Museu do Homem Americano

Serra da Capivara – Museu do Homem Americano

Há décadas tem sido feitos escavações e estudos arqueológicos na região do Parque Nacional Serra da Capivara e em seu entorno. Os resultados das pesquisas e parte do acervo podem ser vistos nesse museu, incluindo informações surpreendentes sobre a ocupação do local e a evolução cultural dos grupos humanos nessa área desde a pré-história. Inaugurado em 1998, o Museu do Homem Americano é um importante complemento ao que pode ser visto nos passeios pela serra.

Pedras lascadas
Pedras lascadas

Até pouco tempo, a teoria mais aceita afirmava que os primeiros seres humanos que chegaram ao nosso continente partiram da Ásia, atravessando o Estreito de Bering até a América do Norte por volta de quinze mil anos atrás. Esses grupos teriam se espalhado até alcançar a América Central e, por fim, a América do Sul, há cerca de onze mil anos. As afirmações, feitas desde a década de 1950, passaram a ser questionadas com a descoberta vestígios arqueológicos bem mais antigos no sertão nordestino.

Presença humana no continente americano
Presença humana no continente americano

A questão foi bastante discutida no meio científico, mas já se conseguiu provar que as fogueiras estruturadas e peças lascadas encontradas foram, de fato, fabricadas e utilizadas por homens. A teoria é que os homens chegaram aqui muito antes do que se acreditava, em uma época em que nosso planeta ainda passava pelos os efeitos da glaciação. Como o mar estava bem mais abaixo que o nível atual, havia mais plataformas e ilhas entre a África e a América do Sul. Além disso, os continentes são ligados por correntes marítimas que favoreceriam deslocamentos.

Vegetação no entorno do museu
Vegetação no entorno do museu

Isso torna factível a teoria de que grupos chegaram até o litoral brasileiro atravessando o oceano há cerca de cem mil anos e penetraram para o interior seguindo o curso de grandes rios. Nesses tempos, a região tinha clima tropical úmido e era coberta por uma vegetação exuberante e fauna rica, propícias para o surgimento de assentamentos, com desenvolvimento e aumento das populações. 

Gravuras em pedra
Gravuras em pedra

Muitos abrigos sob as rochas possuem teto e paredes cobertos por gravuras e pinturas milenares. As gravuras, feitas com sulcos na rocha, apresentam melhor conservação. Já as pinturas, algumas são mais antigas ou sofreram gastos e aparecem como vestígios, enquanto outras ainda estão bem nítidas. No parque, eram mais comuns as representações narrativas, mostrando a vida cotidiana, as crenças, os ritos, os ornamentos, as armas e outros objetos. Alguns blocos foram transferidos para o museu para melhor conservação.

Crânio Zuzu
Crânio Zuzu

Com a diminuição das chuvas, o clima semiárido transformou o cenário e acabou com a mega fauna, mas não inviabilizou a sobrevivência humana, que tinha como fonte de alimentação espécies de pequeno porte. O esqueleto mais antigo data de quase dez mil anos e possui um crânio masculino, oval e alongado, semelhante ao tipo africano. Conhecido como Crânio Zuzu, ele está exposto no museu.

Esqueleto em urna
Esqueleto em urna

Por volta de três mil e quinhentos anos atrás, apareceram aldeias de povos caçadores e ceramistas na região. As comunidades eram de médio porte, com uns duzentos metros de diâmetro, e contavam com habitações de forma elíptica dispostas em volta de um espaço central. Embora os recursos alimentares fossem os mesmos de seus antecessores, eles aprimoraram ferramentas como machados, discos perfurados e pilões. Os rituais também eram importantes, incluindo sepultamentos em covas de terra ou em urnas de cerâmica.

Cerâmica trazida pelos colonizadores
Cerâmica trazida pelos colonizadores

A chegada dos europeus no país transformou a Serra da Capivara em um refúgio para grupos indígenas, vindos de diversas áreas invadidas, como a costa nordeste e a região amazônica. Os colonizadores só alcançariam a região tardiamente, no fim do século XVII, quando adentraram o sertão para criar gado, dizimando os povos originários. Sua presença também está marcada nos sítios arqueológicos, como no aparecimento de fragmentos de louça inglesa do início do século XX.

Loja do museu
Loja do museu

O que eu fiz aqui foi apenas um apanhado das informações e do acervo, que será melhor aproveitado pessoalmente. Eu recomendo ir ao Museu do Homem Americano antes mesmo de fazer as visitas guiadas no parque. Assim, dá para entender melhor o que é visto nos sítios arqueológicos. Também vale a pena passar na loja do museu, que conta com artesanatos típicos da região e lembrancinhas.

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