Os arredores de Belo Horizonte contam com diversos atrativos para quem gosta de passeios em meio à natureza como com trilhas, mirantes e cachoeiras entre serras e vales. Um desses destinos muito procurado é a Cachoeira da Ostra. Eu fiz esse passeio no início do mês de junho, pois já havia passado o período de chuvas na região, mas ainda estava fazendo calor o suficiente para uma experiência mais agradável.

O acesso se dá pela BR-040 em direção a Nova Lima, atravessando o bairro Jardim Canadá e ingressando no Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, sempre seguindo sem problemas as orientações do GPS no celular. Só peço a atenção para não colocar o local errado, já que existe um bairro com o mesmo nome em Belo Horizonte e, embora faça parte de Brumadinho, o município fica bem distante e eu nem passei por lá. Para facilitar, recomendo indicar como destino a Praça de São Sebastião na comunidade rural de Casa Branca. A estrada é um atrativo à parte, contando com alguns pontos onde é possível parar o carro e apreciar a ampla paisagem, como no Mirante Morro dos Veados.
Por estar localizado em um relevo bastante montanhoso e com clima agradável, Casa Branca é bastante procurada para caminhadas ecológicas, ciclismo nas montanhas, trilhas e outros esportes de aventura. Para quem quer explorar melhor a região, uma dica é procurar por opções de hospedagem no povoado. No mapa interativo acima, marquei o caminho para as cachoeiras e os principais pontos de referência para não se perder. Vale a pena aproximar e dar uma estudada no trajeto porque pode ser um pouco confuso para quem vai pela primeira vez, já que há muitas bifurcações inclusive durante a trilha.

Eu parei o carro na praça e tirei umas fotos da Igreja Matriz de São Sebastião. Muitas pessoas também aproveitam essa parada para fazer compras de mantimentos no supermercado para levar no passeio, como lanches e água, mas o ideal é mesmo levar tudo de casa, tanto para não perder tempo quanto porque o comércio pode estar fechado. Também tem na área alguns restaurantes e bares, o que pode ser interessante de conferir na volta. Eu recomendo começar a trilha o mais cedo possível para ter menos gente nas cachoeiras, podendo parar para um almoço tardio na cidade na volta.

O trecho entre a praça e o começo da trilha pode ser feito a pé ou de carro, passando pela rua calçada chamada Canela de Ema, marcada em cinza no mapa. Muitas pessoas começam a caminhada a partir da praça e foi o que eu fiz da primeira vez que visitei essas cachoeiras. Mas o ideal é parar o veículo o mais perto possível do início da trilha para economizar perna, já que esse primeiro trecho tem cerca de 1km. Seja qual for a opção, a instrução é ignorar todas as vias até a segunda entrada à esquerda, indicada por uma placa para o Condomínio Recanto das Pedras. Dali é só seguir direto até onde puder ir.

Quando eu visitei as cachoeiras, o começo da estrada de terra estava fechado até mesmo para pedestres e foi preciso pegar um atalho pelo mato. O acesso alternativo marcado no mapa se dá pela Rua II. Pouco antes de chegar na entrada do condomínio, há uma evidente trilha à esquerda. Confesso que achei um pouco confuso, mas havia outras pessoas fazendo o mesmo e não teve erro. Basicamente, você adentra em uma mata fechada seguindo junto a uma cerca de tela, vira à esquerda, depois à direita e reto.

Depois de andar menos de 200 metros nessa área, você vai cair novamente na estrada de terra que estava bloqueada lá atrás. É importante memorizar bem, fazer uma marcação com pedras ou fotografar o local de saída desse atalho, já que na volta havia diversas outras alternativas. Contornado o obstáculo, caso também exista esse bloqueio quando você fizer o passeio, seguimos caminhando em direção à montanha. Essa parte inicial é bem plana, larga e tranquila. O trecho marcado em marrom no mapa tem pouco mais de um quilômetro e possui árvores baixas em ambos os lados, proporcionando um pouco de sombra. Em alguns pontos, há espaço suficiente para estacionar, caso o acesso esteja liberado. Mas eu vi alguns vidros quebrados, o que indica a possibilidade de roubo, então recomendo deixar o carro na cidade e ir a pé mesmo.

