Embora seja muito gostoso curtir a praia local e existam alguns atrativos que possam ser alcançados com uma caminhada, os passeios mais famosos de Jericoacoara ficam distantes e têm acesso dificultado por precisar passar pelas enormes dunas do parque e, principalmente na época das chuvas, por áreas molhadas. Isso exige um veículo grande e/ou com tração 4×4, conhecimento da região e experiência de dirigir em tais condições para não ficar atolado. Por isso, o melhor é contratar um guia para o passeio pelo litoral leste.
Existem muitas alternativas de transporte, variando em quantidade de pessoas, conforto, nível de aventura e, claro, preços. Para quem está viajando sozinho ou quer economizar, a opção mais barata é o tour compartilhado, tendo como companhia pessoas desconhecidas. Para grupos maiores, vale a pena ir com até dez pessoas na jardineira. Entre os privados para menos gente, tem o de até duas pessoas no quadriciclo ou de duas a quatro pessoas no UTV, ideias para quem gosta de mais emoção e quer ir dirigindo.

Como estávamos em três pessoas, escolhemos o tour privado de buggy. O veículo comporta até quatro passageiros além do motorista. Não é exatamente a opção mais confortável, pois quem fica na parte de trás precisa se segurar bem, além de tomar muito sol, mas cumpriu seu objetivo e recomendo. Importante usar roupas adequadas, como camisa com proteção UV e chapéu, além de passar e repassar o protetor solar.

Geralmente, os guias levam primeiro para a Trilha da Pedra Furada. Basicamente, vão te pegar no hotel e deixar no início da trilha, que fica pertinho do centro. A partir dali, você pode caminhar por quase dois quilômetros ou contratar uma charrete à parte, que eu não queria usar porque morro de dó dos bichos.

Em sua maior parte, o trajeto é tranquilo, mas não tem sombra. Os últimos 150 metros precisam ser percorridos a pé, mesmo por quem pegou a charrete, já que tem um barranco mais inclinado e com muitas rochas. Por fim, será necessário enfrentar uma fila para tirar fotos e fazer todo o caminho de volta. Eu estava hospedado na vila e preferi fazer isso por conta própria em um outro dia para não perder tempo do passeio.

Com isso, eu parti direto para os atrativos que ficam mais distantes, começando por percorrer alguns quilômetros pelo Parque Nacional de Jericoacoara, criado em 2002 a partir de uma área de proteção ambiental anterior. Com uma área de 8.850 hectares (88,6 km²), essa unidade de conversação conta com campo de dunas, lagoas temporárias, serrotes, manguezais e extenso litoral.

O primeiro destino era a árvore da preguiça, que recebeu esse nome por estar confortavelmente deitada, certamente pela ação dos fortes ventos que são característicos da região. Ela também chama a atenção por não ter muita vegetação próxima, ainda mais nessa proporção de tamanho.

Embora tenhamos ido cedo, já tinha uma considerável fila para tirar foto., com alguns carros parados próximos. Como cada pessoa faz várias poses, acaba demorando e eu não tenho tanta paciência para esperar. Por isso dei a volta na árvore, registrei o momento de lado mesmo e me dei por satisfeito.

A próxima parada foi na Praia do Preá, vila de pescadores com boa estrutura urbana e que serve como porta de entrada para passeios no parque. O local tem se desenvolvido bastante nos últimos anos, servindo como uma alternativa de hospedagem para quem visita a região, já que é possível ir e vir com carro de passeio. Vale a pena passar lá com mais calma para comer e curtir a praia, muito procurada pelos praticantes de kitesurf e windsurf, tanto profissionais como amadores.

Tanto essa praia quanto alguns dos outros atrativos visitados a seguir fazem parte do município de Cruz, onde também fica o aeroporto que atende a região. Uma das paradas opcionais do passeio é o Lagun Beach Club, cuja entrada é cobrada. Ali foi construída uma lagoa artificial de água absurdamente azul que faz muito sucesso nas redes sociais.

Eu achei o espaço bastante agradável, pois tem tudo o que se precisa para passar o dia, com restaurante, guarda-sóis, espreguiçadeiras confortáveis e opções de lazer, como descer de tirolesa. Fiquei por lá por cerca de uma hora e meia e foi o suficiente para conhecer, tirar fotos e nadar. Dependendo de seu gosto pessoal e disponibilidade, pode ser interessante voltar ao local por conta própria para ficar mais tempo. Informações na página oficial.

