Há cerca de 140 anos, essa universidade abriu as suas portas em Austin com apenas um prédio incompleto, oito professores e 221 alunos. Hoje, a University of Texas está entre as mais importantes do mundo, com dezenas de milhares de estudantes. Além de ser um centro de ensino, o local também tem interessantes atrações turísticas em seu vasto campus. Obviamente que eu não percorri todas as ruas, mas pude ter uma boa noção do que o espaço reserva aos visitantes.

Como eu estava vindo da visita ao Texas Capitol pela Congress Avenue, logo após passar em frente ao grandioso Bullock Museum, dei de cara com o Blanton Museum of Art, já dentro da área da universidade. Abrigando a principal coleção de arte da cidade, com quase 20.000 itens em seu acervo, esse museu tem exposições de obras que inclui vasos cerâmicos da Grécia Antiga, passa por movimentos modernistas com quadros abstratos e expressionistas, por exemplo, e chega até a contemporaneidade. Além da coleção permanente, também são promovidas mostras temporárias regulares ao longo do ano. Para conferir a programação, os preços, dias e horários de funcionamento, bem como outras informações, acesse a página oficial.

A uma quadra dali fica a University Avenue, que é a via principal de acesso. Quando eu fiz esse passeio, no inverno, os jardins do canteiro central não estavam tão bonitos. Ainda assim, foi possível ver as estrelas formadas nas rotatórias e fazer uma caminhada agradável. Nessa área, estão concentrados alguns edifícios religiosos, sendo que o que mais chama a atenção é a University Christian Church, cuja torre pode ser vista no canto direito da foto acima.

A avenida é logo interrompida pela Littlefield Fountain. A extensa fonte tem como ponto principal uma escultura em bronze que remete à proa de um navio. Trata-se de um memorial da Primeira Guerra Mundial que mostra a personificação de Columbia (espírito da independência) segurando tochas de fogo (as chamas da liberdade) e sendo protegida por duas figuras militares (o exército, à esquerda, e a marinha, à direita). Na sua frente, aparecem três cavalos-marinhos, dois deles montados por homens. Além da obra, instalada em 1932, a fonte também é uma atração devido à tradição dos formandos de entrar nas águas para comemorar a conclusão dos estudos.

Ali perto também fica o Harry Ransom Center, um espaço destinado a fornecer uma visão única do processo criativo de escritores e artistas através de exposições permanentes, entre as quais se destaca um dos poucos exemplares da Bíblia de Gutenberg no mundo, e exibições temporárias. O centro de pesquisa possui um acervo com mais de um milhão de obras, manuscritos, pinturas, fotografias, livros, filmes e outros. Já o Cactus Cafe é um espaço destinado a apresentações musicais intimistas e acústicas que vão desde artistas locais até atrações internacionais.

Voltando para perto da fonte, a South Mall conta com amplos gramado e praça onde se destaca o Main Building projetado pelo arquiteto francês, Paul Cret, em estilo gótico vitoriano. Atualmente, o prédio é usado, principalmente, por escritórios administrativos, embora também contenha acervos de livros e plantas. O que mais chama a atenção no edifício é a torre, que recebe uma iluminação especial durante a noite. Foi do alto dessa estrutura que um estudante da universidade fez disparos com uma espingarda de caça e outras armas em 1966, matando 14 pessoas e ferindo mais de 30. O incidente é retratado no documentário Torre, lançado em 2016. Ela também ficou fechada, anos depois, após uma série de suicídios.

A UT Tower foi concluída em 1937 com pouco mais de 90 metros de altura e é o ponto mais famoso da universidade. Ali funcionava a biblioteca. Os alunos, professores e visitantes pesquisavam o catálogo em fichas e solicitavam os livros na recepção. Os pedidos eram encaminhados ao bibliotecário, que usava patins para percorrer os corredores e andares em busca das obras. Uma vez encontradas, elas eram enviadas para o andar de baixo por um elevador. Com o aumento da demanda, a espera por um único livro passou a se estender por mais de meia hora, o que levou à transferência do serviço para outras estruturas. As informações para visitas guiadas na torre podem ser obtidas na página oficial.

Atrás desse prédio é possível ver a estátua em homenagem a Barbara Jordan, uma advogada, educadora e política que liderou o movimento pelos direitos civis da região na luta pelo fim da segregação racial. Entre seus êxitos estão o fato de ter sido a primeira negra e mulher a ser eleita como deputada e senadora no estado.

Ali também fica a Littlefield Home, uma casa em estilo vitoriano construída em 1894. A bela propriedade serviu de residência para George W. Littlefield, que veio para o Texas com sua família em 1850 e serviu na Guerra Civil, alcançando o cargo de major. Após os conflitos, seguiu a vida como criador de gado e adquiriu terras, posteriormente se tornando banqueiro. Como reitor da Universidade do Texas, contribuiu com fundos próprios para a construção de prédios, financiou bolsas de estudos e adquiriu novos itens para as bibliotecas.

Outra construção histórica que chama a atenção é a All Saints Chapel, datada de 1899. Erguida em estilo neogótico com calcário branco e finalizada com um teto de ardósia escura, a estrutura possui formato de cruz e vitrais produzidos pelo famoso Willet Stained Glass Studios of Philadelphia em mosaicos medievais, sendo reconhecida como um dos mais belos exemplos da arte americana. A capela é dedicada à memória do reitor e reverendo Alexander Gregg, primeiro bispo episcopal do Texas.

Andando sem rumo, volta e meia eu achava algum ponto interessante, como esse pequeno lago com tartarugas tomando banho de sol. Para quem busca por opções culturais, vale a pena visitar o Texas Memorial Museum, voltado para as ciências naturais, o Visual Arts Center, com exibições e espaços de pesquisa, a LBJ Presidential Library and Museum, com foco na carreira política do ex-presidente americano Lyndon Baine Johnson, e o Dolph Briscoe Center for American History, todos concentrados na mesma área.

Já voltado para o esporte, o Stark Center é dedicado ao estudo do corpo e dos exercícios físicos. O museu dentro do Texas Memorial Stadium e por ali também estão o Myers Stadium, o Gregory Gymnasium e o Frank Erwin Center, englobando campos de futebol americano, futebol, corrida, esportes aquáticos, basquete e outros. Não cheguei a visitar o interior de nenhum deles, mas estavam acontecendo jogos quando eu passei por lá e havia uma grande movimentação nas ruas.

Como se pode perceber, a University of Texas possui atrativos suficientes para preencher mais de um dia de visita. Eu acabei não tendo tempo de visitar tudo, mesmo porque isso tornaria o passeio um tanto cansativo pela quantidade de informações, mas aproveitei para andar sem rumo pelas ruas do campus e aproveitar o belo dia que fazia em Austin.