Já na parte marcada de marrom claro, que representa a trilha em si, chegamos à uma clareira que tem o encontro de diversos caminhos que dão em lugares totalmente diferentes. Na verdade, são outros acessos para a subida. Nesse local, basta pegar a trilha do meio, onde tem essa árvore mais alta. Eu tinha sinal de celular, mas recomendo de qualquer maneira fazer o download do mapa off-line para usar como orientação sempre que necessário, já que em diversos pontos mais à frente é possível errar o caminho.

Inicia-se o processo de subida por um terreno bastante irregular, com veios abertos pela passagem de água, raízes expostas e pedras soltas. Para maior segurança, o ideal é usar tênis próprio para caminhadas de alto impacto e com boa aderência, já que há o risco de escorregar ou torcer o pé. Também é importante ir com roupas adequadas – eu estava com uma bermuda, camisa com proteção UV e chapéu. Também passei protetor no rosto e no corpo pois, apesar de já estar entrando nos meses mais frios do ano, o sol estava castigando bastante.

Eu achei o caminho bem marcado nesse trecho. Até tem algumas bifurcações, mas elas me pareceram opções diferentes para chegar a um mesmo ponto logo depois, então me senti seguro para seguir em frente. Quando surgia alguma dúvida, eu apenas conferia no mapa se ainda estava no rumo certo. Nesse morro, que faz parte da Serra do Ouro Fino, já é possível observar diversos afloramentos rochosos e, apesar de serem apenas cerca de 550 metros, a subida é bastante cansativa.

Em vários pontos, é possível fazer pequenas paradas para retomar o fôlego, se hidratar e aproveitar para apreciar a vista e tirar fotos. Nessa trilha, eu recomendo levar pelo menos um litro de água por pessoa – eu sempre bebo bastante. Ao mesmo tempo, não quero carregar um peso desnecessário, então sem exageros. Trata-se de uma subida forte, com um leve ziguezague nos pontos mais íngremes.

Embora as cachoeiras sejam o objetivo final, eu também gosto desse tipo de passeio para ter mais contato com a natureza durante o trajeto. Eu encontrei por lá alguns calangos, aranhas, borboletas e pássaros, mas vi também fotos de pessoas que avistaram cobras pequenas sem nenhum relato de maiores problemas. Da flora, destaca-se uma espécie rara de samambaia popularmente conhecida como samambaiuçu e a bela flor de tons roxos chamada canela de ema, endêmica na região. O parque tem vegetação predominantemente do cerrado, apresentando condições para uma propagação rápida do fogo. Por isso, é importante estar atento para não causar nenhum incêndio.

Logo se chega à metade da trilha e lá mesmo observei uma fogueira onde as pessoas costumam parar e até acampar, já que não há muitas outras áreas planas. Como é importante tomar cuidado com o fogo, ela estava em um local sem vegetação próxima. Também é imprescindível levar agasalhos, pois pode fazer bastante frio durante a noite. O mirante da serra proporciona uma vista privilegiada das comunidades próximas, das serras e do vale abaixo. Ali também há algumas bifurcações da trilha, então é preciso atenção.

Para seguir até as cachoeiras, deve-se seguir a mesma trilha em que chegou, mas recomendo confirmar no mapa para não ter erro. Essa é uma outra parte tranquila da caminhada, com mais areia do que pedras e sem subidas e descidas. Em compensação, não tem absolutamente nada de sombra. Eu fiz o trajeto de ida de manhã e mesmo assim senti bastante calor. Reforço, portanto, a necessidade de usar protetor solar, roupas leves e chapéu.

Em pouco tempo, encontra-se um córrego que pode ser facilmente atravessado pisando com cuidado sobre as pedras. A partir daí, fica mais fácil se orientar porque é possível seguir o som da água, embora eu imagine que ele fique cada vez mais seco com a entrada do inverno e a diminuição das chuvas na região até a primavera.

