Säntis é a mais alta montanha do leste suíço, com o pico chegando a 2.502 metros de altitude acima do nível do mar. Localizado próximo ao Lago Constança, é bastante procurada por turistas como ponto de partida para passeios, caminhadas, descidas de esqui e outras atividades diversas. Para ter a vista de seis países, é preciso fazer a subida de bondinho até o pico, onde foi construída uma estação meteorológica no ano de 1882. É possível visitar o local em um bate e volta a partir da cidade de Zurique.

A subida se dá por um bondinho que sai de Schwägalp. Você pode chegar lá de carro, pois há estacionamento gratuito. Eu tinha o Swiss Travel Pass, que dá direito a viajar de graça por todo o país, então fui de trem + ônibus. O trajeto vai variar de acordo com o seu ponto de partida. Eu estava hospedado em Arbon, passeei pelo centro histórico de St. Gallen pela manhã e depois segui viagem até a estação na base da montanha. Isso incluiu algumas baldeações, mas nada complicado. No meu caso foi uma viagem de uma hora, com um trem de St. Gallen → Herisau, outro trem de Herisau → Urnäsch e, por fim, o ônibus de Urnäsch → Schwägalp, Säntis-Schwebebahn. Existem outras possibilidades e a mais rápida pode variar de acordo com o horário de saída e o local de partida. Para descobrir qual é a melhor opção para você, recomendo buscar o trajeto no Google Maps. Para isso, basta colocar como destino final o Säntis-Schewebebahn.

A boa notícia é que o sistema de transporte público da Suíça é extremamente organizado e pontual – fiz uma postagem em que faço um apanhado geral sobre viagem de trem no país, reunindo as dúvidas que eu tinha e foram esclarecidas durante o período que fiquei por lá. De qualquer maneira, a viagem é um passeio por si só, já que é a oportunidade de ver pequenas cidades pitorescas e paisagens lindíssimas no caminho. Destaque para a parte de ônibus, quando é feita a subida por uma estrada tortuosa e começamos a ver bastante neve, mesmo na primavera.

A parte do ônibus dura apenas 12 minutos e tem como destino final a estação de onde parte o bondinho. Ali você pode visitar a lojinha de souvenirs, ir ao banheiro e comprar ingresso para subida. As informações de horário de funcionamento e preços podem ser acessadas na página oficial. Os ingressos são: adultos (16 anos ou mais) pagam o valor completo; crianças (6 a 15 anos) pagam metade; adultos com cartão de desconto (incluindo Swiss Travel Pass) pagam metade; estudante e aprendizes (com comprovante) pagam um valor com desconto, pouco maior que a metade. Você também pode pagar apenas metade do valor se subir no dia do seu aniversário, sendo necessário mostrar um documento de identificação ou passaporte. Outra possibilidade de conseguir desconto é ir com grupos a partir de 10 pessoas. O pagamento é feito em dinheiro ou cartão, sendo que o troco é em euros se a moeda usada para pagamento for essa.

As partidas do bondinho acontecem a cada 30 minutos, então é bom estar atento para não perder o horário, que é exibido na tela. Quando o movimento está muito grande, pode haver viagens extras. Para o embarque, é necessário passar por uma máquina que lê o código de barra impresso no ingresso. É importante guardar bem esse ingresso, pois será necessário utilizá-lo novamente para a descida.
O bondinho é bem espaçoso, comportando 85 pessoas e carga de até 6.800 kg. No horário em que eu fiz a subida, estava bem vazio, então era fácil se posicionar perto de uma das janelas e até trocar de lugar algumas vezes para ver a paisagem de diversos ângulos.

A estação do bondinho está a 1.350 metros, enquanto a estação de destino lá em cima está a 2.473 metros de altitude em relação ao nível do mar. O trajeto dura cerca de 10 minutos, quando você assusta, já chegou.
A inclinação média é de 55,87%, mas tem um trecho que fica bem mais íngreme, atingindo os 90,44%. Como o tempo é curto, é preciso se programar e separar o tempo para tirar fotos, fazer vídeos e simplesmente curtir a paisagem.
Subidas especiais para ver o nascer do sol, incluindo café da manhã no restaurante, e nas noites de lua cheia, acontecem em datas especiais. Para consultar o calendário, entre na página oficial.

