Como eu gosto bastante de fazer caminhadas na praia, pude conhecer todas as praias do litoral nas minhas hospedagens na vila. Algumas vezes eu andava em direção ao norte e, mais frequentemente, me dirigia para o sul. Mas é difícil definir exatamente onde começa uma e termina outra, inclusive com informações contraditórias no Google Maps. Por isso, eu criei o mapa interativo abaixo com o que considero ser as melhores definições.
Como referência, marquei as praias, rios e mirantes que facilitam a identificação do espaço. Também aparecem todos os outros atrativos que visitei na cidade. Não existem dúvidas de onde começam as praias, já que o rio entre o distrito de Porto Seguro cria uma divisão bastante clara. Já quando se trata da fronteira com Trancoso, as coisas se tornam um pouco mais nebulosas. Oficialmente, a Praia de Taípe faz parte de Arrial d’Ajuda. Abaixo cito todas de cima para baixo.

O Rio Buranhém, que a maioria dos visitantes da região precisa atravessar de balsa para chegar à vila, marca a paisagem na Ponta do Apaga Fogo. Ali é possível ver claramente a diferença das águas mais escuras do rio em contraste com o verde e azul do mar. A uma distância de 600 metros, o centro histórico da cidade vizinha pode ser avistado com suas casinhas coloridas. O grande destaque da área é o Arraial d’Ajuda Eco Resort, uma hospedagem luxuosa e com atrativos exclusivos como piscinas, quadra de tênis, salão de jogos, cinema e uma praia que pode ser vista como privativa.

Digo isso porque as pessoas que frequentam a Praia do Apaga Fogo são basicamente as que estão hospedadas nas pousadas e casas de temporada voltadas para a Estrada da Balsa, mas com fundos para o mar. Por ser mais deserta e ter ondas tranquilas, já que o litoral é protegido por recifes onde se formam piscinas naturais, o local é ideal para famílias e crianças.

Para observar a biodiversidade marinha, é bom ter equipamentos como snorkel e máscara de mergulho. As poucas barracas de praia que tem nessa região pouco badalada também oferecem o aluguel de embarcações para a prática de esportes aquáticos como caiaque, windsurfe e vela.

Não existe uma separação clara com a Praia de Araçaípe, apenas uma curva no litoral e a faixa de areia um pouco mais larga. Na maré baixa, é possível caminhar bastante para dentro do mar nas piscinas protegidas pelos recifes, enquanto o nível mais alto permite praticar o kitesurfe. Também aparecem muitas conchinhas na areia, para quem gosta de colecionar. No mais, vemos a parte de trás de diversas casas e pousadas.

Mais uma curva e o clima continua o mesmo com a Praia dos Pescadores, com a exceção de um movimento maior no finalzinho pela proximidade com o centro da vila. Quando se desce a escadaria atrás do Santuário de Nossa Senhora d’Ajuda, basta continuar pelo caminho mais óbvio e pegar a Estrada Caminho da Praia para alcançar o mar. O que se destaca ali são os diversos barcos dos pescadores e a barraca que fica exatamente no local de acesso e possui inúmeros adereços na fachada, sendo particularmente conhecida pelo peixe frito e frequentada pelos moradores da região. O famoso Arraial d’Ajuda Eco Parque, inaugurado em 1997 e considerado um dos melhores parques aquáticos do mundo, fica na divisa com a próxima praia.

A Praia do Mucugê é a mais próxima do centro da vila e, consequentemente, a mais frequentada pelos turistas. Não é à toa que ela possui uma ótima estrutura de barracas, concentradas no local onde chega a rua principal, de mesmo nome. Isso também faz com que ela fique muito cheia durante a alta temporada, mas uma breve caminhada já leva a espaços mais tranquilos. Como eu costumo visitar a localidade em meses alternativos, consigo aproveitar melhor e até pegar promoções nos preços de bebidas e refeições.

