Das capitais de todos os estados americanos, Austin é a que fica mais ao sul, na região central do Texas e circundada pelas cidades de Houston (230 km), Dallas (290 km) e San Antonio (120 km). Localizada na falha de Balcones, a metrópole tem pouca variação no terreno, que vai de 130 a 305 metros acima do nível do mar. A parte mais plana da cidade, na área ocidental, é composta por argila e barro, enquanto os subúrbios da parte ocidental consistem em colinas formadas por rochas calcárias, que possuem baixa absorção e fazem com que a água das tempestades não seja escoada e cause inundações repentinas.

Para ajudar a controlar o problema e também gerar energia hidrelétrica, foram criadas várias barragens que formam lagos artificiais. Austin se desenvolveu às margens do Colorado River e possui três deles: Lady Bird Lake, antes conhecido como Town Lake; Lake Austin, assim como o anterior, criado pelo represamento das águas do rio; e Lake Walter E. Long, parcialmente usado para o resfriamento de uma estação de geração de energia. Além disso, as águas são usadas para passeios de barco, pescaria e outras formas de recreação.

Até poucos anos atrás, a cidade era marcada por prédios baixos, sendo o horizonte dominado pelo Texas Capitol e pela alta torre da universidade. Atualmente, já há vários arranha-céus na região central com escritórios, hotéis ou residências. O interessante é que eles ficam espalhados, em parte devido a um conjunto de restrições de zoneamento que buscam preservar a vista da sede do governo de diversos pontos. De fato, quando eu estava atravessando a Congress Avenue Bridge, já conseguia ver o edifício a cerca de 1,5 km de distância, como pode se observado na foto acima.

A estimativa atual é que a população esteja próxima de 1 milhão de habitantes, sendo a grande maioria de brancos, mas também com uma expressiva presença de hispânicos ou latinos, além da presença de negros, asiáticos e outros. Cerca de metade deles se declara religiosos, em grande parte cristãos católicos, o que pode ser facilmente explicado pelo histórico domínio espanhol na época da colonização. Atualmente, Austin é considerada um grande centro tecnológico, com milhares de estudantes das áreas de engenharia e ciências da computação se formando todos os anos na University of Texas.

A grande presença da comunidade universitária teve grande influência na cultura local, excêntrica e diversificada. Conhecida como a capital da música ao vivo no mundo, a cidade também se destaca pela culinária com o típico churrasco texano, que eu pude experimentar no Cooper’s Old Time Pit Bar-B-Que, por festivais de cinema, espetáculos teatrais e diversos museus de história e arte. O que mais chama a atenção dos visitantes, entretanto, são os grafites presentes em toda parte com mensagens positivas, imagens inusitadas, posicionamentos políticos e sociais.

Obviamente que, para conhecer tudo isso, é interessante estar atento ao clima, que pode ser bastante extremo. Quando pensamos nessa região dos Estados Unidos, vem à cabeça uma imagem de seca, talvez por ter sido essa faceta tanto explorada nos filmes de faroeste. De fato, a cidade tem algumas características de deserto, mas encontra-se na interseção de um ecossistema mais úmido e verde, apresentando grande diversidade ecológica e biológica. Um bom local para ter contato com essa natureza exuberante é no Zilker Botanical Garden, que conta variadas áreas temáticas.

Austin tem um clima úmido subtropical caracterizado por longos e quentes verões, sendo que as temperaturas médias ultrapassam facilmente os 32°C em cerca de um terço do ano, enquanto o inverno é curto e moderado, muito raramente acontecendo de cair neve. As chuvas são bem distribuídas ao longo do ano, mas existe uma tendência de aumentar na primavera e no outono – a tabela acima apresenta os dados de 2018 – 2019. Com relação à duração do dia, a variação não é tão grande a ponto de ser determinante na decisão de quando viajar.

Eu confesso que não gosto de muito calor excessivo, que me deixa com dor de cabeça e sem disposição, principalmente para o turismo, quando ando bastante pelas ruas o dia inteiro. Se eu pudesse escolher, teria ido em novembro ou março, com temperaturas intermediárias e menos precipitações. Mas gostei de ter visitado a cidade no inverno. Apesar de estar friozinho, peguei dias de céu aberto ideais para uma caminhada nos parques, ainda que a natureza não estivesse tão exuberante.

Vi muitas pessoas praticando esportes como caiaque e canoagem saindo do Barton Creek, bem como caminhada, corrida e ciclismo nas pistas do Ann and Roy Butler Hike and Bike Trail, o que eu acharia impraticável em um dia muito quente e abafado. No verão, alguns dos atrativos incluem se refrescar nas fontes interativas do Butler Park e nadar nas piscinas do Barton Springs Pool.