Passeios na Serra da Capivara

Serra da Capivara – Como programar os passeios

O Parque Nacional Serra da Capivara não é um destino tão conhecido, talvez por estar em uma área isolada do interior nordestino, mas tem um gigantesco potencial turístico. A reserva possui cerca de 130 hectares de área e é tombada como patrimônio nacional e mundial devido à sua importância histórica, com cerca de mil sítios arqueológicos já catalogados. Mais de cento e cinquenta deles estão preparados para receber o público geral, enquanto os outros são reservados aos pesquisadores. Também se destaca no ecoturismo de aventura, com muitas trilhas e mirantes.


Melhor época para viajar

Como a grande maioria dos passeios é feita em lugares abertos, a primeira é  providência do planejamento é conferir o clima da região. Ali se tem temperatura alta durante todo o ano, com pouca variação entre estações. O que pode atrapalhar são os poucos dias de chuvas. Eles se concentram entre os meses de novembro a abril e dificultam a caminhada nas trilhas, a subida nas pedras e a observação dos sítios arqueológicos. O ideal é viajar entre maio e outubro.

Circuito do Boqueirão da Pedra Furada
Fim da estação chuvosa

O parque não conta com rios perenes (que duram o ano todo), mas as chuvas criam quedas d’água temporárias e poços em alguns pontos. Eu fiz o passeio em maio, no fim da estação chuvosa. Por isso, a vegetação estava exuberante, proporcionando um ambiente mais agradável para as caminhadas sob a sombra das árvores. Nos meses seguintes, as folhas adquirem colorações amarelas, avermelhadas e marrons, mudando totalmente a paisagem.


O que levar

Embora tenha algumas exceções, como as visitas ao museu, esse passeio exige roupas e acessórios adequados para explorar a natureza. As vestimentas leves ajudam na locomoção e devem incluir um chapéu para ter maior proteção do sol. Mesmo quem não vai fazer trilhas deve usar um tênis de caminhada confortável, pois é preciso se deslocar entre os sítios arqueológicos por terrenos irregulares.

Roupa e acessórios para caminhada
Roupa e acessórios para caminhada

Eu tenho uma dessas mochilas com bolsa d’água que ajudam bastante a se manter hidratado durante o dia, já que é possível carregar até dois litros. Também recomendo levar lanches rápidos para enganar a fome até a hora do almoço. Por fim, não se esqueça do protetor solar e em alguns dias eu também usei repelente de insetos.


Como chegar

Outro ponto crucial é decidir como chegar lá. O Aeroporto de São Raimundo Nonato já tem voos regulares, mas não todos os dias da semana. Teresina, a capital do Piauí, tem uma malha aérea mais completa, mas fica a cerca de quinhentos quilômetros de distância. O aeroporto que me serviu como porta de entrada foi o de Petrolina, no estado de Pernambuco, e aproveitei para passar alguns dias lá.

Voo comercial
Voo comercial no Aeroporto de Petrolina

Recomendo pesquisar os voos para determinar qual é a melhor opção no seu caso. Se pegar um desses mais distantes, é possível seguir a viagem de ônibus ou contratar um transfer. Eu preferi alugar um carro, que usei não apenas para fazer a viagem de uns trezentos quilômetros entre os dois destinos, mas também durante os passeios fora e dentro do parque.


Onde se hospedar

Duas cidades podem ser usadas como base. Eu preferi ficar em São Raimundo Nonato. Como é uma cidade maior, ela tem mais opções de hospedagem e alimentação. Além disso, fica no meio do caminho entre os dois lados do parque. Lá escolhi o Real Hotel que, embora bem simples, é um dos mais bem recomendados.

Zona rural
Zona rural

A outra alternativa é dormir em Coronel José Dias, mais próxima do atrativo mais famoso do parque. Se a ideia é otimizar o tempo, vale a pena escolher uma pousada na zona rural, como a Casa Barreirinho. Também é possível se hospedar na comunidade Sítio do Mocó, onde há uma área de camping.


Museus

Existem dois museus na região que devem ser visitados por complementarem bem o que é visto nos passeios pelo parque. Um é mais focado na parte histórica, enquanto o outro traz reflexões sobre o meio ambiente.