Mas o primeiro empreendimento do tipo na região foi o Buraco Azul Caiçara, que teve um surgimento inusitado. Há alguns anos atrás, uma escavação foi feita no local para retirada de barro e areia usados na construção de uma rodovia na região. Depois de fortes chuvas, o vão se encheu de água, formando um lago e começou a atrair visitantes. Logo começaram a cobrar entrada e realizar melhorias, incluindo a construção de áreas VIPs.

Mais uma vez, fiquei por lá cerca de uma hora e meia tirando fotos, nadando e comendo uma porção de isca de peixe. Fiquei curioso e fui pesquisar porque a lagoa tem tonalidade azul-turquesa intensa. Basicamente, isso se deve à composição do solo, rico em calcário, e as cores são reforçadas pelo o brilho do sol e o reflexo do céu. A maioria das pessoas fica na parte rasa ou nas plataformas de madeira, pois a profundidade chega a até dez metros em alguns pontos, então é bom tomar cuidado.

Como é muito para conhecer em apenas um dia, eu não quis fazer uma parada longa na Lagoa Azul, já que seria necessário deixar o carro no local e atravessar de barco até as barracas e achei que ficaria repetitivo. Passamos por lá apenas para dar uma olhada e seguimos em direção a outro dos pontos mais famosos dessa área.

As paradas na Lagoa do Paraíso já ficam no município de Jijoca de Jericoacoara. Não confundir com a vila onde a maioria dos turistas ficam hospedados, que está separada da cidade pelas dunas do parque e se encontra a quinze quilômetros de distância. Esse local tem areia fina e águas calmas e transparentes, ideais para relaxar. As redes de balanço se tornaram um ícone do local, mas ali também são praticados esportes aquáticos como kitesurfe e windsurf, favorecidos pelos ventos fortes. Também vi pessoas fazendo canoagem, stand up paddle e passeio de veleiro.

O ponto de parada mais famoso é o The Alchymist Beach Club, que tem uma estrutura luxuosa de restaurante, barracas, áreas reservadas, redes e espreguiçadeiras, mas preços acima da média e cobrança de entrada. Eu pedi a sugestão de uma alternativa para o guia e ele nos levou ao Restaurante Água Viva, bem mais simples e barato. Há diversas outras opções ao longo da orla, mas elas não ficam necessariamente próximas umas das outras, então não recomendo descer em um ponto para explorar a pé e escolher onde ficar. O ideal é pesquisar antes e decidir o que mais se adequa às suas necessidades.

Essa parada durou mais duas horas e aproveitamos para fazer uma refeição mais robusta, basicamente o almoço um pouco tardio. Escolhemos um prato para duas pessoas, mas que serviu muito bem a três. Fomos de carne de sol na manteiga, que vem acompanhada de salada, arroz, macaxeira e feijão tropeiro, que pedimos para trocar pelo baião de dois. Como o passeio pelo litoral leste dura o dia inteiro, também recomendo levar bastante água e alguns lanches para não ter que gastar tanto.

Dali já começamos a fazer o caminho de volta para a Vila de Jericoacoara, passando por outra parte do parque. Antes de dar o passeio por encerrado, ainda fomos na Lagoa do Amâncio. Como é formada pelas águas da chuva, ela atinge seu ponto máximo no meio do ano. Eu fiz esse passeio no meio do segundo semestre e ela já estava quase sumindo, o que pode decepcionar muito os visitantes desavisados.

O trajeto de retorno é feito pelo campo de dunas, já no fim do dia. Essa é outra questão que deve ser combinada antecipadamente com o guia, já que é possível ver o pôr-do-sol junto da lagoa ou ser deixado na Duna do Pôr-do-Sol. Eu estava cansado depois de um dia inteiro passeando, então preferi voltar mesmo para o hotel para tomar um banho e deitar um pouco, antes de sair e procurar um local para jantar.

O melhor de fechar um grupo só com as pessoas que estão com você é ter maior liberdade na definição do roteiro e de quanto tempo ficar em cada lugar. Eu mesmo passei muito rapidamente por alguns dos atrativos e fiz paradas maiores naqueles que mais me interessavam. A ordem de visitação dos atrativos também pode ser invertida, como é o caso do passeio que inclui a Praia de Barrinha, uma vila de pescadores que foi engolida pelas dunas. Outra possibilidade é contratar um transfer e passar o dia em um dos beach clubs.
No mapa interativo acima eu marquei esses e outros atrativos que eu visitei na região. É possível aproximar para ver mais detalhes, bem como afastar para visualizar os pontos mais distantes, como os desse passeio pelo litoral leste.