Altstadt é uma palavra em alemão que pode ser traduzida para o português como cidade velha e, no caso de Zurique, engloba toda a área histórica da cidade até 1893, a partir de quando foram incorporados outros distritos ao município. A cidade velha corresponde, aproximadamente, à área que ficava dentro das muralhas e hoje é chamada Kreis 1 – traduzindo, Distrito 1. Administrativamente, esse distrito é dividido em quatro partes: Lindenhof (pátio de limas); Rathaus (prefeitura); City (cidade); e Hochschulen (universidades). As duas primeiras correspondem à cidade medieval, mais central e às margens esquerda e direita do rio Limmat, respectivamente. As duas últimas são mais modernas e já chegavam até as muralhas. Eu fiz tudo por conta própria, mas também é possível reservar um tour guiado completo pela região.

A maioria dos pontos turísticos de Zurique se concentra nessa região, que também possui vários hotéis. Eu preferi me hospedar no Hitrental Badenestrasse Apartments, que fica no Kreis 4, bem em frente a uma estação do tram, o que facilitava o acesso a qualquer ponto da cidade. Achei muito vantagem alugar um apartamento, com cozinha toda equipada, pois economizamos bastante fazendo as refeições em casa e tínhamos mais liberdade do que se tivéssemos optado por um hotel.

A visita ao centro histórico da cidade começou com a ida de bonde até a super movimentada estação de Paradeplatz. Essa praça é um dos lugares mais caros de todo o país e se tornou símbolo da riqueza e dos grandes bancos Suíços, pois ali estão localizados o UBS e o Credit Suisse. O local estava fora das muralhas medievais originais da cidade, tendo sido incorporado com a construção das novas barreiras em 1642. Durante o século XVII, serviu como espaço para um mercado conhecido como Saümärt (mercado de porcos), que foi renomeado para Neumarkt (novo mercado) em 1819 e finalmente recebeu o nome atual com a construção da Bahnhofstrasse, em 1865. Essa rua de compras, que vai até a estação de trens no norte, concentra várias lojas caras como Louis Vuitton, Hermès, Gucci, Tiffany & Co, Dior, Dolce&Gabanna, Giorgio Armani, Montblanc e outras.

Dali seguimos em direção à parte mais histórica, passando na frente do restaurante Zeughauskeller, onde fomos jantar outro dia. O edifício onde funciona o estabelecimento foi construído em 1487 e funcionava como arsenal, o que quer dizer que ali eram armazenados e reparados equipamentos e armas de guerra, além de guardar mantimentos diversos. Em 1867, um novo arsenal foi construído e as armas foram transferidas para lá. Desde 1927, funciona como restaurante e é muito procurado pelos turistas que visitam a cidade e querem provar a comida típica dessa região do país.

Dali seguimos para a St. Peterskirche, que é a mais antiga e única igreja em estilo barroco da cidade. Infelizmente ela estava fechada no dia, mas podemos ver a parte externa e a torre, que possui o maior relógio de toda a Europa, com um diâmetro de 8,7 metros, e cinco sinos que datam de 1880 e pesam mais de 6 toneladas sem os badalos. Da Idade Média até 1911, a torre foi usada como ponto de observação para incêndios, pois a igreja se encontra em uma elevação do terreno e proporciona uma boa vista da cidade. Não pudemos ver o interior, com sua fonte batismal de 1598, cadeiras do coro em madeira entalhada do século XV e outros atrativos, mas valeu a pena só por andar por aquelas ruas estreitas e cheias de casas antigas.

Dessa igreja, descemos uma pequena ladeira até a Münsterhof, que é a maior das praças do centro histórico da cidade e está rodeada de prédios medievais, onde funcionam restaurantes e cafés. Essa região também tem várias lojas, afinal de contas, trata-se do centro da cidade. Mas devo dizer que eu achei tudo na Suíça muito caro e também não tinha objetivo de comprar nada, então só passei olhando as vitrines por curiosidade sobre o que era vendido.

O maior destaque dessa praça é a Kirche Fraumünster, fundada no século VIII e com grande papel no desenvolvimento da cidade já que, no século XI, recebeu permissão da coroa para cunhar moedas, coletar impostos e realizar feiras. Dois séculos depois, a abadessa tornou-se formalmente a governadora da cidade. A igreja passou por muitas mudanças com a Reforma Protestante, no século XVI. A visita interna é paga e permite apreciar os vitrais feitos por Augusto Giacometti e Marc Chagall. Se você não quiser conhecer o interior da igreja, caminhe pelo menos pela passagem de pedestres na sua lateral, pois ali estão diversos afrescos, no que era antigamente o claustro do convento.

