Cerâmicas com temas locais podem ser encontradas em várias entradas do Parque Nacional Serra da Capivara, nos museus e no comércio da cidade. Eu fiquei hospedado em São Raimundo Nonato, mais especificamente no Real Hotel, e tinha uma loja bem próxima. Mas nada se compara com a visita à fábrica, onde dá para conhecer o processo de produção e comprar as peças com desconto.

Quem visita os circuitos da Pedra Furada, do Caldeirão do Rodrigues, do Sítio do Meio e do Desfiladeiro vai passar bem próximo do local, que fica em uma comunidade chamada Barreirinho, na zona rural de Coronel José Dias. Inclusive, tem ali uma hospedagem com reserva online chamada Casa Barreirinho. O interessante de dormir nessa área é que você fica mais próximo desses atrativos do parque, além do Museu da Natureza.

A cerâmica foi fundada em 1992 seguindo uma proposta de Niède Guidon, que, além de comandar as pesquisas científicas na região, se preocupou com o desenvolvimento da comunidade. Atualmente, a fábrica emprega dezenas de artesão que moram no entorno. Esses trabalhadores já tinham o conhecimento para a produção da cerâmica manual, mas modernizaram as técnicas com o uso de fornos de alta temperatura. A especialização veio com cursos feitos na escola do Museu do Homem Americano. Agora, eles passam o conhecimento para as próximas gerações.

A extração do barro é feita de maneira sustentável, sem a escavação do solo. Isso é importante porque a comunidade precisou se adaptar às mudanças trazidas pela criação da reserva natural, bem como no crescente potencial turístico a partir das descobertas arqueológicas.

Enquanto algumas peças são criadas com moldes, que visam garantir um padrão no tamanho e formato, outras são feitas de forma totalmente manual. Mas, como passam por vários processos, todas acabam tento características únicas, o que torna cada peça especial.

Eu achei a visita interessante porque dá para acompanhar cada uma dessas etapas em tempo real, com placas indicativas sobre o processo de fabricação. Em toda área que a gente passava tinha algo sendo feito e trabalho era explicado pelo Edu Coelho, o guia que contratamos para acompanhar os passeios do parque.

O maior diferencial da produção local é a inspiração nas pinturas rupestres, encontradas nos sítios arqueológicos, para a decoração das peças. Ali aparecem as cenas mais famosas, como uma que parece retratar o beijo entre duas pessoas, um animal com o seu filhote, rituais diversos, momentos de caça e outros temas. As cores também são representativas da paisagem da região.

A preocupação com o meio ambiente também mudou a queima das peças, que deixou de ser feito com lenha e agora usa o gás. Aliás, essa foi uma das etapas da fabricação que eu achei mais interessantes porque inclui regras específicas de temperatura e processos químicos que realmente transformam o objeto. O antes e depois do forno é realmente impressionante.

Na frente da fábrica fica a Lojinha da Cerâmica que, apesar do nome no diminutivo, foi onde eu vi a maior diversidade de opções. Eles oferecem desconto para as compras feitas no local e embalam direitinho para viagem. Além disso, as peças com pequenos defeitos ficam separadas em uma área e saem ainda mais baratas. Essas cerâmicas também são vendidas em grandes lojas de decoração em todo o país e são exportadas para países europeus e norte-americanos.

Outro motivo que leva muitos visitantes ao local é o restaurante, onde são servidos café da manhã, almoço e janta. Eu passei lá por volta de meio dia para comer entre o circuito que fiz pela manhã e outro que faria a tarde no Parque Nacional da Serra da Capivara. Por um preço justo, você pode servir quantas vezes quiser. A comida é simples, mas gostosa, com aquele tempero caseiro.

A propriedade ainda tem uma área de hospedagem com duas opções. A pousada tem quartos com camas de solteiro, casal e família, com banheiros privativos. Já o albergue oferece acomodações e banheiros compartilhados. Eu dei uma conferida no local e achei interessante para quem quer ficar mais próximo dessa área do parque, mas não encontrei a opção de reservar pela internet.

Por fim, também passei na Oficina de Ateliêr, onde pessoas da comunidade aprendem a costurar camisas e acessórios como bonés, chapéus e bolsas. A compra dos itens é outra boa oportunidade para valorizar a produção local e garantir a que a população se sustente de forma responsável. Eles também podem ser encontrados em lojinhas do parque ou pela cidade, mas não com tanta variedade.
Fiquei hospedada na Pousada onde também fique a fábrica de cerâmica e o atelier de costura. Café da manhã bom e as demais refeições também.
Acordar de manhã e vê aquela paisagem, bem como a profusão de pássaros é incrível
CurtirCurtido por 1 pessoa
Deve ser ótimo dormir por lá, achei o clima do lugar muito gostoso!
CurtirCurtir