fundo do veículo.

Praia de Atins
Praia no Canto dos Lençóis

Feito o pedido do almoço, seguimos para a praia no Canto dos Lençóis  que, tirando os turistas que visitam a região, estava deserta. Ali não há nenhuma estrutura de barraca, banheiro, local para comprar bebidas e comidas. Apenas a natureza em seu esplendor. A temperatura da água é extremamente agradável – preferimos ficar a maior parte do tempo nas piscinas naturais que se formaram antes do começo do mar, pois não havia ondas. Ficamos lá por cerca de meia hora. A vontade, sinceramente, era não sair mais.

Caminhada pela duna de areia até a lagoa
Caminhada pela duna de areia até a lagoa

Pegamos novamente o carro e seguimos até o local permitido pela ICMBio. A partir dali, fizemos uma caminhada de uns dez minutinhos pelas dunas até a Lagoa da Capivara, que foi a mais cheia que vimos na região. Algumas pessoas reclamaram um pouco do esforço, pois não é fácil mesmo andar na areia fofa. Mas eu achei muito tranquilo. Venta tanto no local que dá para andar descalço sem o menor problema – aliás, é impossível andar de chinelo porque os pés afundam bastante.

Lagoa da Capivara
Lagoa da Capivara

A lagoa de água doce estava com uma temperatura um pouco mais fria do que as piscinas naturais junto ao mar, mas depois que entrei não queria sair por mais nada. A maior parte dos 45 minutos que ficamos por lá eu continuei dentro da água, onde nadavam uns peixinhos pequenos que, de vez em quando, se abusavam de mordiscar nossos pés, sem dano maiores do que um pequeno susto. Tem gente que acha mesmo terapêutico. Essa foi a única lagoa dos Lençóis Maranhenses que entramos que tinha peixes.

Banho na Lagoa da Capivara
Banho na Lagoa da Capivara

Depois de já estar com as mãos enrugadas de ficar na água, o guia anunciou que era hora de partir. Eu teria ficado extremamente chateado, não fosse a fome que sentia no momento.

Restaurante Canto dos Lençóis
Restaurante Canto dos Lençóis

Da lagoa tivemos que voltar caminhando até o local onde havíamos deixado o carro e o percurso total de volta até o Restaurante e Pousada Canto dos Lençóis (Restaurante do S. Antonio) levou cerca de meia hora. Havia poucas pessoas por lá nesse momento, já que a maioria havia chegado um pouco mais tarde na lagoa. Havia muitas mesas disponíveis, então foi bem tranquilo e fomos atendidos prontamente. Pedimos uma caipirinha de caju que, embora estivesse gostosa, não deixará muitas lembranças. O prato, no entanto, tem razão de ser tão famoso: estava bastante saboroso!

Camarão grelhado
Camarão grelhado

Pedimos o Camarão grelhado, que vem acompanhado de feijão, arroz, salada de tomate e farofa. O prato é para duas pessoas, mas, na minha opinião, serve tranquilamente três. Fizemos uma forcinha e comemos todos os camarões, que estavam muito suculentos e bem temperados. Trata-se de uma receita de família, com aqueles segredos que não serão revelados. A refeição não está inclusa no preço do pacote, então pagamos a conta com cartão de crédito – a máquina estava funcionando bem, mas acho que o ideal é levar também dinheiro, para o caso de não haver conexão. Afinal de contas, estamos literalmente no meio do nada ali.

Descanso nas redes depois do almoço
Descanso nas redes depois do almoço

Depois de comer bastante, tudo o que a gente queria era deitar numa rede e descansar um pouco. E foi isso que fizemos. O tour inclui esse período de repouso – cerca de meia hora. É o suficiente para a comida assentar, pois o caminho de volta é feito sem paradas e cheio de saculejos. Ninguém passou mal, mas estavam todos já cansados e pouco se falou durante o trajeto. O calor, o fato de termos acordado cedo e esse período depois do almoço deixou todo mundo sonolento. Além do mais, é o mesmo caminho da ida, então ninguém está mais preocupado em tirar fotos ou prestar muita atenção à paisagem, já sem ineditismo.

A volta demora cerca de 1h30. Como não há paradas e já estávamos cansados, senti um pouco de incômodo com o fato de ter que ficar sempre na mesma posição, o traseiro já maltratado, apesar do banco ser acolchoado. Felizmente, fomos os primeiros a ser deixados, já que a nossa pousada fica antes do Rio Preguiça, onde se forma uma fila de carros para atravessar as águas na balsa – uma das grandes vantagens de ficar na Pousada Sossego do Cantinho.

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