Conjunto Natural e Paisagístico da Pedra Grande

Serra do Itatiaiuçu – Conjunto Natural da Pedra Grande

Localizada em um acidente geográfico entre os municípios de Igarapé, Itatiaiuçu, Brumadinho e Mateus Leme, a Pedra Grande é um destino bastante procurado por pessoas que moram na região e visitantes, já que proporciona uma bela vista do envolto e espaço para a prática de diversas atividades com fácil acesso. O local fica aberto todos os dias e pode ser visitado a qualquer hora, sempre por conta própria.

Serra do Itatiaiuçu
Serra do Itatiaiuçu

A formação rochosa chama a atenção na paisagem por ficar em um ponto alto da Serra do Itatiaiuçu, bem natural de importância estratégica por ser berço de nascentes responsáveis por abastecer a região metropolitana de Belo Horizonte. Essa área faz parte do Quadrilátero Ferrífero, que engloba diversos municípios do estado de Minas Gerais e é responsável pela maior parte da produção de minério de ferro de todo o país, o que reforça sua relevância nacional. Também é um grande depósito de ouro, manganês, calcário e bauxita, tendo sido foi povoada a partir do século XVII, quando se tornou um importante polo aurífero.

Estacionamento no começo de uma das trilhas
Estacionamento no começo de uma das trilhas

O acesso pode ser feito a partir de alguma das cidades próximas em ambos os lados da serra. Como eu estava de carro e saí de Belo Horizonte, fui pela BR 381 e peguei um pedaço de estrada de terra até o estacionamento que fica no começo de uma das trilhas. Depois descobri que tinha um outro lugar para estacionar mais para frente, próximo da Mina Leste da Usiminas, que fica mais perto do topo e passa por um trecho de mata fechada, mas acabei não passando por lá – de qualquer maneira, deixei marcada no mapa interativo abaixo.

Uma outra opção seria fazer o trajeto circular completo. O problema é que o local é precariamente sinalizado e eu fiz a trilha meio no achismo, já que em diversos pontos dá para enxergar o topo do monte. O problema é que você fica sem noção das distâncias e de quanto tempo vai gastar, então coloquei as informações no mapa para ajudar a entender melhor, incluindo o trecho de estrada de terra, em vermelho, a partir do momento em que saí da BR 381. Eu parei no primeiro estacionamento e segui caminhando pela trilha, destacado em amarelo.

Banco no meio da trilha
Banco no meio da trilha

De qualquer maneira, não me senti em nenhum momento perdido, mesmo porque tinha outras pessoas subindo e descendo. Somente quando estava quase concluindo a subida é que cheguei à primeira encruzilhada, onde há alguns bancos para descansar e também apreciar a vista. Seguindo o caminho da esquerda, você tem acesso a uma formação rochosa menor, que visitei no final do dia. Meu objetivo primeiro era chegar até a Pedra Grande, então segui pela direita.

Vista do mirante
Vista do mirante

Quando você está no alto da serra, o caminho se torna prioritariamente plano e bem menos cansativo. Eu fiz um pequeno desvio para chegar até o mirante com vista privilegiada da paisagem e também da montanha. É um ótimo ponto para tirar fotos, mas você só vai conhecer realmente a Pedra Grande se chegar até ela, pois vendo de longe parece que é uma rocha única, quando na verdade são vários pedaços com falhas que permitem fazer escaladas.

Motocross na montanha
Motocross na montanha

Inclusive, depois percebi que tinha um grupo praticando rapel e escalada na pedra. Outras práticas esportivas realizadas no local, além da caminhada que eu fui fazer e dos ciclistas que vi descendo a trilha com bicicletas próprias para esse tipo de terreno, também tinha pessoas aproveitando a inclinação intensa do morro desse mirante para subir e descer de motocross. Também li na internet que a serra recebe atividades ao ar livre como voos de paragliders, uma coisa que sempre tive vontade de fazer.

Rock balancing
Rock balancing

Observei algumas pedras empilhadas por lá, atividade conhecida como rock balancing. Geralmente elas são dispostas assim próximo a trilhas, cachoeiras e outros espaços naturais, mas envolvem bem mais que o simples equilíbrio físico. Trata-se de um exercício de meditação para silenciar a mente e se conectar com o meio ambiente. Ao mesmo tempo que se constrói a torre a partir de escolhas, paciência, confiança e relaxamento, é preciso estar ciente de que tudo pode desmoronar, exigindo o desapego para um recomeço e destacando a transitoriedade de tudo.

Mirante da Cruz
Mirante da Cruz

Outro ponto de destaque desse mirante foi uma grande cruz posicionada estrategicamente com vista para as cidades. Imagino que fiéis visitem o local em datas importantes para a fé católica. Também reparei que haviam alguns vestígios de fogueiras por lá, o que indica que pessoas fiquem até tarde ou até para passar a noite, sendo importante levar roupas adequadas porque venta bastante e faz frio, principalmente nos meses de outono e inverno.

Turistas fazendo trilha
Turistas fazendo trilha

De fato, as pessoas frequentam o local durante todo o dia, como pude perceber na visita que fiz em um fim de semana. Como eu comentei, cheguei na hora do almoço e havia turistas já voltando do passeio. Em contrapartida, quando fui embora, no fim da tarde, ainda tinha bastante gente subindo, o que era de se esperar por ser um ótimo ponto de vista para acompanhar o pôr-do-sol. Mas atenção: como se trata de um lugar remoto, não é recomendado fazer o trajeto sozinho ou durante a noite, já que eu imagino que haja o risco de assaltos.

