Com apenas cerca de 600 metros de faixa de areia, a Praia do Farol da Barra consegue ser um dos destaques entre os moradores e visitantes de Salvador por sua localização central e pelos atrativos da região, contando com um mar agradável, construções históricas, opções culturais e um agitado circuito de festas, já que os blocos com os trios elétricos mais famosos do carnaval baiano fazem o trajeto Barra-Ondina. Não é à toa que muitos turistas optam por ficar no bairro da Barra, que tem mais de duzentas opções de hospedagens entre hotéis, apartamentos, pousadas e albergues.
Mesmo para quem pretende visitar o centro ou fazer passeios nas praias mais distantes da cidade, ficar na Barra é uma boa opção por ser uma área mais bonita, moderna e segura. Ali se destaca uma das mais famosas e fotografadas construções da cidade, o Farol da Barra, considerada a primeira estrutura de sinalização náutica desse tipo na América Latina. Com 22 metros de altura, a torre fica no pátio interno do Forte de Santo Antônio da Barra, também pioneiro como construção militar na época da colônia portuguesa. A visita ainda inclui o Museu Náutico da Bahia.

Essa praia é entrecortada por recifes que deixam as águas mais calmas e formam piscinas naturais de água quentinha, principalmente no primeiro trecho, ideais para se refrescar do calor sem tomar um choque térmico – eu detesto banho gelado. Os pontos mais tranquilos são ideais para a prática de stand up paddle, um esporte que tem se tornado cada vez mais popular por não exigir preparo físico, prática ou limitação de idade, já que envolve apenas ficar em pé na prancha e se deslocar com o uso de um remo. A praia também é frequentada por praticantes do windsurfe e há a opção de fazer mergulho e outros passeios de barco.

A Baía de Todos os Santos, assim batizada em 1501 pelo navegador Américo Vespúcio, com suas águas calmas e profundas, era o local ideal para receber os barcos com mercadorias e passageiros, tornando Salvador a cidade mais importante da colônia nos primeiros séculos da ocupação portuguesa. Ainda hoje, o local recebe uma grande quantidade de embarcações, desde os pequenos barcos de passeio até grandes navios de carga. É possível observar a movimentação em qualquer dia.

Falando nisso, é recomendado ir à praia durante a semana, já que em feriados, sábados e domingos ela costuma ficar bem mais movimentada. Ali há boas opções de barracas e também é possível comprar alimentos e bebidas dos vendedores ambulantes. Para caminhadas ou passeios de bicicleta, skate e patins, há um longo calçadão. Como está em uma área urbana, eu recomendo uma pesquisa rápida ao Inema – Instituto do Meio ambiente e Recursos Hídricos para confirmar se a água se encontra adequada ao banho. O trecho mais concorrido fica entre o Forte de Santa Maria e o Forte de São Diogo, na parte inferior do morro, no alto do qual se pode ver a Igreja de Santo Antônio da Barra.

A data exata da construção do Forte de Santa Maria é desconhecida, mas pode-se afirmar que já existiam três estruturas militares nessa área quando ocorreu a segunda invasão holandesa, em 1638. Fato é que ele foi reconstruído, dessa vez em alvenaria de pedra e cal, no ano de 1669. O desenho é do tipo italiano, mas a fachada sul possui o revestimento de telhas impermeabilizadas típicas dos sobrados baianos de todo o período colonial. Acima da porta de entrada é possível ver o emblema do Império do Brasil. Além da arquitetura, chama a atenção a vista que se tem do pátio.

O forte abriga o Espaço Pierre Verger, que contém uma exposição de fotografias do território baiano feitas por fotógrafos baianos ou espiritualmente naturalizados, como é o caso do artista que dá nome ao local. São diversos autores que que trabalhando tanto com produções artísticas quanto o registro do cotidiano. Como o espaço é limitado, são usados recursos tecnológicos para disponibilizar um número maior de obras com projeções e telas interativas, superando três mil fotografias no acervo. Os horários, preços e outras informações podem ser acessados na página oficial.

O Forte de São Diogo também foi reconstruído após a invasão e ocupação holandesa, melhorando o sistema de defesa da colônia portuguesa para impedir o desembarque de tropas inimigas na Barra. A estrutura abriga, atualmente, o Espaço Carybé de Artes, que tem exposições do artista que dá nome ao local. As obras não são apresentadas fisicamente, mas sim em recursos de mídia digital que dão acesso às gravuras, desenhos, ilustrações, cerâmicas, esculturas e murais, incluindo projeções nas fachadas ao anoitecer.

Na frente desse forte, pode ser visto o marco de fundação da cidade, inaugurado em 1952. Trata-se de uma estrutura vertical esculpida em pedra lioz portuguesa com o símbolo da coroa e uma cruz no topo. O monumento, que se encontra no local de desembarque das caravelas portuguesas, conta também com um painel de azulejos que mostra a chegada de Thomé de Sousa, o primeiro governador-geral do Brasil. Para quem gosta de artesanato local, vale a pena visitar também o Instituto Mauá, onde são apresentados e vendidos trabalhos em madeira, cestaria, rendas e cerâmicas, entre outros.
Como tem uma reentrada de terra, Porto da Barra é a única praia de Salvador voltada para o oeste, sendo ideal para acompanhar o pôr-do-sol sobre o mar. Você pode fazer isso de um dos fortes ou de outros pontos, mas se quiser tornar o passeio mais especial, recomendo reservar o passeio de catamarã ao entardecer, fazendo uma rota tranquila que inclui paradas em pontos turísticos como o Mercado Modelo.