O Salar de Uyuni é aquela imensidão de sal para perder de vista. Também conhecido como Thunupa, o maior deserto de sal do mundo possui 10.582 km2, o que corresponde a cerca de sete vezes a cidade de São Paulo. No meio desse “oceano” de sal, se destaca a Isla Incahuasi. Ela também tem outros nomes: Inkawasi ou Ika Wasi. Seja qual for a forma de escrita, a origem do termo está na língua quéchua – Inka (Inca) e Wasi (casa), ou seja, casa dos incas. Aparentemente, eles já faziam paradas nesse local em suas andanças pela região.
Como meu grupo que fazia a travessia entre San Pedro de Atacama e Uyuni decidiu por acordar mais cedo para ver o nascer do sol no salar, chegamos na ilha ainda cedo. E diz-se ilha porque há cerca de 40.000 anos atrás, o Salar e Uyuni era um gigantesco lago. A Isla Incahuasi é o que restou do topo de um vulcão que ficou submerso durante muitos anos.

Chegando ali cada pessoa tem a opção de fazer ou não o passeio pelo interior da ilha. O ingresso é comprado à parte na bilheteria e também dá direito ao uso do banheiro no local. Eu sou do pensamento que, se eu já peguei um avião para outro país e atravessei dois dias de deserto, vou fazer todos os programas disponíveis, já que não terei planos de voltar ao mesmo lugar tão cedo – não por falta de interesse, mas porque o mundo é muito grande e tem vários destinos que ainda quero conhecer. Então, comprei o ingresso e fui.

O passeio consiste em uma trilha ao redor da ilha e é feito por conta própria, ou seja, no seu ritmo. Algumas pessoas paravam para descansar, já que a subida nesse caminho de pedras é um pouco cansativa, mas eu achei razoavelmente tranquilo. Além do mais, você acaba fazendo várias paradas de qualquer maneira para observar ou fotografar a paisagem.
É impressionante a quantidade de cactos presente na ilha. Vários deles são gigantescos, principalmente os echinopsis atacamensis, uma espécie comum no Chile, Argentina e na Bolívia.

Esses cactos podem chegar a uma altura de 10 metros, podendo desenvolver braços, como árvores. Aliás, sua madeira pode ser utilizada na produção de móveis e portas, como pode ser observado na própria ilha. Também achei interessante a construção dessa parede meio que respeitando, meio que esmagando esse cacto gigante.

Durante a subida, você percebe que as dimensões da ilha são bem maiores do que parece lá de baixo. A área é de 246.200 metros quadrados. A caminhada é em uma trilha demarcada e é proibido subir nas pedras, então você acaba não vendo tudo. De qualquer maneira, como o tempo de visitação é limitado, não seria recomendado sair andando sem rumo.
Durante a subida, vai se tendo uma visão cada vez melhor do salar com algumas montanhas ao fundo. Também vi algumas barracas lá embaixo e me peguei imaginando o frio que deve fazer nesse lugar à noite, certamente abaixo de zero. Segundo as informações disponibilizadas no próprio local, a média anual é de 8.3° C e a ilha se encontra a 3.680 metros do nível do mar. Coragem.

A trilha te leva até o ponto mais alto, onde há um mirante na Plaza 1° de Agosto. Dali é possível ter uma visão em 360° da região, além de parar para descansar em um dos banquinhos antes de iniciar a descida.
Tomei um susto quando eu vi a entrada lá embaixo, que parecia tão distante. Lá no fundo, na parte central da foto, é possível ver a Isla Pescado, que também fica dentro do salar. Segundo os guias locais, ela recebeu esse nome porque, quando vista de longe, tem um formato que se assemelha a um peixe. Bom… para mim isso parece tanto com um peixe como com qualquer outra coisa, mas a gente acredita porque é chato questionar tudo nessa vida.

O caminho de volta é ainda pela trilha – há umas setas indicando a direção correta. Nessa parte, é possível escolher por que lago seguir, mas no final dá no mesmo. A diferença é que uma é a trilha mais fácil, o camino bueno, enquanto a outra tem mais degraus. Essa segunda passa pelo Arco de Coral, uma formação natural composta por estruturas frágeis que lembram corais e outros depósitos como fósseis e algas, e um trecho da descida se dá por uma caverna. Não é permitido tocar nas paredes do arco para evitar danos.

Para baixo todo santo ajuda, então a descida é mais tranquila que a subida e não leva muito tempo. Lá embaixo, há uma lojinha de conveniência onde é possível comprar água e alguns lanchinhos, bem como o banheiro. O ingresso também dá direito à visita ao museu.

Quando chegamos lá embaixo, o café da manhã já havia sido preparado e servido pelo guia. Cada motorista fica responsável pelo seu grupo, então o lanche estava ali próximo ao nosso carro. Havia bolo, biscoitos, pão de forma, iogurte e um tipo de pipoca doce que eles usam como cereal, café e leite em pó, chá, esse tipo de coisas. Gostoso.

Depois de comer, ainda tivemos tempo para tirar fotos no salar e aproveitamos para pegar a bandeira da Bolívia. A bandeira do Brasil era de uma desproporção tão gritante que eu fiquei com vergonha, haha! Basicamente era um enorme retângulo verde com um triangulo amarelo e o círculo azul bem pequenos no centro.