Conhecida como a capital mundial da música ao vivo, Austin fica situada na Hill Country (terra das colinas), na região central do Texas. A cidade se destaca por ser a sede do governo do estado, possuir uma população formada, em grande parte, por universitários e funcionários administrativos e por ser um dos melhores lugares para morar nos Estados Unidos. Entre os atrativos da região central, é possível encontrar opções para todos os gostos.

O primeiro passo para aproveitar bem a estadia é escolher uma boa hospedagem. Eu fiquei em no Stay Alfred at MUSE, um apartamento completo com cozinha toda equipada, o que me permitia economizar bastante fazendo o café da manhã e o jantar em casa. Além disso, contava com o conforto de ter um local espaçoso e a estrutura do condomínio. Dali eu fiz todos os passeios a pé.

O atrativo que fica mais próximo é o Butler Metro Park. Embora fosse inverno, o céu estava completamente limpo e o clima agradável, ideal para uma caminhada nesse que foi um dos primeiros parques da cidade e hoje reúne diversas opções para a pratica de esportes, realização de eventos culturais, passeios em meio à natureza. Ali encontra-se o Long Center for Performing Arts, um dos principais palcos da cidade para a realização de eventos culturais diversos como performances musicais, apresentações teatrais, exibições de filmes, festivais e outros. Outros destaques são um campo de golfe, uma fonte de água interativa e a vista proporcionada pelo Doug Sahm Hill Summit.

Também fui andando até o Barton Creek. É nesse riacho que fica o Barton Springs Pool, uma piscina muito procurada pelos moradores e visitantes para se refrescar do calor nos meses mais quentes. Outra opção é alugar um caiaque, canoa ou stand up paddle e explorar a região pelas águas. Você pode pagar por hora ou pelo dia inteiro, dependendo do quão distante pretende ir.

Outra área verde que fica ali é o Zilker Metropolitan Park, que possui uma área de 1,5km2 e conta com diversos atrativos como trilhas, mesas de piquenique, espaços para a prática de esportes, jardim botânico, palco para apresentações culturais e outros. Muitas pessoas aproveitaram o dia para jogar vôlei nas quadras de areia e passear e brincar com seus cachorros. Mas o parque também abriga opções culturais como o Zilker Hillside Theater, que é palco de apresentações musicais e teatrais, incluindo espetáculos da Broadway; o Austin Nature and Science Center, que possui exibições interativas sobre a natureza; e o Umlauf Sculpture Garden & Museum, com uma bela coleção de esculturas distribuídas nos jardins e no museu que mudam constantemente de lugar.

O Lou Neff Point tem alguns bancos para descansar e apreciar a bela vista da cidade. Ele fica às margens do Lady Bird Lake, formado pelo represamento do Colorado River para controlar o nível da água e evitar enchentes na cidade. Além dos esportes aquáticos, também é possível fazer a pesca de robalos, carpas e peixe-sol. O que não está permitido é nadar, não porque as águas sejam sujas, mas devido ao risco de afogamento e a presença de detritos de pontes e represas destruídas em inundações nos anos anteriores.

Outro local que visitei foi o Zilker Botanical Garden, que possui diversos jardins temáticos que vão desde um jardim japonês até a reprodução do habitat de animais pré-históricos, com lagos, quedas d’água, áreas planas e acidentadas, gramados, rochas e por aí vai. Esse e outros atrativos pagos do parque, como o uso da piscina, o aluguel de equipamentos para esportes aquáticos e o passeio de trenzinho são pagos somente em dinheiro.

Por esses parques passa a Ann and Roy Butler Hike and Bike Trail, que possui cerca de 16 km de pistas de caminhada e ciclismo passando nas margens do lago, percorrendo parques, prédios e diferentes bairros. O projeto foi idealizado na década de 1970 e vem passando por melhorias até os dias atuais. Eu vi muitas pessoas aproveitando a estrutura para praticar exercícios físicos, mas também turistas aproveitando para conhecer a região. A trilha me levou de volta para perto do hotel.

Outro dia eu fiz o passeio no centro da cidade em si. Saindo do Stay Alfred at MUSE, caminhei na direção norte até fazer a travessia das águas pela Congress Avenue Bridge. Além de ligar as duas margens, a estrutura serve como principal ponto de observação para o voo de milhares de morcegos. Infelizmente, eu não cheguei a ver esse espetáculo por causa da época em que visitei a cidade, já que eles aparecem em grandes quantidades somente nos meses mais quentes de primavera e verão.

