Eu cheguei na cidade de Uyuni depois de três dias fazendo a travessia dos desertos e salares bolivianos a partir de San Pedro de Atacama, no Chile, o principal passeio da região para conhecer o Salar de Uyuni. Cheguei na cidade pouco depois da hora do almoço e fui embora no dia seguinte pela manhã, então não se pode dizer “nossa, como ele explorou esse lugar” porque não seria verdade. Mas deu para dar umas voltas e ter uma boa ideia.

Para começo de conversa, Uyuni é bem pequena e pode ser facilmente explorada a pé, mesmo porque a maior parte das coisas que interessam aos turistas estão concentradas na parte central, próximo à estação de trens (em vermelho no mapa).
Uyuni é bem diferente de San Pedro de Atacama. A cidade chilena, que serve de base para saída de diversos passeios pelo Deserto de Atacama, tem ótimas opções de restaurantes, agências de turismo e hospedagens, mas possui uma aparência peculiar com suas ruas de terra e casas de adobe, que deixam bem claro que se trata de uma cidade humilde no meio do deserto. Já Uyuni se parece com uma cidade do interior como conhecemos no Brasil, com suas ruas calçadas e prédios municipais, escolas e pequenas avenidas, com aquela cara de centro comercial de cidade pequena.

A parte de maior interesse para os turistas está na Plaza Arce e arredores. A praça, que se estende por um boulevard onde não há trânsito de carros, é rodeada por restaurantes e hospedagens, funcionando como um bom ponto de encontro para se alimentar ou beber depois dos passeios. O local é praticamente uma passagem obrigatória, já que se encontra entre o Terminal de Buses e a Estación de Ferrocariles.

A praça termina na Avenida Potosi, em um Centro de Información Turística, que funciona em um pequeno prédio que possui um relógio no topo. A partir dessa esquina a avenida estava fechada por algumas quadras, já que ali acontece uma grande feira de rua, a chamada Feria de Uyuni. Dei uma volta pelas barraquinhas e vi que ali tem de tudo: roupas, livros, comida, móveis, objetos para casa, DVDs e CDs falsificados, lembrancinhas de viagem, cachorro, galinha, enfim. Tudo que se pode imaginar. É interessante porque ali vi, pela primeira vez, as mulheres bolivianas com seus trajes típicos, as cholas.

Além da feira, a avenida está cheia de agências de turismo. Para quem se hospeda na cidade, é bom dar uma volta no local para decidir qual contratar, embora eu seja adepto de acessar a internet para ver a opinião de turistas que já utilizaram os serviços. Em várias agências e outros estabelecimentos, se faz a troca de câmbio, mas não achei que a cotação estava valendo muito à pena e decidi pegar dinheiro em um caixa rápido com bandeira visa plus, onde posso sacar direto da minha conta brasileira na função de débito. Há vários bancos pela região. Também passei por lojas de companhias aéreas, mas eu já tinha comprado a minha passagem de avião de Uyuni para La Paz aqui no Brasil. Fui pela empresa Boliviana de Aviación. De qualquer maneira, o valor na loja era um pouco maior do que eu paguei comprando com antecedência pela internet.

De ponto turístico mesmo, tem o Cementerio de Trenes, uma antiga estação que era usada para o transporte de minerais destinos à exportação no início do século XX mas que há muito foi abandonada. Fica um pouquinho fora da cidade. Ali se encontram vários trens de carga literalmente apodrecendo a céu aberto, uma imagem triste e bonita. Eu passei pelo cemitério no final do passeio de três dias feito entre San Pedro de Atacama e Uyuni, que também pode ser feito no sentido inverso.

A cidade funciona mais como um ponto de partida para diversos passeios na região do que um atrativo em si. Uyuni está bem ao lado do enorme salar de mesmo nome e possui aeroporto internacional, estação de trens e terminal de ônibus. Como eu ia passar uma noite na cidade, procurei na internet por um bom restaurante, já que a comida durante o passeio pelo deserto não é das melhores. Por coincidência, o mais recomendado era justamente onde eu fiquei hospedado, o Minuteman Revolutionary Pizza, que fica dentro do Tonito Hotel. Para mim foi ótimo, já que eu nem precisei sair a noite e queria mesmo tomar um bom banho quente e descansar.
Quem estiver na cidade e quiser conhecer o principal atrativo da região em apenas um dia, sem fazer a travessia até o Chile, pode optar pela excursão ao Salar de Uyuni, que passa pelo cementerio de trenes, pela Isla Incahuasi e termina com um pôr-do-sol no salar. Também há a opção de um tour de 2 dias ao Salar de Uyuni + Vulcão Tunupa, com hospedagem na pequena cidade de Coqueza, escalada na base do vulcão com vista panorâmica da região e visita a uma gruta que abriga os restos de uma família andina que habitou a região há quase mil anos atrás.