Achei muito bonitas as rochas nesse trecho, moldadas pela erosão em uma inclinação bastante dinâmica. Infelizmente, isso também quer dizer que o terreno se torna bem mais acidentado, como uma escada tortuosa de degraus irregulares, o que eleva a classificação dessa trilha para intermediária ou difícil, dependendo do nível de experiência do visitante. O trecho da descida pode ser tão cansativo quanto a parte da subida, castigando os pés e joelhos.

Em determinados momentos, há mais de uma opção de onde passar, mas os caminhos se encontram mais para a frente. Eu tentava escolher o que era aparentemente mais tranquilo, mas não tem muita escapatória. Para se ter uma ideia, esse trecho de pedras próximo das árvores faz parte da trilha e, em vários momentos, é preciso inclinar o corpo, se agachar, usar as mãos e segurar nas árvores para se sentir razoavelmente seguro, evitando derrapagens, escorregada e torções. A parte final antes de chegar nas cachoeiras, conhecido como paredão, é a prova que nem sempre se aplica a regra de que para baixo todo santo ajuda.

Ali fica correndo uma água que forma pequenas piscinas naturais em alguns pontos no meio das rochas. Na ida eu estava mais interessado em chegar nas cachoeiras, mas na volta sentei e fiquei relaxando ouvindo o barulhinho das pequenas quedas, tanto para descansar um pouco da subida quanto para aproveitar o lugar. É uma área bastante relaxante e calma, já que não acumula tanta gente, e tem uma bela vista das montanhas. Além disso, vi no mapa que ali perto fica a Cachoeira do Gambá, que não cheguei a visitar.

Se você der um bom zoom no mapa interativo disponibilizado no começo dessa postagem, vai ver que o finalzinho da trilha tem duas opções. À esquerda você tem acesso a uma piscina natural, além do caminho de acesso à cachoeira superior de que falo mais à frente. À direita você desce e encontra a Cachoeira da Pedra Furada, que tem uma boa área com pedras que dá para aproveitar o visual. Muitas pessoas fazem o passeio mesmo só pelo desafio e para curtir o espaço. Eu, particularmente, gosto de entrar na água.

Nesse lugar, o curso da água é bem raso, pelo menos na época do ano que eu fiz esse passeio. Para mergulhar e realmente se banhar, é preciso ficar bem próximo da queda. Como a maioria das cachoeiras que eu já visitei na minha vida, a água é gelada e a melhor alternativa é se jogar sem muita cerimônia e sofrimento, preferencialmente assim que chega da caminhada. A cachoeira em si fica na sombra, o que aumenta a sensação de frio.

Fique atento porque o local da queda é profundo, não sendo recomendado para quem não sabe nadar porque forma um buraco que não dá pé. Eu fui nadando, mas também é possível dar a volta junto à parede para chegar na parte de trás da cachoeira, onde dá para ficar com a água na cintura ou até sentado em alguns pontos. Mesmo sendo um desafio por causa da temperatura, eu acho que o banho complementa bem o passeio, já que você consegue sentir toda a força da natureza.

Essa queda recebe o nome de Cachoeira da Pedra Furada devido à grande rocha com um buraco que fica logo em frente, certamente moldada por milhares de anos pela própria força da água. Muitas pessoas a confundem com a da Cachoeira da Ostra que, na verdade, fica a cerca de 100 metros acima. O acesso a ela apresenta alguns novos desafios.

Primeiro, você deve voltar por onde desceu e pegar o caminho da esquerda, onde a trilha se dividiu. Outra opção é escalar o paredão da queda da cachoeira, o que se mostra um pouco mais arriscado se você tem medo de altura – eu já fiz as duas coisas sem problemas. Fato é que ali na parte superior da queda da cachoeira se forma uma piscina natural bastante agradável. Em compensação, as pedras são mais irregulares e fica um pouco desconfortável para sentar e deitar. Eu preferi seguir caminho para o atrativo principal do passeio.

