Esse extenso parque é uma das áreas verdes mais movimentadas de Lausana, sendo visitado tanto pelos moradores, quanto pelos turistas que visitam a cidade. É compreensível que sua aceitação seja tão grande, já que conta com grandes extensões de grama, áreas sombreadas, jardins floridos e bem cuidados, árvores centenárias e, principalmente, uma vista de cair o cu da bunda. Difícil encontrar melhor.
Sua história começa no século XIV com o desbravamento da mata natural presente no local. Desde então é um espaço público, se tornando um destino de passeios, festas e exercício militar. A área se desenvolveu bastante no século XIX, quando recebeu plantações e árvores (1814), uma fábrica de lâmpadas a gás (1873) e a construção do Palais de Justice (1881 – 1886).

O Palais de Justice é um imponente edifício projetado para abrigar o Supremo Tribunal Federal da Suíça. De estilo neorrenascentista francês, erguido sob o comando do arquiteto Benjamin Recordon, possui uma fachada solene marcada por colunas grandiosas no centro. As esculturas na parte superior representam a força, a Helvetia (figura feminina que representa o país) e a lei. O palácio agora abriga o Tribunal Distrital e a Corte Trabalhista, uma vez que o Tribunal Federal foi transferido para outro lugar na década de 1920.

Nos anos seguintes, uma série de monumentos celebrando emblemas do Cantão de Vaud e o patriotismo suíço foram instalados no parque, como estátuas e capelas para homenagear pessoas como Alexandre Vinet, crítico literário e teólogo nascido na região, e Guillaume Tell, herói nacional.
Exatamente na frente do palácio se encontra uma estátua de Guillaume Tell (em francês, mas o nome também pode ser Wilhelm, Guglielmo ou Guglielm em alemão, italiano e romanesco, respectivamente). Na verdade, não há uma comprovação de que tal indivíduo sequer existiu, mas trata-se de uma lenda de grande importância sobre um homem que utilizou uma besta para assassinar um tirano e dar início ao processo de fundação do país na Idade Média. Há também uma capela construída no início do século XX na esplanada em sua homenagem.

As maiores transformações no local remontam à segunda metade do século XX. Em 1962, as plantações e estufas da cidade foram retiradas do parque, dando lugar a um grande estacionamento coberto, de vários andares. O telhado desse estacionamento foi convertido em uma esplanada, cujos últimos trabalhos terminaram em 1984. Essa área com um extenso gramado é muito procurada pelos visitantes nos dias de clima quente, quando é possível ver várias pessoas deitadas ou fazendo piquenique na grama com vista para o Lac Léman e os Alpes. Também é um ótimo lugar para curtir o pôr-do-sol.

Outro destaque do parque é o Casino de Montbenon, construído em 1908 em estilo florentino para uso de empresas locais e para desenvolver o turismo na cidade. Ao contrário do que sugere o nome, a estrutura nunca foi utilizada como uma casa de jogos e apostas, tendo servido, entre outras coisas, como sede do Comitê Internacional Olímpico (COI) entre os anos de 1915 e 1922. A instituição, responsável pela organização dos Jogos Olímpicos, ainda funciona em outro local da cidade, que também conta com o ótimo Le Musée Olympique.

Na década de 1980, o prédio foi renovado e passou a funcionar como centro cultural e social. Ali está abrigado a Brasserie de Montbenon, um restaurante de ambiente elegante e comida muito gostosa onde tive o prazer de almoçar. Também há a Cinématographe, que serve como uma sala de cinema para a fundação nacional responsável por coletar, proteger, estudar e apresentar filmes; a Salle Paderewski, um espaço multiuso para concertos e exibição de obras audivisuais; a Salle des Fêtes, que pode abrigar diferentes tipos de eventos; e outros.
Ainda que você não vá ao restaurante ou alguma das outras estruturas presentes no parque, vale a pena fazer o passeio só pela vista da região. Foi, sem dúvida, o ponto de observação mais bonito que eu tive do lago e das montanhas em Lausana.