Quando a estrutura foi construída, em 1980, os engenheiros não tinham ideia de que fendas na parte inferior funcionariam como uma caverna ideal para os morcegos. Logo eles começaram a aparecer e a população da cidade chegou a pedir que a colônia fosse erradicada, ignorando o fato de que se tratam de animais pacíficos e que ajudam a acabar com insetos e pragas. Atualmente, são mais de 1.5 milhões de morcegos no local, o maior grupo de toda a América do Norte, e a debandada do fim da tarde se tornou um grande atrativo turístico.

Seguindo pela Congress Avenue, a mais importante dessa região, você certamente vai passar em frente ao Cooper’s Old Time Pit Bar-B-Que, que fica no número 217. Ali eu fui comer um típico churrasco texano. O termo pit barbecue faz referência à técnica de preparar carnes e vegetais enterrados, mas, no caso do sul dos Estados Unidos, é usada uma churrasqueira fechada com a carne cozinhando lentamente por muito tempo e usando várias madeiras para dar um sabor defumado. Com isso, o tecido conjuntivo é amolecido, resultando em maior maciez. Também é uma das características do East Texas Style o uso de um molho com base de tomate. Eu achei maravilhoso!

Para quem gosta de cultura, ali pertinho fica o Mexic-Arte Museum, dedicado à valorização, preservação e disseminação da arte tradicional e contemporânea do México e dos países latino-americanos. Fundado em 1984, o museu mudou de endereço depois de alguns anos e agora se encontra no 419 Congress Avenue. O espaço recebe dezenas de milhares de pessoas todos os anos e realiza exposições temporárias temáticas. As informações sobre preços, dias e horários de funcionamento podem ser acessadas na página oficial. Na parede lateral, um mural traz parte da letra da música Gracias a la vida, da chilena Violeta Parra.

Outra via cheia de atrativos é a Sixth Avenue, com muitos prédios históricos e opções de entretenimento. Antigamente, ela era chamada Pecan Street, seguindo o padrão de Austin em que as ruas de leste a oeste recebiam nomes de árvores e as de norte a sul eram rios do Texas. O trecho de nove quadras entre a Lavaca Street e a Interstate 35 é conhecida como Sixth Street Historic District desde 1975. Desenvolvida com centro comercial no final do século XIX, a área tem a maioria dos prédios de dois ou três andares em estilo vitoriano.

Eu passei lá durante o dia, mas acabei voltando para conferir o agito da noite, que é quando o espaço realmente ganha vida. São vários bares, boates, teatros, palcos para shows e outros atrativos. Eu acabei não entrando em nenhum deles, já que estava cansado depois de passear durante todo o dia, mas pude ver alguns trechos de stand up comedy pelas vitrines. O calendário das atrações e outras informações podem ser acessadas na página oficial. Nos finais de semana, feriados e outros eventos locais, as suas são fechadas para o trânsito de carros, o que torna a caminhada bem mais agradável. Inclusive, cabe aqui um aviso para os turistas que optarem por alugar carros e estacionar no local: vi alguns veículos sendo multados e retirados da via.

Um dos lugares famosos dessa rua e que eu dei uma conferida foi o Voodoo Doughnut, onde são preparados e vendidos donuts com visuais e sabores inusitados. Eu não sou o maior fã da iguaria, que acho extremamente doce, mas confesso que gostei dos que comi lá. Também achei o visual do restaurante fantástico, já que mistura elementos antigos com cores e obras de arte chamativas e modernas. A unidade de Austin fica no endereço 212 E 6th Street e está aberta 24h, todos os dias da semana.

Voltando para o número 700 da Congress Avenue, é possível identificar facilmente a fachada do The Contemporary que, como o próprio nome diz, é voltado para exibições permanentes e temporárias de obras de arte contemporâneas, mas também é um centro de educação. Além dessa unidade no centro da cidade, conhecida como Jones Center, o museu também tem uma estrutura mais distante chamada Laguna Gloria, que possui uma grande área de exposição junto à natureza. Detalhes sobre ambas as unidades, incluindo seus acervos e como planejar a visita, podem ser acessados na página oficial.

Já para quem curte a arquitetura clássica e o turismo religioso, vale a pena seguir até a 203 E 10th Street para conhecer a Saint Mary Cathedral, cuja estrutura atual foi construída a partir de 1872 em estilo vitoriano, elementos arquitetônicos góticos e vitrais em mosaicos medievais. Destaca-se o belo trabalho com a madeira nas estruturas, móveis e outros detalhes criados com formas orgânicas para lembrar os espaços naturais em que os homens encontram o divino, com colunas que parecem árvores e capitéis esculpidos em folhagem. Já os arcos pontiagudos nas portas e janelas, bem como os pináculos, evocam montanhas. A entrada é gratuita.