Caso você não queira gastar muito nas cabanas, que cobram valores altos, mas compatíveis com a região, basta levar suas próprias coisas ou consumir dos vendedores ambulantes. É também no verão que mais bomba a Praia do Parracho, famosa pelas festas mais concorridas de toda a região e, consequentemente, bastante procurada pelos mais jovens. Ali encontram-se as barracas Uiki Parracho e Cabana grande, por exemplo.

Em termos de praia, ela parece bastante com a anterior, mas já tem menos gente. Na maré baixa, o mar fica bastante calmo e forma piscinas. Já quando está mais agitado, praticamente toda a faixa de areia some e as ondas chegam até as barreiras criadas pelos condomínios e pousadas. Para quem está fazendo caminhada pela área, vale a pena observar o movimento porque pode ser preciso se molhar um pouco para passar para a próxima praia.

A Praia da Pitinga está suficientemente perto para chegar caminhando com facilidade, mas o bastante longe da cidade para ser mais tranquila. Eu considero que ela começa após o local em que a terra avança um pouco sobre o mar, criando uma barreira. É ali que se concentram as barracas, perto do estacionamento. Outro destaque do local é o rio, que forma piscinas naturais de água doce, contrastando com as águas salgadas, com ondas mais altas que as praias anteriores.

A paisagem também muda bastante com o início das grandes falésias que marcam todo o litoral sul de Arraial d’Ajuda. Em épocas mais agitadas, é comum ver pessoas saltando de parapente, um atrativo com pouca duração e preços altos, mas que certamente valem à pena. Também é possível subir os degraus moldados na encosta para curtir o visual do Mirante da Rampa de Voo Livre e até fazer um piquenique lá em cima.

Já no finalzinho dessa sessão está um local que eu visitei algumas vezes quando criança, a Praia da Lagoa Azul. Infelizmente, um empreendimento acabou com a fonte de água que abastecia a lagoa, que simplesmente desapareceu. Ainda assim, quando você entra pelo meio dos barrancos e caminha até o final, é possível encontrar uma pequena amostra do que antes existiu, dessa vez formado pelo acúmulo da chuva. Dá para usar a argila para fazer aquela esfoliação no corpo e tirar fotos todo melecado.

Um atrativo mais escondido e pouco visitado do local é o Mirante das Falésias, cujo acesso se dá passando por uma trilha em meio à vegetação e fazendo uma rápida e íngreme subida pela encosta. Eu achei chegar lá em cima um pouco mais difícil que na rampa de voo livre, que é mais bem sinalizada e estruturada. Ainda assim, todo esforço é recompensado pela vista impressionante, abrangendo toda a praia.

A formação geográfica avança mais uma vez para dentro do mar separando o local da Praia de Taípe, essa sim bastante isolada por ter que dar uma volta muito grande para chegar de carro, passando por estradas de terra. Ali também há uma pequena concentração de cabanas com boa estrutura perto do estacionamento, além da barraca do resort Club Med Trancoso.

Assim como na anterior, aqui há ondas bem altas, o que exige maior atenção dos banhistas. Para quem quer um pouco mais de tranquilidade, vale a pena ficar nas piscinas naturais de água doce formadas pelo rio. Outra opção é seguir caminhando até a Praia do Rio da Barra, já na divisa com Trancoso, mas eu mesmo não fiz isso porque o caminho estava impedido pelo mar, que batia nas falésias no momento que passei por lá. Por isso, eu fiquei lá perto do Rio Taípe até o entardecer e achei a paisagem lindam com destaque para o contraste da vegetação nativa com o céu.

Na volta, entretanto, pude perceber o quão desertas e escuras ficam mesmo as praias mais movimentadas da região. Dali até o centro de Arraial d’Ajuda, onde eu estava hospedado, são cerca de 4,5 km, o que representa uma hora de caminhada tranquila. Depois de aproveitar o pôr-do-sol, continuei sem a necessidade de uma iluminação artificial porque era lua cheia. Em outros casos, é importante ter pelo menos a lanterna do celular disponível para evitar se machucar nas conchas e pedaços de recife que podem estar espalhados pelo trajeto.