Na parte de trás da igreja está o monumento do homem montado em um cavalo, criado por Hermann Haller e representando Hans Waldmann, prefeito da cidade entre os anos de 1482 e 1489. Revelada em 1937, a obra tornou-se assunto de controvérsias por razões artísticas, políticas e históricas.
Ali começa a Münsterbrücke, uma das pontes sobre o rio Limmat que faz a ligação entre Lindenhof e Rathaus. A ponte antiga, de madeira, foi construída ainda na época romana e era chamada de Ponte Alta, sendo substituída pela estrutura atual entre os anos de 1836 e 1838.
O transporte rodoviário é bem limitado entre os dois locais, então a ponte tem uso prioritariamente de pedestres e ciclistas. De qualquer maneira, fique atento ao trânsito quando estiver caminhando por ali para tirar as suas fotos.

Falando nisso, esse é um ótimo ponto de observação da Grossmünster, talvez o ponto turístico mais característico da cidade, com suas duas torres. A catedral foi construída a partir dos anos 1100, sendo inaugurada cerca de um século depois. De arquitetura romântica, tem como destaques o grande portal com colunas medievais da entrada lateral, que se dá por portas de bronze feitas por Otto Münch com cenas bíblicas e sob vitrais de formados com fatias de ágata, criados por Sigmar Polke. Assim como na Fraumünster, ali também há janelas de Augusto Giacometti. A visita, que é gratuita, também inclui entrada na cripta. Já a subida na torre é paga e oferece uma linda vista da cidade, do lago e os alpes suíços.

Saindo da igreja Grossmünster, voltamos a caminhar na beira do rio, dessa vez pela Limmatquai, que fica na margem direita. A caminhada foi bem curtinha, de cerca de 200 metros, até chegar na Rathaus. O edifício foi construído entre 1694 e 1698 e serviu como sede do governo e administração da República de Zurique até 1798. É propriedade do cantão de Zurique desde 1803 e abriga a Câmara Legislativa e o Parlamento da Cidade, devendo ser distinguido do Stadhaus, que fica ao lado da Fraumünster e é sede do governo executivo do município.

Dali voltamos novamente para o outro lado do rio pela Rathausbrücke, de onde temos uma bela vista das duas margens. Inicialmente, as casas ao longo do rio eram construídas diretamente na costa. Ao longo dos séculos, o rio Limmat foi sendo canalizado e dando espaço para a abertura de um caminho. A Limmatquai só surgiu como rua no século XIX, mas o fato é que foi construída em diferentes seções e com nomes diversos ao longo de muito tempo, só recebendo essa denominação atual a partir de 1933. A rua era um importante ponto de passagem para carros, mas agora é usada basicamente por pedestres e para a circulação dos bondes urbanos, permitindo que seja feita ali uma caminhada tranquila.

Subindo uma pequena ladeira, chegamos ao Lindenhof, um amplo parque cheio de árvores, tabuleiros de xadrez gigantes no chão e mesinhas de damas. No século IV, se instalou nessa colina um forte romano e, no século IX, o neto de Carlos Magno construiu ali um palácio real para servir de residência. Nos tempos modernos, continuou sendo ponto de encontro da população e palco de importantes eventos, como o juramento à constituição da República Helvética, em 1798. Atualmente, é um espaço tranquilo no coração da cidade, um oásis verde livre da circulação de veículos motorizados.

A posição elevada do Lindenhof permite que se tenha uma ótima vista da cidade. Dali pude observar a Hochschulen, uma das quatro partes do distrito histórico da cidade, onde fica a Universität Zürich.
No parque também tinha uma fonte de água potável, que eu aproveitei beber para reabastecer a minha garrafinha, e banheiros públicos, que usei e achei bem modernos, porque eles se limpavam sozinhos depois de serem utilizados.
Por fim, descemos novamente a colina em direção à Bahnhofstrasse. Essa rua foi construída quando as fortificações da cidade foram demolidas e a vala em frente às muralhas foram aterradas. Assim, o caminho deixou de ser chamado de Fröschengraben (A Vala dos Sapos) e passou a ser a Bahnhofstrasse (Rua da Estação).

Atualmente, a rua é amplamente usada pelos pedestres, mas também é passagem para os bondes da cidade. Com cerca de 1.3 km em toda a sua extensão, é uma caminhada bem agradável. Ela começa (ou acaba) na estação de trens Zürich Hauptbahnhof e segue para o sul com várias lojas de marcas mundialmente famosas, passando pela Paradeplatz e chegando até a Bürkliplatz, junto ao Lago Zurique.
Para facilitar a visualização de todo o passeio, disponibilizo o mapa interativo abaixo. A linha verde foi o caminho que eu e meus companheiros de viagem fizemos, mas você pode percorrer o centro histórico da maneira que quiser, visitando os pontos que achar mais interessante.
Valeuuu pelas dicas!! Muito bem explicado! Farei uma conexão de 10h em Zurique e pretendo seguir seu caminho!
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O aeroporto fica fora da cidade, mas dá para ir de trem até o centro histórico. Só ficar de olho no horário!
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