Retrospectiva de viagens em 2020

Retrospectiva 2020 – Viagens

Não é segredo para absolutamente ninguém que esse foi um ano totalmente atípico e, no meu caso, uma das consequências foi adiar as viagens mais longas e distantes que eu já vinha planejando para as férias. Apesar disso, fiz alguns passeios rápidos nas proximidades da cidade onde moro e também passei duas temporadas na casa da praia, tudo com o devido distanciamento social e muita responsabilidade.


Iemanjá na Lagoa da Pampulha de Belo Horizonte
Iemanjá na Lagoa da Pampulha

Em Belo Horizonte, tivemos diversas medidas protetivas para conter o avanço da disseminação da doença, incluindo o bloqueio de acesso às praças, parques e outros pontos públicos de possível aglomeração. Um dos locais que continuou liberado, embora com limitações, foi a Lagoa da Pampulha. Eu aproveitei para ir lá algumas vezes para fazer caminhadas tranquilas ao ar livre, inclusive com uma volta completa por dezoito quilômetros que demorou cerca de quatro horas. Também fui lá simplesmente para curtir o pôr-do-sol ou ver, ainda que somente pelo lado de fora, os diversos prédios do conjunto arquitetônico que compreende alguns dos principais cartões postais da cidade.


Orla central de Lagoa Santa
Lagoa Central

Também fiz esse tipo de passeio em Lagoa Santa. Embora não tenha em seu entorno construções tão imponentes, a caminhada de cerca de 6,5 km no calçadão que margeia a Lagoa Central é bastante agradável e fácil de fazer, já que é uma distância menor e o trajeto é todo plano. Eu levei 1h45 minutos para fazer a volta completa em um ritmo tranquilo, parando às vezes para tirar fotos. Também vi algumas pessoas aproveitando as águas para circular em barcos à vela, stand up paddle e os famosos pedalinhos. Outras pescavam, embora os peixes não são adequados para consumo. Também não é permitido nadar em tempos atuais.


Paisagem na serra
Pedra Grande

Já primeiro bate-e-volta de trilha que eu fiz teve como destino o Conjunto Natural da Pedra Grande, que faz parte da Serra do Itatiaiuçu, no encontro de quatro municípios e com diferentes pontos de acesso. Eu fiz uma caminhada de cerca de 2,5 km saindo de Igarapé. Após subidas e descidas em estrada de terra com caminhos bem demarcados pela passagem constante de visitantes, cheguei ao destino final: a formação rochosa que dá nome ao local e proporciona uma bela vista de toda a região. O espaço também é visitado por praticantes de escalada, rapel, motocross e paraglider.


Igreja Matriz de São Sebastião
Igreja Matriz de São Sebastião

Outras trilhas tiveram como destino final um delicioso banho de cachoeira. A dica é sair de casa o mais cedo possível e dar prioridade aos dias de semana, quando os locais ficam bem vazios. Uma das muitas opções próximas é Casa Branca, uma pequena comunidade rural localizada em um relevo bastante montanhoso e com clima agradável. Para quem quer explorar melhor a região, a dica é procurar por opções de hospedagem no povoado, já que dormindo por lá você terá mais tempo para fazer caminhadas ecológicas, ciclismo nas montanhas, trilhas e outros esportes de aventura.

Cachoeira da Pedra Furada
Cachoeira da Pedra Furada

O acesso às cachoeiras mais famosas da área não é exatamente fácil, já que é preciso caminhar por alguns quilômetros com subidas e descidas. Mas, além do trajeto já ser um passeio em si, no final temos a recompensa de todo o esforço. A primeira recebe o nome de Cachoeira da Pedra Furada devido à grande rocha com um buraco que fica logo em frente, certamente moldada por milhares de anos pela própria força da água. Muitos dos visitantes podem acabar por ali, já que o acesso ao atrativo principal fica um pouco escondido.

Cachoeira da Ostra
Cachoeira da Ostra

Para chegar à Cachoeira da Ostra, é preciso subir um pouco mais o curso d’água e fazer travessias por dentro do córrego, o que não é nenhum problema já que o nível é baixo. A cachoeira tem uma queda pequena em altura, mas com bom volume. Embora cada uma tenha as suas particularidades, eu gostei mais dessa queda porque há paredões de pedra dos dois lados e tem uma piscina maior, permitindo ficar em uma parte tranquila da corredeira.

Cachoeira da Jangada
Cachoeira da Jangada

Em um outro dia, parti do vilarejo para outra direção com o objetivo de chegar à Cachoeira da Jangada, que tem um acesso bem tranquilo e fica dentro de uma propriedade particular. Uma coisa que eu gostei é que ela tem um poço bem extenso e raso em sua maior parte, só ficando profundo perto da queda. O local é bastante ensolarado e isso compensa um pouco o frio congelante da água – pelo menos quando eu visitei, no meio do ano. Já vi relatos de pessoas que não conseguiram fazer esse passeio porque a empresa fechou o acesso, então é bom já ter uma alternativa quando for tentar.