Esqueleto em urna
Museu do Homem Americano

O Museu do Homem Americano reune os resultados das pesquisas e parte do acervo encontrado nas escavações, incluindo informações surpreendentes sobre a ocupação da região e a evolução cultural dos grupos humanos nessa área desde a pré-história. Inaugurado em 1998, ele tem uma exposição tradicional, mas com informações interessantes. Ele fica em São Raimundo Nonato.

Fósseis cristalizados
Museu da Natureza

Já o Museu da Natureza, aberto em 2018, tem um visual mais moderno e abusa dos recursos audiovisuais para tornar a visita mais interativa. A exposição funciona como uma linha do tempo da evolução do nosso planeta, com foco no ecossistema local. Ele fica na zona rural de Coronel José Dias, ao lado de uma das entradas do parque.

Todas as peças com desconto
Cerâmica Serra da Capivara

Vou citar como opção extra a visita à fábrica da Cerâmica Serra da Capivara, uma das iniciativas para o desenvolvimento sustentável da região e meio de vida da população local. As peças, com tema de pinturas rupestres e cores típicas da região, são vendidas em grandes lojas pelo país e exportadas para países europeus e norte americanos. Na lojinha, é possível comprar com desconto.


Contratar um guia

Com relação a custos, temos acesso gratuito ao parque há alguns anos, mas a visita é feita, obrigatoriamente, com o acompanhamento de condutores locais credenciados. Cada um fica responsável por um número limitado de turistas, permitindo uma experiência mais personalizada e informativa, além de garantir a preservação dos paredões rochosos, com suas gravuras e pinturas, e do meio ambiente.

Grupo com o condutor credenciado
Grupo com o condutor credenciado

Eu estava viajando em um grupo de quatro pessoas e contratamos o Edu Coelho para programar e orientar as visitas. O roteiro varia muito de acordo com os objetivos de cada grupo, podendo ser mais acessível e voltado para a parte histórica, ou incluir trilhas mais longas e, até mesmo, atividades radicais.


Principais atrativos

As áreas do parque são divididas em circuitos, cada um deles com várias tocas onde os homens pré-históricos se abrigavam. Também podem ser observados as formações rochosas, os animais silvestres e a vegetação.

Caminhada pela mata
Caminhada pela mata

Alguns dos abrigos tem acesso particularmente fácil, bastando descer do carro e caminhar poucos metros. Outros exigem subir escadas feitas com as próprias pedras do parque ou de madeira. Os menos acessíveis são alcançados com trilhas longas pela mata, que podem ser em terrenos planos ou com subidas e descidas. Para muitos visitantes, as próprias trilhas já são o atrativo em si. Muitas delas podem também ser percorridas com bicicletas.

Pinturas rupestres com emas
Pinturas rupestres com emas

Os testemunhos mais evidentes da antiga presença humana nesses locais são as diversas pinturas rupestres, que retratam momentos de caça, rituais e outras atividades quotidianas. São mais de cento e cinquenta sítios arqueológicos já preparados para receber os visitantes, mas ficaria repetitivo  e cansativo visitar todos, ainda que cada um tenha alguma particularidade. Por isso, os guias selecionam os mais importantes e, em muitos casos, a passagem é bem rápida.

Seixos no paredão
Seixos no paredão

Também é interessante entender como se deu a formação do parque que, há milhares de anos atrás, já foi coberto pelo mar. Com a diminuição do nível da água, o local passou por diversas transformações. Há dez mil anos atrás, por exemplo, tinha um clima mais úmido e menos quente, com muitos rios, lagos e vegetação exuberante. Atualmente, recebe menos chuvas e fica bastante seco entre os meses de maio a outubro.

Vista superior
Vista superior

Há vários mirantes naturais espalhados pelo parque e eu subi neles em diversos dos circuitos. Alguns são alcançados apenas fazendo uma caminhada mais longa com pequenas subidas pelos morros, enquanto outros tem acesso mais difícil e não devem ser o destino de quem tem problemas cardíacos ou outras complicações. Exemplos desses últimos são as escadas, uma antiga e uma nova, que são verdadeiros desafios para quem tem medo de altura.

Gruta do Inferno
Gruta do Inferno

Inclusive, muitos visitantes buscam um turismo de aventura, com mais exploração dos ambientes naturais. Eu acho interessante mesclar as duas coisas para dar mais variedade e o parque tem diversas opções de trilhas que podem durar o dia inteiro, além de escaladas e cavernas. Importante reforçar que qualquer tipo de passeio precisa ser feito com o acompanhamento de um guia credenciado.

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