Esse é um daqueles lugares que você frequenta por necessidade nas suas idas e vindas, principalmente nos bate-e-voltas pelas cidades da região, mas que acaba sendo um ponto turístico por si só. Trata-se da maior estação de trens de toda a Suíça, sendo utilizado tanto para trajetos curtos, quanto para viagens mais longas de/para países vizinhos como Alemanha, Itália, Áustria e França. Por ali passam cerca de 3.000 trens por dia, sendo uma das mais movimentadas estações do mundo.
A estação se encontra no norte da Alstadt, ou cidade velha, na parte central de Zurique, próximo à confluência dos rios Limmat e Sihl. Sua localização é perfeita para quem vai fazer turismo na cidade, pois está próxima de várias atrações.

Na época da construção da primeira estação de trens de Zurique, o local era o limite noroeste da cidade. Após 143 anos, foi construída uma nova estação para servir de terminal da Swiss Northern Railway, mais conhecida como Spanisch-Brötli-Bahn (SBB), que foi inaugurada em 1847 e ligava a cidade a Baden. Com o rápido crescimento, as duas estações se fundiram e conexões com novas cidades foram surgindo. Logo se sentiu a necessidade de aumentar ainda mais e, em 1871, foi inaugurada a nova estação, com projeto do arquiteto Jakob Friedrich Wanner. Em 1893, a estação recebeu o nome de Zürich Hauptbahnhof, que pode ser traduzido do alemão para o português como “estação central”. Mas nós, que somos íntimos, a chamamos simplesmente de Zürich HB.

A entrada principal, com seu grande arco, fica de frente para a famosa rua de compras, Bahnhofstrasse. Em frente ao arco se encontra um monumento em homenagem a Alfred Escher, pioneiro da estrada de ferro suíça. O imponente prédio de arenito em estilo neorrenascentista possui largos e decorados corredores e saguões, com restaurantes e lojas. Ao longo das décadas seguintes, várias inovações foram trazidas para a estação, que evoluiu em espaço e tecnologias.

Em 1870, foi concluída a construção da Bahnhofplatz e do ShopVille, com lojas subterrâneas no caminho que dava acesso à estação. Ao contrário do planejado, o local não agradou ao público, que votou contra a abertura de um sistema de metrô subterrâneo no local, que acabou se tornando um ponto obscuro de tráfico de drogas da cidade. A solução veio em 1981, quando a população concordou com a construção do Zürich S-Bahn e a extensão da linha que vinha de Uetliberg, inaugurados em 1990. Com isso, o ShopVille tornou-se um dos maiores shoppings do país. Aliás, para entrar na estação, você pode descer pela escada que dá acesso ao piso inferior e evitar de atravessar a rua.

Uma boa dica para quem quer economizar nas refeições é fazer compras no supermercado, mas a maioria deles fecha bem cedo na Suíça e não abrem no domingo. Mas na estação tem um Coop e um Migros que, embora pequenos, ficam abertos até mais tarde. Eu também aproveitava as lojas de conveniência para comprar sanduíches naturais e sucos para fazer um lanchinho no deslocamento entre um local e outro.
No mais, basta seguir as placas e tentar não ficar seduzido pelas diversas lojas encontradas pelo caminho. Atualmente há cerca de 170 lojas em operação no local. A lista, horários de funcionamento e mapa podem ser acessados na página oficial.

Para viagens a outras cidades, eu consultava com antecedência o Google Maps para descobrir a hora de saída e as opções de trens para meu destino. Sempre dava certo. Daí era só chegar na estação e conferir a plataforma do trem. Como o local é bem grande, é preciso chegar um pouco mais cedo se você tem planos de pegar um trem em um horário já definido. Mas, no geral, eles saem com uma frequência boa.
Na hora de embarcar, é preciso ter uma atenção redobrada, pois você não precisa apresentar bilhete para ninguém, passar por catraca ou nada disso. Entrar no veículo certo é de sua total responsabilidade. Além disso, a maioria dos trens possui 1ª e 2ª classes, identificadas por um número na porta do vagão. Nem preciso dizer que você precisa ficar sentado na classe certa. Seu contato com os funcionários será já durante a viagem, quando eles passam conferindo os tickets. Eles devem ser comprados antes na bilheteria da estação ou em um dos terminais de autoatendimento. Como eu estava usando o Swiss Travel Pass para essas viagens, não precisava nem comprar bilhete, o que agilizava bastante todo o processo.

Já para usar os banheiros da estação existe catraca, pois o acesso é pago. Não cheguei a entrar em nenhum, mas vi que cobram para usar o WC e um valor mais alto pela ducha. Ali também não há funcionários, você mesmo insere as moedas e a catraca é liberada.
Se você precisar de moedas, há algumas máquinas de troco na estação. Funciona da seguinte forma: você insere uma nota de franco suíço (10 ou 20) ou euros (5, 10 ou 20) e a máquina te dá o mesmo valor em moedas. Repare que eles já determinam como será o troco. Por exemplo, se você insere uma nota de 10 francos, vai receber 4 moedas de 2 e duas moedas de 1. Não há custos para usar o serviço.

O dinheiro trocado também é necessário para usar os armários da estação, onde você pode deixar suas malas enquanto estiver passeando pela cidade. Os valores variam de acordo com o tamanho do armário e são um pouco salgados, mas vale a pena para não ter que ficar carregando peso para cima e para baixo. Uma dica importante é que talvez valha a pena pegar um armário maior e que caiba a mala de duas pessoas. Como eles ficam abertos, você deve testar qual será a melhor configuração antes de colocar o dinheiro.

Escolhido o armário, coloque primeiro todos os seus pertences lá dentro, conferindo se não está deixando nada que vai precisar trancado (carteira, celular, carregador, passe de trem, comida, etc.), depois coloque as moedas, feche a porta e rode a chave. O número do seu armário vem escrito na chave e, obviamente, você precisa tomar todos os cuidados para não perdê-la – imagino a dor de cabeça. Uma vez que você abrir o armário, terá que pagar outra vez o valor completo para trancá-lo novamente, então o uso é único.

No mais, vale a pena dar uma volta na estação mesmo que você não vá fazer nenhuma viagem. Eu passei por lá assim que cheguei na Suiça, já que fui de trem do aeroporto para a cidade. Nesse primeiro dia, carregando mala e na pressa de pegar o tram até o hotel, nem reparei muito, mas foi bom voltar mais vezes, com calma, e ver que é um prédio bonito, espaçoso e imponente.