A coisa mais importante na hora de arrumar uma mala é pensar no clima do lugar. Como San Pedro de Atacama está no meio de um deserto, com um clima muito intenso, tem alguns itens que são realmente imprescindíveis para sua saúde e bem estar durante o passeio. Embora eu não esteja me referindo apenas ao vestuário, vou começar por ele.

Não importa em que época do ano você irá visitar a cidade, tenha em mente que a variação térmica pode ser muito grande entre a noite e o dia, mas também entre a cidade e o local de alguns passeios. San Pedro de Atacama está a 2.400 metros de altitude acima do nível do mar, mas alguns dos passeios mais clássicos da região passam dos 4.000 metros. A dica mais importante nesse caso é se vestir em camadas, ou seja, com itens que você pode tirar ou pôr durante o dia de acordo com a necessidade. É imprescindível levar um gorro que tampe bem as orelhas, cachecol e luvas. Eu também fui com meia térmica.

Se você vai visitar o deserto no inverno, escalar montanha, atravessar o Salar de Uyuni ou, simplesmente, é uma pessoa mais friorenta que o normal, também é muito importante levar uma segunda pele para usar debaixo dos agasalhos. Essas roupas têm um material próprio para um frio mais intenso e realmente fazem toda a diferença, principalmente nas pernas. A maioria das pessoas acaba relevando a parte de baixo do corpo e se preocupando mais com casaco, toquinha, luvas, etc. Depois ficam lá tremendo igual vara bamba porque se esqueceram de proteger as pernas.
Falando em casaco, é interessante ter um próprio para esse tipo de clima. O meu é corta-vento e tapa todos os buraquinhos onde aquele ar inconvenientemente congelante pode entrar.

Outra coisa importante é ter um confortável tênis de caminhada. Mesmo que todos os passeios sejam feitos de carro, sempre tem que dar uma caminhada pela região, inclusive com subidas em morros ou pequenas escaladas dentro de cavernas. Os guias recomendam o uso de um calçado fechado. No caso do meu, ele também é à prova d’água, o que significa que ele é todo fechadinho e isso impediu também que entrasse areia. Em alguns passeios, você anda na areia fofa e eu não quero nem pensar no incômodo que seria se ela entrasse no meu calçado e ficasse machucando os meus pés.

Para terminar com essa parte de vestuário, é bom lembrar que alguns passeios incluem piscinas termais ou lagoas em que se pode entrar na água. Além da roupa de banho, recomendo levar uma toalha porque você irá querer se secar o mais rápido possível depois de sair das águas quentes dos Gêiseres del Tatio com um frio em graus Celsius negativos do lado de fora, por exemplo. Para esse passeio e da Laguna Cejar, eu peguei toalha emprestada no hotel, mas não são todas as hospedagens que vão permitir isso. Por via das dúvidas, leve a sua, mesmo que seja uma só para a família.
Falando em água, conheci durante um dos passeios o grupo de meninas brasileiras mais azaradas de todo o turismo mundial. Uma delas perdeu o celular, aparentemente foi roubada no aeroporto de Calama. Outras duas molharam os seus celulares, teoricamente à prova d’água, e eles pararam de funcionar. Ou seja, ficaram todas dependendo do celular da quarta-integrante do grupo para registrar as fotos da viagem – espero que ele tenha sobrevivido até o fim da viagem, visto que elas ainda estavam na primeira semana de umas férias que ainda iam durar um bom tempo. Enfim. Se você usa celular ou câmera para tirar suas fotos, não importa. É bom pensar em um case à prova de água para proteger o equipamento, inclusive da areia, que pode arranhar a lente.