Ruínas do Forte de Brumadinho vistas do mirante
Ruínas do Forte de Brumadinho

A visita às Ruínas do Forte de Brumadinho exige uma longa caminhada por estrada de terra, só ficando um pouco mais difícil no finalzinho do trajeto, após passar pelo mirante. A estrutura foi construída no século XVIII por uma empresa de mineração para proteger suas posses durante o Ciclo do Ouro. As ruínas podem ser exploradas livremente, mas é preciso ter responsabilidade. A destruição ou remoção de terra, pedra, plantas ou qualquer material deste local constitui crime sujeito a pena de multa e detenção. É proibido abrir buracos no interior ou no entorno do forte, jogar lixo, acender fogueiras ou acampar.

Poço Encantado
Poço Encantado

Dali é possível continuar descendo o morro em direção ao Poço Encantado, lembrando que a subida no fim do passeio vai ser consideravelmente puxada. Dependendo da hora do dia e da estação, o sol que bate na água deixa o cenário ainda mais bonito. A queda em si é bem pequena, mas há acúmulo de água suficiente para tomar um banho gostoso. Isso se você for dessas pessoas que encaram baixas temperaturas – eu saí de lá tremendo de frio, ainda mais porque fui durante o inverno, mas valeu a pena.


Vista da Praia da Pitinga
Praia da Pitinga

Mas nem só de baixas temperaturas vive o homem em quarentena. Embora possa parecer que eu fiz muitos passeios, eles foram distribuídos em vários meses de quarentena só saindo para ir ao supermercado ou farmácia. Para mudar um pouco de ares, já que ficar fechado em um apartamento acaba sendo bastante cansativo depois de um tempo, eu aproveitei que minha família tem uma casa em Arraial d’Ajuda e fui para lá passar algumas semanas, continuando em home office. Na época a cidade estava bem vazia e eu fiz caminhadas na praia todos os dias, mas evitei comer em restaurantes ou ficar em barracas para não me expor ao risco de ser infectado.

Vista do mirante
Praia do Espelho

Aproveitei que estava de carro para conhecer a famosa Praia do Espelho. É preciso consultar a previsão do tempo, tanto para curtir melhor a praia quanto porque a chuva tornaria perigosa a estrada de terra, que possui trechos estreitos e bastante esburacados até o povoado de Curuípe.  Também tem que conferir a tabela das marés, já que a visita é melhor quando são formadas as extensas piscinas naturais que funcionam como um espelho d’água que dá nome ao local. Uma boa opção é procurar uma hospedagem no vilarejo, que conta com diversas casas de temporada, pousadas e hotéis, tendo assim mais chances de pegar as condições ideais.

Artesanato indígena em Imbiriba
Artesanato indígena em Imbiriba

Dos povoados pelos quais passei na estrada quando ia para a praia praia, destaca-se a Aldeia de Imbiriba, moradia de uma comunidade de índios Pataxó onde é possível conhecer e adquirir vários produtos do artesanato local, a maior parte feito a partir do coco. São várias lojinhas, mas a principal concentração está em uma grande oca ou guijeme, como é chamada. Além disso, também há o comércio local de mercados e bares, caso você precise comprar mantimentos para a viagem.

Mirante do Quadrado em Trancoso
Mirante do Quadrado em Trancoso

Nesse dia, também passei por Trancoso, cujo centro histórico é formado por casas em estilo colonial que se encontram muito bem preservadas e chamam a atenção pelo uso de cores intensas, criando um ambiente animado. Em muitas fachadas, é possível encontrar placas que contam a história de seus moradores e da construção, o que ajuda a transportar o visitante ao passado. A maioria delas foi convertida em estabelecimentos comerciais para lucrar com o turismo, hoje a principal atividade econômica da região. O ponto central é o Quadrado, onde funcionam pousadas, restaurantes, centros culturais, bares e lojas, além de ter um ótimo mirante atrás da igreja.


Curtir a casa da praia de Arraial d'Ajuda
Curtir a casa da praia de Arraial d’Ajuda

Mais para o fim do ano, voltei novamente para Arraial d’Ajuda, dessa vez com minha família e em um esquema ainda mais rigoroso, já que os casos de Covid-19 vinham aumentando bastante e era fácil prever que as festas de fim de ano trariam um boom. Levamos comida suficiente para não ter que ir sequer ao supermercado, usávamos máscara até dentro de casa, evitávamos contato físico e comíamos em mesas separadas por grupos, entre outras atitudes para garantir a segurança de todos. De qualquer maneira, deu para matar as saudades, aproveitar a casa e ir à praia para ver o mar, molhar os pés nas ondas e fazer caminhadas, sempre em horários alternativos.


Praça do Papa
Praça do Papa em Belo Horizonte

Sei que sou uma exceção por ter continuado com o meu emprego, sem redução de salário e em modo remoto. Tive a oportunidade de mudar um pouco de cenário, além de fazer pequenos passeios na cidade em que moro, ainda que fosse apenas pegar o carro (outro privilégio) e descer rapidinho na Praça do Papa para ver a vista. Eu não pretendo romantizar de maneira alguma essa pandemia dizendo o quanto aprendemos e evoluímos como pessoas e sociedade. O fato é que tivemos uma situação global que trouxe muito sofrimento para muitas pessoas e continua fazendo vítimas todos os dias. Eu mesmo questionei as minhas saídas de casa para passeios, ainda que sendo feitas da maneira mais segura possível. Que tudo melhore em breve e todos possam curtir melhor as pessoas queridas e os lugares com total liberdade.

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