Em 1841, o banqueiro Charles-Juste Bugnion comprou a terra chamada l’Hermitage, em um monte com vista para Lausanne. A palavra francesa hermitage significa que ali era um local de eremitas, indivíduos que vivem isolados por motivos de penitência, amor à natureza ou vocação religiosa. De fato, a propriedade fica próxima à Cathédrale de Lausanne. O empresário encomendou, então, a construção de sua residência ao arquiteto Louis Wenger. A mansão foi erguida entre os anos de 1842 a 1850 e diversas espécies raras de plantas e árvores foram introduzidas no local, todas novas para aquela época, projetado por sua esposa, Jeanne-Marie Bugnion. Em 1976, a villa e parte do parque foram doados para a cidade de Lausana pelos descendentes dos proprietários originais.

No mesmo ano da doação, uma fundação privada foi formada com o objetivo de manter a bela residência do século XIX preservada e aberta para o público, onde funcionaria um museu de belas artes de alta qualidade. Desde 1984, duas ou três exposições acontecem na Fondation de l’Hermitage, atraindo visitantes de todos os lugares do mundo. Além disso, o museu possui uma coleção própria, mas que não está sempre em exibição.

Além da casa principal, foi erguido um prédio em estilo inglês de tijolos vermelhos que serviria como pombal, de frente a uma plantação de laranjeiras. O projeto, confiado ao arquiteto Louis Joël, tinha como objetivo separar visualmente os edifícios agrícolas da residência, além de animar o parque, como estava na moda naqueles tempos, com um elemento arquitetônico pouco usual. Atualmente, funciona ali o café e restaurante do museu, L’Esquisse. Já a antiga casa de fazenda agora abriga uma área voltada a atividades pedagógicas e um auditório.

Iniciada há mais de 30 anos, a coleção permanente do museu inclui cerca de 650 obras, apresentadas ao público em paralelo com as exposições temporárias. A coleção é composta, principalmente, por doações, legados e depósitos. Inicialmente, a fundação recebeu a rica coleção da própria família Bugnion, que contava, entre outras obras, com uma série de retratos datados de meados do século XVIII. Com o tempo, foram recebidas diversas esculturas, pinturas, desenhos e gravuras, além de algumas aquisições. Outro destaque são as porcelanas chinesas datadas do século XII ao XIX, propriedade da Fundação Vergottis, que fica em exibição permanente na galeria subterrânea.

O grande destaque está, entretanto, nas exposições temporárias. Quando eu visitei o museu, estavam em exibição obras primas do impressionismo e pós-impressionismo de uma das mais prestigiosas coleções de arte do mundo, pertencente à Foundation E.G. Bührle Collection. A exposição tinha início com uma jornada pela história da arte moderna com uma seleção de retratos de Frans Hals, Ingres, Corot, Coubert, Fantin-Latour e Renoir. Pinturas de Delacroix e Daumier indicavam a influência do romantismo e realismo na emergente arte moderna, enquanto trabalhos de Bonnard, Vuillard, Braque, Derain, Vlaminck, Toulouse-Latrec, Modigliani e Picasso demonstravam o caminho que levava ao século XX. Como se pode perceber, vários nomes de peso. Informações sobre as exposições atuais, bem como passadas e futuras, podem ser acessadas na página do museu.

Seja para apreciar a arquitetura, tomar um café, passear no parque, ter a vista da cidade e região ou visitar a parte interna e ver as obras de arte, um passeio pelo Parc l’Hermitage com certeza vale a pena. Os dias e horários de funcionamento do museu, preços, opções de transporte até o local, eventos e outras informações podem ser encontrados na página oficial.