Assim como acontece na maior parte do nosso país, a história de Petrolina começa a registrada a partir da colonização. Os frades franciscanos chegaram até ali seguindo o rio, com o objetivo de catequizar os povos indígenas. Essas missões religiosas só seriam interrompidas em 1698, quando Portugal e França encerraram suas relações diplomáticas. Também contribuiu para a ocupação do território o estabelecimento de fazendas para a criação de gado quando a produção no litoral entrou em queda.

No século XVIII, essa área, na margem esquerda do Rio São Francisco, começou a ser ocupada por um homem que se dedicava à agricultura, pesca e criação de caprinos, além de fazer o transporte de pessoas e cargas de um lado a outro. É provável que outros moradores tenham chegado nessa mesma época, mas não há registro oficial da formação de um povoado.

Já em 1841, o local era chamado Passagem do Juazeiro e tinha algumas casas esparsas, funcionando como ponto de encontro de boiadeiros e negociantes que vinham de Pernambuco, Piauí e Ceará em direção à Bahia e vice-versa. Do outro lado do rio, já estava estabelecida a comarca de Juazeiro, de cujo porto saíam as embarcações conhecidas como vapor, fazendo a ligação com outras cidades ribeirinhas do estado e também de Minas Gerais.

Em 1858, o capuchinho italiano chamado Frei Henrique assentou a primeira pedra para a construção da Igreja Matriz Nossa Senhora Rainha dos Anjos, em estilo neoclássico colonial e voltada para o rio. Isso atraiu novos moradores e o comércio entre as duas margens se intensificou. Em 1862, a comunidade subiu à categoria de vila e recebeu o nome de Petrolina, em homenagem ao imperador Dom Pedro II, que ocupava o trono brasileiro; pela junção do nome do imperador (Petrus, em latim) com o da imperatriz Tereza Cristina; ou, na versão mais duvidosa, como um derivado de “pedra linda”.

Seja como for, depois de várias mudanças de nome, incorporação e retiradas de áreas e outras questões burocráticas, Petrolina foi alçada a município, em 1893. Nas décadas seguintes, foi construída a estrada de ferro que ia até Teresina e começou a funcionar a primeira feira livre da cidade. Com o aumento da população, decidiu-se pela construção da Catedral do Sagrado Coração de Jesus Cristo Rei, já que o antigo templo não mais comportava o número de fiéis. A nova estrutura, em estilo neogótico e com vitrais franceses, foi inaugurada em 1929.

Os anos seguintes foram marcados pelo desenvolvimento da cidade como polo na região. Ela passou a ser, por exemplo, ponte de escala dos voos que faziam a rota entre o Rio de Janeiro e Fortaleza. Já em 1948, deu-se início à construção da Ponte Presidente Dutra, que passa sobre o Rio São Francisco e liga Petrolina a Juazeiro, sendo inaugurada oito anos depois.

Na década de 1970, a navegação fluvial foi interrompida temporariamente pelas obras da Barragem e Usina de Sobradinho. O represamento da água gerou o maior lago artificial do Brasil e inundou as cidades de Casa Nova, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé e Sobradinho. Essas áreas urbanas foram transferidas para novos assentamentos com os mesmos nomes, com o deslocamento de cerca de doze mil famílias.

Além do trauma de sair de seu local de origem, essas dezenas de milhares de pessoas não foram preparadas para as novas oportunidades de desenvolvimento que se apresentariam a acabaram sendo muito prejudicadas. A visita ao Museu do Sertão é interessante para ver como era a vida desse povo, com informações sobre o meio ambiente, a cultura indígena, o artesanato, a moradia rural, a economia, a política e a religião do povo sertanejo.

Em 1979, foi concluída a construção do Aeroporto Internacional Senador Nilo Coelho, o segundo maior do estado. Embora tenha tido seu aspecto negativo, a construção da barragem, inaugurada em 1982, permitiu um desenvolvimento grande dessa área e a crescente produção agrícola passou a atender mercados do sul e sudeste do país, além de exportações. Como está localizada em uma região de clima semiárido, é usada a irrigação com as águas do rio.

Eu não sabia até essa viagem, mas a região é considerada um importante polo agropecuário, sendo um dos maiores centros exportadores de frutas tropicais do país. Com temperaturas elevadas o ano todo, plantações como a da Vinícola Terranova, por exemplo, conseguem duas safras por ano e geram sabores diferenciados, tendo vinhos premiados. Devido à essa alta produtividade, grande parte da indústria local é no setor alimentício, com a produção de sucos, polpas e doces. Também há a presença das fábricas de plástico, têxtil, metalúrgicas e de minerais.

No setor terciário, destaca-se a diversidade e descentralização do comércio, abastecendo inclusive cidades vizinhas, embora muitas lojas de redes nacionais e internacionais se concentrem nas principais avenidas do perímetro urbano e no River Shopping, inaugurado em 1995 como um conglomerado de lazer, entretenimento, alimentação, serviços e compras. Para os visitantes de outras partes do país, interessa mais conhecer o artesanato local, que pode ser encontrado, por exemplo, na Oficina do Artesão Mestre Quincas, no Museu Ana das Carrancas e na Casa das Arretadas.

Falando nisso, o turismo tem crescido na região, com as pessoas que vêm de fora descobrindo atrativos que já eram frequentados pela população local. Um exemplo disso são as praias de água doce com boa estrutura de barracas, incluindo Ilha do Rodeadouro e o Balneário de Pedrinhas.

Ao visitar Petrolina, escolhi ficar hospedado no Hotel Nobile Suítes del Rio, que possui ótima estrutura, tanto para quem busca conforto quanto para quem viaja para participar de eventos, já que conta com um business center. Além disso, está localizado em um ponto central, de frente para o Calçadão da Orla, onde aproveitei para conhecer o Villarejo Container Gastrô.

A gastronomia local também é rica, com muita carne de sol, pratos com bode, galinha de capoeira e peixes. O meu restaurante preferido na cidade foi o Flor de Mandacaru, que foca nos sabores e ingredientes locais. A cidade também é a porta de entrada para outros passeios no interior do sertão nordestino, como a Serra da Capivara, que fica no Piauí e, além das belezas naturais, tem grande importância pela existência de muitas pinturas rupestres.