Durante os dias em que fiquei em Lausana, eu tive a oportunidade de curtir a paisagem do lago de diversos pontos de vista. Como a cidade se encontra em um morro, vários lugares proporcionam uma vista privilegiada. Foi o caso da torre de madeira do Parc de Sauvabelin, da visita ao museu Fondation de l’Hermitage, do passeio pelo Esplanade de Montbenon e da subida na torre do sino da Cathédrale Notre-Dame. Não podia faltar, entretanto, ver o lago mais de pertinho.

Os celtas chamavam o lago de Lem an, um nome que pode ser traduzido como “água grande”. De fato, é o maior dos lagos da Europa Ocidental, (…). Também se destaca pela navegação. A companhia marítima CGN, por exemplo, opera em suas águas cerca de dez barcos a vapor com rodas de pás – a maior frota na Europa para embarcações nesse estilo. Além disso, balsas ligam as várias cidades e vilarejos espalhados em suas margens. Fora as diversas opções de passeios turísticos. Quando eu fui para a região, planejei fazer o trajeto até o Château de Chillon ou até Genebra de barco, mas acabei optando pelo trem para otimizar o tempo.
Falando em Genebra, o Lac Léman também é conhecido como Lac de Genève (francês), Genfersee (alemão) e Lago Genebra, em português. Isso porque uma das cidades mais importantes às suas margens é justamente essa. Se você afastar o mapa interativo acima, verá que o lago fica na fronteira entre a Suíça e a França, com Genebra bem na pontinha da parte sul.
O primeiro registro conhecido do seu nome é Lacus Lemannus, na época do Império Romano. Depois tornou-se Lacus Lausonius, Lacus Losanetes e então Lac de Lausanne, na Idade Média. Com a crescente importância de Genebra, tornou-se Lac de Genève. Já no século XVIII, o nome Lac Léman foi revigorado. Chamá-lo de Lago Genebra atualmente é controverso, uma vez que o nome faz referência mais à parte sul, correspondente ao Pequeno Lago.

Para chegar até o lago, resolvi pegar o metrô, que desce o morro em linha reta com algumas estações pelo caminho. Eu estava hospedado no Hôtel Résidence du Boulevard, que fica bem próximo à estação central de trem e ao metrô de Grancy. A passagem era de graça, visto que a hospedagem disponibiliza um cartão para cada hospede utilizar o transporte público da cidade livremente durante seu período de estadia. De qualquer maneira, nesse dia eu estava usando o Swiss Travel Pass, um bilhete turístico que engloba viagens por todo o país, uso do transporte local e entrada para a maioria dos museus.
O destino era a estação de metrô Ouchy-Olympique, que fica bem próxima às margens do lago. A partir dali, você pode ir até o porto para iniciar um passeio de barco do terminal Lausanne-Ouchy. Como eu não faria esse tour, fui ali apenas para apreciar a paisagem.

Um dos destaques dessa região é o Château d’Ouchy, um hotel chiquérrimo que se tornou um cartão postal por si só. Funcionando em um autêntico edifício do século XII, sua história começa com a construção de uma torre à beira do lago, em 1177, pelo bispo Landri de Durnes. Um século depois, o edifício foi ampliado e fortalecido para acomodar os bispos de Lausanne, além de ser usado como prisão. Já após da Idade Média, o castelo tornou-se propriedade dos oficiais de justiça de Berna. Após um período de abandono, quando sua torre foi reduzida a cinzas em 1609, o cantão de Vaud o recuperou e vendeu parte da propriedade para Jean-Jacques Mercier. Ele foi o responsável pelo atual estilo neogótico e uso como hotel, já que colocou abaixo as ruínas da estrutura e construiu a infraestrutura hoteleira, deixando apenas a masmorra intacta. Atualmente, o Château d’Ouchy é considerado uma das grandes propriedades suíças de importância cultural. Em frente ao hotel é possível alugar pequenos barcos para passeios privados.

Seguindo a caminhada, passei pela Place du Général-Guisan, recuada da agitação à beira do lago. Henri Guisan é um líder militar suíço considerado um herói nacional, já que comandou o exército do país durante a Segunda Guerra Mundial, por isso está representado em uma estátua montado em um cavalo. Mas a praça pouco lembra a guerra. Ali estão plantadas cerca de sessenta variedades de rosas, que podem ser vistas passando pelos caminhos abertos entre os canteiros dos jardins, e árvores centenárias como castanheiras e plátanos.

Dali, fiz uma agradável caminhada pelo calçadão que fica à beira das águas. O lago formou-se após a última era glacial, há aproximadamente 15 mil anos atrás, e chega a 310 metros de profundidade. Encravado entre as montanhas dos Alpes e a cordilheira do Jura, essa grande massa de água cria um microclima ameno, protegido do rigoroso inverno montanhoso por conservar o calor, mas também fresco no verão. Durante o trajeto, você pode observar os cisnes brancos se alimentando próximo à margem e as montanhas com picos nevados ao fundo.

O curto passeio tinha como destino final o Le Musée Olympique, o maior museu do mundo dedicado a recontar a história das Olimpíadas. Sua localização em Lausanne faz sentido porque a cidade é sede do Comitê Internacional Olímpico (COI), criado para reviver o evento que era realizado na Grécia Antiga. Para chegar ao museu, é preciso subir as escadarias ou rampas que cortam o Parc Olympique. Lá de cima, se tem uma bela vista da paisagem no entorno do Lac Léman.