A valorização da cultura popular é imprescindível para que artistas locais tenham seus trabalhos reconhecidos, garantindo seu meio de sobrevivência. Também é importante que suas histórias sejam contadas, tanto para valorizar o passado quanto para incentivar as gerações futuras.

Em Petrolina, foi fundado justamente com esses objetivos o Museu Ana das Carrancas. O espaço funciona desde 1995 como uma importante referência regional no artesanato de barro, cujas imagens tem ligação direta com o Rio São Francisco. O museu funciona na casa onde as famosas peças eram e continuam a ser produzidas.

Como é o caso de muitos nordestinos, a história de Ana Leopoldina foi feita de luta, muito trabalho e fuga da seca. Quando começou a expor seus trabalhos na feira, as carrancas foram motivo de piada por seu aspecto rústico, formas simples e uso do barro. Ela só seria reconhecida como artista nos anos 1970, quando passou a participar de eventos diversos em Pernambuco e em outros estados brasileiros, chegando a ganhar fama internacional. Foi aí que passou a ser chamada Ana das Carrancas.

Uma das salas da casa é usada como área de exposição. Embora muito simples, as peças, fotografias e recortes de jornal permitem conhecer um pouco melhor sua história de vida. Quando visitei o local, fui recebido por uma de suas filhas, que contou curiosidades sobre a mãe e seu falecido marido. Como era cego de nascença, ele foi homenageado nas carrancas, que eram produzidas com o os olhos vazados.

Maria e Angela, filhas da artista, são as responsáveis por dar continuidade à produção das obras, seguindo o estilo original. O museu tem entrada gratuita, mas os visitantes são convidados a conhecer a loja, onde podem comprar desde peças pequenas até grandes esculturas. Além disso, a intenção é preservar a cultura local, realizar de seminários, encontros e cursos, incentivando a geração de renda. Fotos das peças e outras informações podem ser acessadas na página oficial.