Há muitos anos atrás, eu visitei algumas vezes o pequeno trecho que fica entre as praias de Pitinga e Taípe com o objetivo específico de aproveitar a lagoa que chegava bem próximo do mar, proporcionando um belo visual e ótimo banho de água doce. Quem fizer o passeio nos dias atuais com a ideia de ver a tal lagoa que dá nome ao local vai perder seu tempo. Infelizmente, esse corpo de água secou anos atrás.

Na verdade, muitas pessoas nem consideram que o local seja uma praia à parte. Mas, como ela possui algumas particularidades, vale a pena destacar seus atrativos em uma postagem à parte. A única barraca presente no local faz referência à antiga lagoa e tem como vantagens não cobrar um mínimo de consumação e ter preços melhores que outras da região. Isso se ela estiver aberta. Como eu fui fora de temporada, encontrei as portas fechadas, então recomendo levar sua própria água e lanchinhos.

Ao lado da estrutura as falésias se abrem e dá para identificar bem o local onde ficava a lagoa. A areia da praia dá lugar à terra com tons que vão do bege ao marrom avermelhado, com vegetação de mata atlântica na parte de cima e de baixo, criando uma paisagem interessante. Você pode adentrar cerca de 175 metros em direção ao fundo, passando por alguns pontos de trilha um pouco mais fechada, mas que são facilmente transpostos.

O objetivo é seguir reto até o paredão de pedra onde costumava existir a cascata que alimentava a lagoa. Pelo que me disseram, foi o uso da água do riacho por alguma fazenda da região que causou o fim da atração. Sei lá se é verdade ou qual foi a necessidade, mas confesso que me causou certa revolta. Atualmente, em períodos mais chuvosos, ainda se forma ali um pequeno poço sem a beleza do atrativo original, mas que amolece a lama que, dizem, mantém a pele saudável e hidratada.

Se você pesquisar sobre a Praia da Lagoa Azul do litoral baiano na internet, certamente vai encontrar muitas fotos de pessoas com os corpos cobertos dessa argila acinzentada. Eu mesmo fiz isso durante a infância, mas não estava tão animado dessa vez porque o cheiro daquela água parada não estava particularmente interessante. Como eu já estava lá mesmo, liguei o foda-se e resolvi que não faria mal, já que o máximo que aconteceria seria eu correr de volta para a orla da praia para me lavar no mar.

Comecei com um pedacinho da perna, passei nos braços, fui me empolgado e, quando vi, já estava com o corpo coberto. Quando me limpei, a pele estava realmente bem lisinha da esfoliação natural, uma delícia. Para quem ainda tiver disposição, vale a pena também pegar a curtinha trilha que fica em uma reentrância à esquerda do poço para subir pelas falésias e ter uma bela vista do mar e da região.

Eu não tinha pesquisado sobre esse atrativo antecipadamente e só encontrei a entrada para o caminho porque tirei um tempo para explorar o local. Embora seja bem demarcada, a trilha começa em meio à vegetação e pode passar despercebida pela maioria dos visitantes. Contando a partir da praia, a gente caminha cerca de 450 metros para visitar a lagoa, subir um paredão e chegar ao topo para explorar a área com diferentes pontos de vista.

A única parte com certo grau de dificuldade é logo no comecinho, onde tem uma subida íngreme. Algumas raízes de árvores e plantas ajudam a escalar os degraus improvisados e em poucos segundos já se vence essa etapa. Na verdade, eu confesso que achei mais difícil de manter o equilíbrio na volta, uma prova de que nem sempre para baixo todo santo ajuda. De qualquer maneira, nada muito dramático.

Na parte superior o terreno é bem plano e amplo, permitindo uma exploração livre para descobrir diferentes ângulos com vista das falésias e da praia. Após ficar um pouco na parte que me pareceu a principal, ainda segui a trilha à direita e achei outros pontos interessantes para tirar fotos e ficar olhando a água, que estava verdinha nesse dia.
No mais, é curtir o mar da Praia da Lagoa Azul, que costuma ter poucos visitantes porque não se chega até lá diretamente de carro. O acesso é feito por uma caminhada a partir das vizinhas Pitinga e Taípe que, por si só, já são bem mais tranquilas do que as praias mais próximas ao centro de Arraial d’Ajuda ou de Trancoso. Para melhor se localizar, disponibilizo acima o mapa interativo de todos os pontos turísticos e demais atrações que visitei na cidade. Basta procurar pela praia e, a partir daí, identificar a lagoa, a trilha e o mirante.