Agora falando do clima. Não se esqueça de levar um protetor e hidratante labial. Por mais que a gente beba bastante água (o recomendado é levar um litro por pessoa para cada passeio), a hidratação fica comprometida pelo clima seco. No caso dos lábios, a situação pode ficar ainda pior por causa do frio. Encontrei algumas pessoas lá com a boca rachada, chegando a sangrar, pois não estavam usando nenhum tipo de produto nos lábios.
Obviamente, o item mais importante para a pele é o protetor solar. Ainda que a temperatura esteja baixa, a incidência dos raios solares é muito intensa no deserto. Os raios ultraviolentos, como eu gosto de chama-los, rebatem na areia e no sal e voltam como se vindos do inferno direto para torrar a sua cara. Lembre-se que a única sombra que você vai encontrar durante os passeios é quando estiver dentro do carro e, mesmo assim, se der a sorte de estar do lado certo do veículo. Portanto, não apenas passe o protetor antes de sair da sua hospedagem, leve ele na mochila para reaplicar durante o dia.
Esse bate-rebate dos raios solares também atrapalha a visão. A luz fica ainda mais intensa nas partes em que o solo está branquinho de sal, como no passeio do Vale da Lua e do Salar de Atacama. Eu ainda dei sorte de pegar neve com sol, o que deixa qualquer pessoa praticamente cega. Ou seja, não se esqueça de levar seus óculos de sol.

Este foi um dos itens que nem passou pela minha cabeça levar e, logo no primeiro dia em San Pedro de Atacama, o meu nariz já estava extremamente irritado devido ao clima seco. Lembre-se de que este é o deserto mais árido do planeta. A umidade relativa do ar chega a índices negativos, como -50% (haha, mentira). Mas sério, é muito seco e você sentirá as consequências na sua respiração. Eu sentia meu nariz ardendo e chegou a sair sangue, então é imprescindível ter uma solução nasal.
Também é bom levar um hidratante de pele, pois o ressecamento é geral. Até o coração da gente fica seco e passamos a odiar o mundo (mentira, de novo). Mas um hidratante, embora não seja totalmente necessário, ajuda a recuperar a pele depois de um dia no frio, no sol, na água salgada da lagoa, no frio de novo.

Ainda assim, é bom levar alguns remédios. Eu senti um pouco de dor de garganta nos primeiros dias, então chupei algumas pastilhas para aliviar. Também é comum sentir dor de cabeça, enjoos e outros sintomas relacionados com o mal de altitude. Eu sempre viajo com um pequeno estoque desses remédios para pequenas urgências. Nem sempre uso, mas quando preciso, é uma dor de cabeça (ou de barriga, ou de garganta) a menos já ter a solução às mãos. Curativos também são uma boa coisa de se ter na mala, principalmente nesses passeios que envolvem atividades físicas.

Alguns dos passeios duram o dia inteiro, então é bom ter baterias extras, no caso de câmeras fotográficas, ou um carregador portátil que serve muito bem para celular e outros eletrônicos. Inclusive, é comum cortarem a energia da cidade sem previsão de retorno (uma das moradoras locais me disse que acontece mais aos domingos). Ou seja, você pode acordar e descobrir que deixou seu eletrônico a noite inteira na tomada e não carregou nadica de nada. Daí é bom ter um plano B, talvez até mesmo C, se suas fotos de viagem vão depender de recargas.
Outro item que nunca falta na minha mala é um pacote desses de lencinhos, de preferência umedecidos para bundinha de neném. Mas podem ser lenços normais ou papel higiênico mesmo. O fato é que os poucos banheiros que se encontra nos passeios são, para dizer de maneira bem leve, escrotos.

A maioria dessas coisas você precisa levar com você durante os passeios. É bom pensar em uma mochila ou sacola que seja prática e caiba sua câmera fotográfica, filtro solar, uma garrafa de água, acessórios de frio e outros itens pequenos. Casaco e outras coisas que não serão usadas de imediato podem ficar dentro do carro da agência de turismo – não tem por quê ficar levando muito peso desnecessário para as caminhadas pois é preciso evitar a fadiga.
Para todos os passeios, também é recomendado levar um litro de água por pessoa e lanches para comer no caminho, mesmo que a agência dê café da manhã, almoço e/ou janta. Bom, por enquanto foi apenas disso tudo que eu me lembrei. Se eu pensar em mais alguma coisa que precisei durante a viagem, depois volto aqui para atualizar.