Petrolina, no estado de Pernambuco, talvez não seja um dos lugares mais turísticos que se pode visitar. Eu mesmo fui até lá, inicialmente, por ser a porta de entrada para a Serra da Capivara, no Piauí. Mas já que ia passar por lá, quis ficar alguns dias para conhecer seus atrativos. Para explorar a região com mais liberdade, recomendo muito alugar um carro, pois mesmo os pontos de interesse dentro da cidade são bem espalhados.

Eu fiquei hospedado no Hotel Nobile Suites Del Rio. Como eu estava viajando em família, foi importante ter um apartamento bem amplo e confortável. Também aproveitei bem a estrutura de lazer, com uma piscina bem grande para refrescar do calor, e usei a academia para não perder o ritmo dos exercícios físicos durante as férias.

Além de ter uma ótima estrutura, ele fica na região central, bem de frente para o Rio São Francisco. Eu aproveitei para fazer algumas caminhadas pelo Calçadão da Orla, que é bastante agradável para apreciar a paisagem. Deu para perceber que é área muito usada pelos moradores, já que possui espaços de entretenimento, quadras de esportes e ciclovia.

Como se pode imaginar, faz muito calor na cidade durante todo o ano. Com isso, o movimento na pista aumenta a partir do fim da tarde, quando muitas pessoas saem para fazer exercícios físicos com um clima mais agradável. Há vários pontos que funcionam como mirantes para ver o pôr-do-sol, com o reflexo do céu sobre o rio.

Também é uma boa opção para quem busca um local agradável para comer, já que há vários restaurantes e bares ao longo da margem, alguns mais simples e outros bastante refinados. Um dos que eu achei mais interessante foi o Villarejo Container Gastrô, que reune várias opções gastronômicas em um só lugar, funcionando como uma praça de alimentação.

Também fica bem perto da orla a Igreja Matriz Nossa Senhora Rainha dos Anjos. A construção em estilo neoclássico colonial teve início em 1858 e durou dois anos, inaugurando o assentamento urbano. Obras complementares só foram concluídas décadas depois e a imagem da padroeira foi importada da Ilha da Madeira, em Portugal. Ao lado da igreja fica a Praça do Centenário, que passou, recentemente, por requalificações.

Andando poucos quarteirões em direção ao centro, chega-se à imponente Catedral do Sagrado Coração de Jesus Cristo Rei. Ela foi erguida no início do século XX sob o comando de Dom Malan, primeiro bispo da cidade, que identificou que a igreja matriz já não comportava todos os fiéis. Ele também foi o responsável pela construção que um hospital que leva seu nome, além de dois colégios, um para mulheres e outro para homens.

Em estilo neogótico, a fachada chamada a atenção pelo uso de granito bruto em contraste com os detalhes em branco. Já a parte interna parece mais simples, mas possui elementos relevantes, como os vitrais trazidos da França. Outros destaques são: o relógio, datado de 1931, ainda em funcionamento; os sinos que, juntos, pesam uma tonelada e meia; e o altar principal.

A uns setecentos metros dali fica o Museu do Sertão, cujo acervo conta com mais de três mil objetos que mostram o meio ambiente, a cultura indígena, o artesanato, a moradia rural, a economia, a política, a religião do povo sertanejo e personalidades importantes, como o famoso Lampião. A entrada é gratuita e o espaço bem simples. Já o Museu de Fauna da Caatinga fica bem mais distante, no campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco, e eu não cheguei a visitar.

Quem estiver interessado em comprar coisas típicas e ainda fomentar a produção local deve visitar a Casa das Arretadas, que reune o trabalho de dezenas de mulheres empreendedoras de Pernambuco e Bahia, com foco na cultura nordestina. O espaço colaborativo foi inaugurado em 2021 e é dividido em duas áreas: uma mais voltada para comidas e bebidas; e outra com roupas e artesanatos.

Nessa mesma região fica o CanaBrava, um bar e restaurante recomendado pela sua carne de sol. Eu achei a refeição muito gostosa, mas, como fui em um fim de semana, encontrei ele bem cheio e acabei esperando muito tempo – uma judiação para quem está com fome. Recomendo ir em dias de semana ou chegar na hora que o estabelecimento abre. Eles também não aceitavam pagamento por cartão, o que é um atraso nos dias atuais.

Outro espaço cultural que vale a pena ser visitado é o Museu Ana das Carrancas, importante referência no artesanato de barro, cujas imagens tem ligação direta com as carrancas usadas nos barcos que navegavam pelo rio. É um lugar muito simples, contando apenas com uma pequena sala onde estão expostas obras, fotografias e recortes de jornais sobre a já falecida artista que dá nome ao local. Também tem uma lojinha onde se pode comprar peças fabricadas na própria casa.

A Casa da Cambraia foi um espaço usado por Dona Maria e Seu Zé Miúdo, a partir dos anos 1990, para a fabricação de cambraias. Os quitutes eram vendidos de porta em porta para garantir o sustento da família e de um grupo de mulheres. Atualmente, o espaço original funciona também como um pequeno memorial do trabalho e dos instrumentos usados antigamente.

