A vila de Camocim foi fundada oficialmente em 1879 e emancipada apenas dez anos depois. Mas, assim como na grande maioria do litoral brasileiro, o espaço já era ocupado há muito tempo por povos indígenas, incluindo os Tabajaras, Tremembés, Jenipaboaçus e Cambinas. Seu próprio nome vem do tupi-guarani e significa buraco ou pote de enterrar defunto, provavelmente em alusão a um ritual funerário.

Os franceses foram os primeiros estrangeiros a praticar escambo com os povos nativos da região. Somente na segunda metade do século XVI vieram os portugueses, que mapeavam a área do Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte para traçar estratégias de conquista e proteção dos territórios da colônia. Com a expansão pelo restante do país, a região acabou abandonada e sofreu várias invasões, inclusive por ingleses, mas foi mesmo ocupada durante décadas pelos holandeses.

A vila passou por forte expansão econômica e urbana a partir da construção da ferrovia, que teve seu primeiro trecho concluído em 1881 e permitiu o aumento de circulação de pessoas e produtos agrícolas para exportação. Até os dias atuais, a economia é bastante baseada no setor primário, com extração de sal marinho, pesca e colheitas de caju, arroz de sequeiro, mandioca e feijão. Na pecuária são criados aviários, suínos e bovinos, embora a produção de leite tenha entrado em declínio.

O prédio da estação ferroviária segue em boas condições e é um dos atrativos arquitetônicos da cidade, mas a linha foi fechada em 1977 e nunca mais foi usada. O município também passou por um processo de industrialização no século XX. Duas das primeiras empresas que estiveram em Camocim foram a Saboaria Stella, de dono italiano, e a Booth Line, companhia inglesa de rebocadores, que surgiu em 1935. Atualmente, destaca-se uma fábrica de calçados que emprega mais de quinhentos funcionários.

O centro histórico encontra-se bastante modificado, com muita poluição visual de lojas e trânsito. Ainda assim, é possível ver casinhas da era colonial e imperial. A maioria da população é católica ou evangélica. Entre as construções religiosas, destaca-se a Igreja Matriz de Bom Jesus dos Navegantes. Sua obra foi iniciada juntamente à da estação ferroviária, mas depois de anos abandonada sem ser concluída, acabou desabando totalmente. A estrutura atual é datada de 1938.

Com mais de sessenta quilômetros de litoral, Camocim tem grande potencial turístico e vem crescendo bastante no setor de serviços, principalmente nos últimos anos. Alguns dos seus atrativos, como a Praia de Guriú, com seu mangue seco e observação de cavalos-marinhos, e a Praia de Tatajuba, com enormes dunas e lagoas, são visitados no passeio pelo litoral oeste que sai da vizinha Jericoacoara, o destino mais famoso da região.
Para conhecer outros pontos turísticos é melhor escolher entre as opções de hospedagem na cidade mesmo. Para chegar à Ilha do Amor, basta fazer a travessia de balsa a partir do Terminal Marítimo de Passageiros.

Um pouco mais distante, a Praia do Maceió é a preferida dos moradores da região e conta com ótima estrutura de barracas, recebendo milhares de turistas no feriado de carnaval. Com águas calmas, também é um ótimo ponto para a prática de kitesurf e windsurf. Para quem está fazendo o passeio da Rota das Emoções, vale a pena incluir a cidade como uma das paradas e aproveitar com mais calma seus atrativos.