Também de graça, é possível visitar o principal ponto turístico da cidade, que é o complexo da sede do governo do estado. Eu comecei indo no Texas Capitol Visitors Center, achando que ali teria acesso apenas a informações turísticas. Acabei descobrindo um prédio histórico bastante relevante para a cidade, cheio de informações sobre a arquitetura e com exposições bem interessantes sobre Austin e o estado do Texas. Vale muito a pena visitar – mas peguei também os folhetos das atrações turísticas que eu queria, incluindo um mapa para fazer a visita guiada por conta própria na área verde em torno do edifício.

Os jardins do Capitol Grounds também são repletos de atrativos como estátuas, fontes e monumentos. Sua história teve início em 1888, quando foi contratado um engenheiro para desenvolver um projeto de melhorias no entorno, que havia sofrido danos com o tempo e a construção do novo prédio. William Munro Johnson fez um desenho que destacava a fachada de granito vermelho do Texas Capitol, caminhos curvos para a passagem de carruagens e uma passarela com piso em formato de diamante à sombra de grandes árvores. Depois de dar uma volta completa no local, foi a hora de entrar no atrativo principal.

O Texas Capitol pode ser visitado gratuitamente com visitas guiadas, com duração de pouco mais de meia hora, ou por conta própria. Eu achei que as duas opções se complementam, já que com um guia você tem informações mais detalhadas sobre os espaços mais importantes e as obras de arte, enquanto sozinho tem mais tempo e liberdade para explorar e tirar fotos. Logo na entrada, chama bastante a atenção a grandiosidade da rotunda e do domo.

Além dos atrativos arquitetônicos, também é interessante ver os detalhes do mobiliário e recursos tecnológicos presentes nas salas onde trabalham os senadores e deputados que discutem e definem as leis do Texas. Outro atrativo da visita foram a exposição de obras de arte modernas e poder ver o espaço pelos mais diversos ângulos. As informações sobre os dias e horários de funcionamento, bem como as datas de eventos especiais, podem ser acessadas na página oficial.

Entre os museus da cidade, o mais importante é o Bullock Museum, que fica no número 1800 da Congress Avenue. Aberto em 2001 como o espaço oficial para exposições sobre a história do Texas, o espaço já recebeu milhões de visitantes. As exposições permanentes e temporárias incluem artefatos históricos antigos e atuais, apresentações multimídia com filmes e relatos pessoais e diversos outros recursos. Para saber os preços, dias e horários de funcionamento, basta entrar na página oficial.

Saindo de lá, você já dá de cara no Blanton Museum of Art, que fica no 200 E Martin Luther King Jr Blvd, já dentro da área da universidade. Abrigando a principal coleção de arte da cidade, com quase 20.000 itens em seu acervo, esse museu tem exposições de obras que inclui vasos cerâmicos da Grécia Antiga, passa por movimentos modernistas com quadros abstratos e expressionistas, por exemplo, e chega até a contemporaneidade. Além da coleção permanente, também são promovidas mostras temporárias regulares ao longo do ano. Para conferir a programação, os preços, dias e horários de funcionamento, bem como outras informações, acesse a página oficial. O campus também abriga outros museus e galerias como o Harry Ransom Center, o Cactus Cafe, o Texas Memorial Museum, o Visual Arts Center, a LBJ Presidential Library and Museum e o Dolph Briscoe Center for American History.

A University of Texas também tem como atrativos alguns prédios históricos, sendo que o mais importante é o main building, de onde se destaca a UT Tower, concluída em 1937 com pouco mais de 90 metros de altura. Foi do observatório no topo dessa estrutura que um ex-estudante da universidade fez disparos com uma espingarda de caça e outras armas em 1966, matando 14 pessoas e ferindo mais de 30. O incidente é retratado no documentário Torre, lançado em 2016. Ela também ficou fechada, anos depois, após uma série de suicídios. Atualmente, é possível fazer ali um tour guiado. O campus também concentra diversas estruturas voltadas para o esporte.

A universidade fez com que se desenvolvesse o comércio na Guadalupe Street, principalmente na área conhecida como The Drag, onde estão alguns dos mais famosos grafites da cidade. O Austintatious foi o responsável por iniciar a popularização da arte, em 1974, quando a região era muito frequentada por hippies e pelos estudantes. Foram justamente três alunos de arte que tiveram a ideia de pintar um mural na parede lateral da University Co-op, na 23rd Street. Kerry Awn, Tom Bauman e Rick Turner retrataram vários prédios e elementos, colocando como figura central Stephen F. Austin, o fundador, com uma coroa pairando sobre a cabeça e segurando dois tatus.
Esse e outros murais que eu vi e gostei, bem como todos os pontos turísticos que citei nessa e em outras postagens sobre a minha estadia em Austin, estão marcados no mapa interativo acima. Obviamente que são necessários alguns dias para visitar tudo e ainda há outros diversos atrativos na cidade que não tive tempo de conhecer, mas já dá para ter uma boa ideia.