Trilha estreita
Trilha estreita

Seguindo para a Pedra Grande em si, passei por um caminho mais estreito e com vegetação baixa, podendo chegar a machucar a perna se não tomar certo cuidado com as plantas mais firmes. De qualquer maneira, eu achei a trilha tranquila. O ponto mais baixo da serra fica a 952 metros e o topo está em 1437 metros de altitude em relação ao nível do mar. Embora a diferença não seja tão significativa, o trajeto é dificultado pela irregularidade do solo e pedras soltas, o que torna a dificuldade intermediária para iniciantes. Para quem já pratica trekking, o nível é fácil.

Prepare-se bem para a trilha
Prepare-se bem para a trilha

O trajeto até a Pedra Grande foi de pouco mais que 2,5 km pelo caminho que eu fiz. Como eu também aproveitei para ver alguns outros atrativos e fazer desvios para tirar fotos, além de todo o trajeto da volta, calculo que andei ao todo uns 8 km entre subidas e descidas. Como é uma distância considerável em um lugar sem nenhuma estrutura construída de apoio ao turista, é importante se programar para levar tudo que for necessário. Não tem onde comprar nada, banheiros ou fontes de água. Eu já saí de casa com garrafa de água e lanche, passei protetor solar e também tinha um boné para proteger do sol.

Caminho cheio de pedras
Caminho cheio de pedras

Também destaco a importância de usar roupas e tênis adequados para a prática de esportes. Uma outra dica é escolher cores escuras, já que essa poeira fina é bem avermelhada e mancha bastante. Com relação ao calçado, o ideal é um específico para caminhada e que fique firme no pé, pois a trilha tem bastante cascalho e pedras grandes soltas. Eu chamo de trilha, mas era uma estrada larga para pedestres na maior parte do trajeto. Embora não houvesse circulação de carros, em diversos momentos cruzei com pessoas descendo de bicicleta e moto, então sobe uma poeira de vez em quando e é interessante proteger o rosto para não respirar ou entrar nos olhos.

Paisagem na serra
Paisagem na serra

Para aproveitar melhor o passeio, também recomendo conferir com antecedência a previsão do tempo. Um dia de chuva não seria muito proveitoso para ver a paisagem e atrapalharia muito o acesso à estrada de terra e às trilhas, tornando a caminhada até mesmo perigosa. Eu peguei um céu com poucas nuvens e sol na maior parte do tempo, o que garantia sombras ocasionais e boa visibilidade. Era outono, então também não estava um calor exagerado.

Formações rochosas
Formações rochosas

Ao chegar na Pedra Grande você percebe que grandes rochas se deslocaram com o tempo em um processo natural de erosão, adquirindo uma formação dinâmica e com ambientes diversos a serem explorados. Isso gera um desafio extra chegar até o topo, sendo necessário percorrer caminhos tortuosos e passar por algumas áreas de risco, já que não há nenhum tipo de interferência como barras de proteção. Mas nada que seja perigoso se você tomar um mínimo de cuidado, na minha opinião.

Chegando no topo
Chegando no topo

A subida pela rocha dura poucos minutos e o pequeno esforço vale a pena, pois proporciona uma sensação de conquista e liberdade, além de ótimos cenários para fotos. Eu mesmo gastei algum tempo ali fazendo registros. Caso você tenha medo de altura, também tem a opção de parar em outros pontos, não sendo necessário chegar até o topo para aproveitar o local.

Vista lá do alto
Vista lá do alto

A vantagem de ir até o alto é que você tem uma vista em 360° de toda a região. Eu confesso que não é o meu passeio favorito de montanha por esses lados, já que vemos muitas cidades e interferências do homem bem próximas, principalmente com as escavações feitas pelas mineradoras nas encostas dos morros, o que impede que a gente se desconecte totalmente da vida urbana. Ainda assim, a vastidão da natureza chama bastante a atenção.

Lanche levado de casa
Lanche levado de casa

Fiquei lá em cima por um tempinho descansando, respirando o ar puro e repondo a energia com bebidas e lanches levados de casa. Esse passeio durou a tarde inteira, então reforço a necessidade de levar comida e água suficientes para se manter alimentado e hidratado, pelo menos um litro por pessoa.

Flores silvestres
Flores silvestres

Eu fiz o passeio no mês de maio, quando começava a fazer frio e as chuvas diminuíam na região. Os campos estavam bem verdes, proporcionando uma boa experiência para observar a fauna e a flora do cerrado, do campo rupestre e remanescentes da mata atlântica típicas deste bioma. Havia flores de diferentes tipos e cores embelezando o caminho. Devido à sua importância histórica e ambiental, o Conjunto Natural e Paisagístico da Pedra Grande é uma área protegida em três modalidades legais distintas: tombamento municipal, área de preservação especial (APE) e área de preservação ambiental (APA).

Caminho para a outra pedra
Caminho para a outra pedra

Na hora de ir embora, ainda resolvi fazer a caminhada de mais 2 km de ida e volta a partir da bifurcação com os bancos em direção a uma outra formação rochosa. Ela não é tão alta e dá para ver mais a parte das mineradoras e os caminhos abertos por tratores, mas tem como vantagem ter bem menos gente. Vi essa parte apenas como um complemento do passeio.

6 comentários

  1. Fantástico! Nestes últimos tempos tenho descoberto em vários blogues e contas de instagram, locais maravilhosos no Brasil que não conhecia! Se já tinha vontade de regressar, tenho estado com cada vez mais curiosidade! 🙂

    Curtido por 1 pessoa

Deixe uma resposta

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s