Conhecer a geografia e o clima de uma cidade é essencial no meu processo de planejamento para determinar não apenas a melhor época para fazer a viagem, mas também entender a extensão da área, onde se encontram os pontos turísticos e que tipo de transporte será usado para fazer os passeios. Além disso, acho que é uma oportunidade de conhecer melhor um local e toda informação é bem-vinda.

Embora ocupe uma superfície de quase 700 km2, sendo a 16ª maior capital brasileira em área, apenas metade disso representa a cidade em si, já que o restante diz respeito à Baía de Todos os Santos e outras áreas molhadas. Em meio a essa porção estão as Ilha de Maré, Ilha do Frades, Ilha do Bom Jesus dos Passos, Ilha de Santo Antônio, Ilhota dos Santos e Ilhota dos Coqueiros. Já o restante do território é formado por uma península em formato triangular que separa o oceano da baía, que recebeu seu nome por ter sido descoberta pelos portugueses no Dia de Todos-os-Santos. As águas representam um grande porto natural, um dos principais motivos para o estabelecimento ali da capital da colônia até 1763.

O relevo de Salvador conta com uma estreita faixa de planícies na beira-mar que se alarga em alguns pontos, mas é marcado, principalmente, pelo terreno acidentado e cortado por vales profundos. Sua característica mais notável é a grande escarpa, como é conhecido o declive muito íngreme entre dois níveis que forma um penhasco, que divide o espaço entre Cidade Baixa, onde se desenvolveu o bairro comercial e as atividades portuárias, e a Cidade Alta, com edifícios da administração pública, moradias e maior modernização, apesar de terem sido conservados casarões, sobrados, igrejas e palácios, principalmente no Pelourinho. Uma das opções para vencer a diferença de 85 metros de altura entre as duas “cidades” é usar o Elevador Lacerda. Criado em 1873 e expandido ao longo dos anos, o transporte se tornou um dos principais cartões postais do local. Também há os funiculares do Plano Inclinado Gonçalves e do Plano Inclinado do Pilar.

Obviamente também se destacam as suas praias, incluindo as famosas Praia de Itapuã, Praia dos Artistas, Praia do Farol da Barra e Porto da Barra. A temperatura agradável das águas, a beleza da paisagem e a boa estrutura, embora em algumas as barracas tenham sido demolidas por se encontrarem diretamente na areia, atraem tanto os turistas quanto a população local. Devido à realização da Copa do Mundo na capital, a orla ganhou extensas ciclovias e calçadão em 2014.

A vegetação ao longo da orla marítima é formada por coqueiros e plantas rasteiras. Na cidade, um dos últimos remanescentes de mata atlântica se encontra em uma área pertencente ao governo federal, base do Exército Brasileiro. Também é realizado um trabalho de preservação do ecossistema de dunas, lagoas e restingas, enquanto a maior parte dos rios é contaminada por esgotos. Para pesquisar a qualidade da água do mar para banho, você pode acessar a página oficial do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – Inema.
Salvador possui clima de floresta tropical, com chuvas abundantes durante todo o ano e sem uma estação seca bem definida – a tendência é de menos chuvas no verão. Basicamente, é possível visitar a cidade em qualquer época do ano, mas recomendo evitar os meses de abril a julho, quando as precipitações são mais constantes e fortes. Já o calor marca a presença o ano todo, com a temperatura média girando em torno dos 25° C. Apesar dos números elevados do termômetro, a brisa vinda do Oceano Atlântico faz com que o clima seja agradável (ou suportável, dependendo do seu nível de tolerância) mesmo nos dias mais quentes.

Com quase três milhões de habitantes e uma população que continua em crescimento, a capital da Bahia é o município mais populoso da região nordeste e o terceiro do país – isso sem contar a região metropolitana. Com a maior parte da população negra ou parda, essa é considerada a cidade com maior número de descendentes africanos no mundo, resultado do intenso tráfico de escravos. Isso também ocasionou o desenvolvimento de uma cultura que mistura elementos africanos, europeus e indígenas com grande influência na religiosidade, arquitetura, gastronomia, música, costumes e outros. Em resumo, uma rica viagem pela história do nosso país, mas bastante marcada pela desigualdade social e problemas como turismo sexual, desemprego, violência e criminalidade, crescimento desordenado com a formação de favelas, desrespeito ao meio ambiente e precariedade na iluminação pública e na saúde.