Uma coisa importante antes de fazer a subida é verificar como estão as condições climáticas lá em cima. Isso pode ser feito através da página oficial, que mostra a imagem de webcams em tempo real e a previsão para os próximos dias, inclusive de hora em hora, com as chances de precipitação e a velocidade do vento.
O ideal é subir em um dia de céu limpo para garantir que será possível ver os seis países que circundam o monte: Suíça, Alemanha, Áustria, Liechtenstein, França e Itália. Quando eu fui estava parcialmente nublado, então era preciso esperar pacientemente a movimentação das nuvens para conseguir visualizar melhor a paisagem em volta. Mesmo que no pé da montanha esteja fazendo bastante sol, pode ser que a estação superior esteja totalmente coberta por nuvens e você não enxergue nada além de um palmo do nariz.

Além da visibilidade, é preciso levar em conta o clima lá em cima. Obviamente que é bem mais frio do que na parte baixa. Eu fui na primavera e, ainda assim, havia muita neve lá em cima. Como eu já sabia das condições, levei roupas adequadas, gorro e luvas.
Apesar de haver mirantes internos, o ideal é ir para a parte de fora, já que há varandas espaçosas e trilhas que levam a pontos mais altos. Do lado de fora tem alguns momentos em que venta muito, então você fica congelado rapidinho.

O legal é que você pode aproveitar as montanhas de neve que se formam nos mirantes e nas trilhas para brincar. Mas é preciso ter bastante cuidado, principalmente se não estiver usando um calçado adequado, pois é bastante escorregadio. Lembre-se: safety first.
O que eu aprendi de andar na neve é que é sempre melhor arrastar os pés e ir devagar. Também é bom buscar um ponto de apoio, mesmo que seja uma pessoa que você vai puxar para cair junto contigo e dividir a humilhação. Falando em humilhação, é até tranquilo andar no plano. A coisa fica tensa quando há rampas e inclinações… caso esteja com muita dificuldade, deixe o orgulho de lago, agacha e vai escorregando de bunda. Será, no mínimo, divertido.

O prédio que fica no topo do Säntis possui seis andares. A estação de chegada e partida do bondinho fica no térreo, assim como uma loja de souvenirs e o centro de atendimento médico. Os restaurantes Terrasse e Panorama ficando no segundo e terceiro andar, respectivamente. Eu não quis comer lá em cima porque, como era de se esperar, as refeições não eram baratas – levamos nossos próprios lanches, o que recomendo que todos façam. O quarto e quinto andares possuem terraços abertos, sendo que no quarto está a saída para um caminho com rampas e escadas que dá acesso a outro mirante ao ar livre. Fora os mirantes e restaurantes, há também uma exposição de minerais de diversos lugares do mundo.
A graça mesmo do local, entretanto, está na vista de 360° que proporciona de toda a região. Ainda que estivesse parcialmente nublado, consegui ver bem a paisagem quando as nuvens passavam. Aproveitei para tirar um bocado de fotos e fazer vídeos. O segredo, se o tempo estiver assim, é consultar novamente a previsão do tempo e aguardar pacientemente o tempo abrir.
Fora isso, não havia muito o que se fazer lá em cima. Depois de explorar todo o local, eu e meus companheiros de viagem resolvemos ir até a estação do bondinho e verificar o horário da próxima partida. Lembro, novamente, que, para passar pela catraca, é preciso ter o bilhete em mãos.

Se você quiser explorar melhor a região, o ideal é se hospedar no Säntis – das Hotel, aberto em dezembro de 2015. Infelizmente, eu estava com os dias contados, então não pude ter essa experiência. Mas pelo que vi é uma hospedagem muito agradável, com apartamentos confortáveis, café da manhã, bilhete de ida e volta no teleférico da montanha e a opção de descansar no relaxante spa inclusos no valor da diária. O restaurante, no terraço, serve pratos típicos da região. Para quem se hospeda por lá ou vai passar mais tempo na montanha, há várias trilhas de caminhada que podem ser percorridas tanto no verão, quanto no inverno. Outras atividades incluem ciclismo, demonstrações de fabricação de queijo no Schwägalp, atividades esportivas de inverno e experiências gastronômicas. Outra vantagem de passar uma ou mais noites por lá é que você tem mais chance de pegar um dia ou horário com clima bom para a subida.

Já para ir embora, basta caminhar até o ponto do mesmo ônibus usado na ida e seguir viagem. Eu ainda incluí nesse dia uma ida à pequena vila de Appenzell, onde fiz uma caminhada pelas ruas cheias de casinhas históricas e comi um almojanta no Restaurant Sonne.