Embora o casal já tenha falecido, o trabalho continuou como um coletivo de mulheres que produz os tradicionais biscoitos polvilhados com diversos sabores. Eu conhecia a iguaria como beiju, mas sempre comi em versões doces, como coco ralado. Ali eles são feitos salgados e recebem temperos diversos, como alho e cebolinha. Achei bem gostosos.

Falando em comida, o restaurante Flor de Mandacaru foi o que eu mais gostei na cidade. Além de ter um ambiente todo decorado com elementos da cultura nordestina e ótimo atendimento, a comida é deliciosa. Alguns pratos vêm da culinária mundial ou foram adaptados para ter uma apresentação mais sofisticada, mas o foco principal continua sendo nos sabores e ingredientes locais. Gostei tanto que voltei para comer lá uma segunda vez.

De volta às compras, a Oficina do Artesão Mestre Quincas tem uma loja muito ampla, com todo tipo de artesanato que se possa imaginar. Estão à venda desde as mais singelas lembrancinhas de viagem até peças grandes esculpidas em madeira. Aliás, um dos grandes atrativos ali é justamente poder acompanhar o trabalho dos artesãos. A casa fica na mesma avenida do Parque Zoobotânico da Caatinga, que trabalha com a preservação, observação e estudos da flora e fauna regionais.

No Bodódromo também tinha uma lojinha de artesanato e lembranças de viagem. Embora bem pequena, vale a pena ser conferida. O local é um dos mais procurados pelos visitantes da cidade, sendo comum ver ônibus e vans parados no estacionamento, além de carros com placas de vários lugares do país.

O nome faz referência a uma das mais tradicionais iguarias da culinária local. Ali estão concentrados vários restaurantes especializados em pratos com carne de bode e de carneiro, incluindo a famosa buchada e o sarapatel. Eu acabei não comendo nada por lá porque passei bem cedo, mas é uma boa oportunidade para quem quer experimentar esses ingredientes, considerados exóticos por muitos.

Já saindo da parte parte urbana, um destino muito procurado por moradores locais e que tem sido descoberto por visitantes é o Balneário de Pedrinhas. Basicamente, é uma comunidade de pescadores que funciona como praia de água doce, com ótima estrutura de barracas a cerca de trinta quilômetros do centro de Petrolina. Ali também são servidos os pratos nordestinos, mas eu preferi pedir um peixe.

Na volta, parei no Serrote do Urubu, que fica mais ou menos na metade do caminho entre o balneário e a cidade. Como a maior parte do terreno da região é plano e o serrote chega a quatrocentos metros de altura, acaba sendo um ótimo ponto de vista da paisagem. O local é mais visitado no final da tarde, já que o pôr do sol no rio é realmente maravilhoso. Outro ponto interessante é a Serra da Santa, que possui um santuário, trilhas e mirante.

Quem não quer ir para longe pode visitar a Ilha do Fogo, que fica exatamente onde passa a Ponte Presidente Dutra, que liga as cidades de Petrolina e Juazeiro. Muitos descem ali para tomar banho de rio e acompanhar o pôr-do-sol. Para aproveitar ainda mais a paisagem, eu peguei o passeio River Beer no fim da tarde, que sai da cidade baiana. Ele dura pouco mais de uma hora e tem como diferencial o open bar de chopp artesanal. Nos fins de semana, além das explicações do guia, tem música ao vivo.

Também funciona como uma praia a Ilha do Rodeadouro. Dá um pouquinho mais de trabalho para chegar lá porque, além de pegar a estrada, é necessário fazer a travessia do rio de barca. Mas é bem barato e rápido depois que você descobre por onde ir. Ali do lado também tem a Ilha do Massangano. Ambas ficam mais cheias nos finais de semana e feriados, então evite esses dias se a ideia for relaxar e ter um contato mais íntimo com a natureza.

Também fora da cidade, um dos passeios mais procurados é o Vapor do Vinho. Após um trecho percorrido pela estrada, pega-se um barco para dar voltas no imenso lago artificial criado com a Barragem de Sobradinho. O tour dura o dia inteiro e inclui almoço, volta em uma pequena ilha, banho de água doce e visita guiada à fábrica de vinhos que fica próxima ali, incluindo degustação das bebidas.

A Vinícola Terranova surgiu justamente devido à possibilidade de irrigar as plantações com as águas do rio, o que favoreceu o desenvolvimento agrícola da região. Apesar dos desafios, o clima intenso tem suas vantagens, permitindo que sejam alcançadas duas safras de uvas por ano e um sabor específico da região. Como eu já tinha feito um passeio de barco e estava com o carro alugado, preferi ir até lá por conta própria.

Como se pode observar pela extensão dessa postagem, Petrolina não é um dos destinos turísticos mais famosos, mas conta com atrativos suficientes para preencher alguns dias de visita. A cidade também recebe muitos eventos ligados a negócios, tendo de desenvolvido bastante nas últimas décadas.