Muitos turistas acabam não conhecendo a outra cachoeira por causa do acesso escondido. Basicamente, você é obrigado a entrar na água dessa piscina natural e se molhar até quase a altura da cintura e seguir o caminho rio acima, tomando muito cuidado para não escorregar nas pedras molhadas que podem conter lodo. O cascalho também pode incomodar um pouco na pisada, mas nada que vá causar cortes – eu mesmo fui descalço.

Daí é seguir contra o fluxo da água por cerca de cem metros, algumas vezes se molhando para atravessar de um lado para o outro, em outros momentos passando por cima das pedras. Eu achei bem tranquilo, tirando uma outra parte em que é preciso fazer um esforço maior. Para ajudar, eu amarrei os tênis na mochila e fiquei com as mãos desocupadas. É importante lembrar que você vai precisar levar todos os seus pertences nesse trecho, já que outras pessoas vão chegar e é um pouco arriscado deixar algo para trás.

Tem também outro acesso que é feito através de cordas e ganchos que foram pregados em algumas pedras, mas eu achei mais complicado porque não tinha nenhum equipamento de segurança. Fato é que, finalmente, cheguei ao destino final do passeio. A Cachoeira da Ostra tem uma queda pequena em altura, mas com bom volume, sendo formada pelas águas do Ribeirão Catarina. Embora cada uma tenha as suas particularidades, eu gostei mais dessa cachoeira porque há paredões de pedra dos dois lados e tem uma piscina maior, permitindo ficar em uma parte tranquila da corredeira.

Quando eu cheguei nessa segunda cachoeira, por volta das onze horas da manhã, não tinha absolutamente ninguém por lá e pude aproveitar bem. Claro que entrei novamente na água e fui até o poço, que possui alguns lugares em que dá pé e outros com até três metros de profundidade, sendo necessário tomar certo cuidado. Outra vantagem dessa cachoeira em relação à outra é que aqui bate sol direto, o que ameniza o frio.

Com as energias renovadas pelo banho de cachoeira limpa e cristalina, chegou a hora de fazer um lanche. Em toda a área não há nenhuma infraestrutura como placas de direção, indicação de distâncias, banheiros, lixeiras e muito menos locais para compra de alimentos. Tudo precisa ser levado de casa contando no planejamento que serão cerca de 1h30 de caminhada para ida e o mesmo na volta, além do tempo de ficar curtindo o local. Ou seja, leve comida suficiente para metade do dia pelo menos. Eu tinha água, iogurte, fruta e sanduíche natural.

A minha ideia de um passeio desse tipo é de conexão com a natureza, então sempre recomendo se programar para chegar o mais cedo possível e evitar as aglomerações. Em poucas horas, principalmente nos finais de semana, o espaço é tomado por um número grande de pessoas que conversam alto e tiram sua paz se você não estiver nessa mesma vibe. Tem gente que leva até caixinha de som, o que eu acho um tanto sem noção para um espaço público. Quando já estava indo embora, as pedras estavam tomadas por turistas. Infelizmente, também vi algum lixo jogado pelos cantos, como latinhas de cerveja e outras embalagens.

Por isso mesmo, no começo da tarde, eu já estava no meu caminho de volta para a cidade, sendo necessário considerar que é preciso subir todo o paredão e depois descer a montanha. Nesse trecho, ainda encontrei pessoas indo para as cachoeiras, algumas apenas para visitar outras com mochilas grandes e equipamentos para passar a noite. A distância total percorrida até onde deixei o carro é de pouco mais que três quilômetros em cada sentido. Tirando o tempo que fiquei no paredão, a minha volta foi um pouco mais rápida, porque não parei tanto para tirar fotos, totalizando pouco mais de uma hora.
a trilha está aberta?? essa da cachoeira das ostras
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Oi, Léo. Está acessível com esse desvio no começo da estrada de terra.
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