Seguindo a viagem pelo deserto boliviano, depois de ver o nascer do sol, visitar a Isla Incahuasi e tirar várias fotos no salar, passamos rapidamente pelo pequeno povoado de Colchani, que fica a apenas 20 km da cidade de Uyuni. A população é de pouco mais de cerca de 600 habitantes, divididos em 145 famílias. A principal atividade econômica é a agricultura, com destaque para a produção de quinoa, mas também trabalham com a criação de lhamas.

Colchani está localizada bem no início do Salar de Uyuni, mas enfrenta dificuldades para se estabelecer como um apoio aos turistas devido à limitada infraestrutura da cidade. Ainda assim, uma grande parte da população se dedica a atividades de turismo e comércio. Demos uma volta em uma rua cheia de barraquinhas de artesanato e lembrancinhas, como pequenas esculturas em pedra de sal, chaveiros, chapéus, roupas de frio e outros produtos voltados para os turistas.

A última parada do passeio é no Cementerio de Trenes, onde temos alguns minutos para passear e tirar fotos. A construção de ferrovias na Bolívia foi impulsionada pelos interesses econômicos surgidos com a exportação de salitre e, posteriormente, de prata. Devido à sua localização, a cidade de Uyuni teve bastante destaque para o comércio. A linha férrea que ligava a cidade a Antofagasta, que agora faz parte do território chileno, foi inaugurada no final do século XIX. Durante décadas, foi utilizada para o transporte de estanho, prata e ouro. Nos anos 1940, a indústria mineira entrou em colapso, principalmente devido ao esgotamento dos minerais explorados, e o maquinário ficou abandonado.

Não é um museu ou um ponto turístico com qualquer tipo de proteção ou organização. O local é realmente tão abandonado quanto as carcaças de trens que ocupam o espaço, com pichações e marcas de vandalismo, além do lixo deixado por alguns dos turistas que passam por ali. É uma imagem melancólica, talvez um reflexo da situação de pobreza em que se encontra o próprio país. Mas também com sua beleza. Além disso, é um espaço que você pode explorar com toda a liberdade, inclusive entrando e subindo em cima dos trens à vontade.

Daqui são poucos minutos até o centro de Uyuni, a cerca de 1.5 km de distância. Fomos até a agência de viagem, desembarcamos as malas e deixamos os passaportes na recepção para alguma conferência burocrática. O almoço é servido no restaurante ao lado. Ali podíamos escolher entre a carne de boi ou de frango, que eram acompanhadas de macarrão e legumes. Também estava incluído um refresco, mas a maioria das pessoas preferiu pedir uma cerveja ou refrigerante, gratos de estar novamente em um lugar com estrutura para receber os turistas. A comida era bem simples, mas estava gostosa.
Dali, algumas pessoas pegariam novamente o transporte para San Pedro de Atacama, dormindo mais um dia no deserto durante o trajeto. Outros iriam para a rodoviária, onde pegariam um ônibus para enfrentar cerca de 10 horas de viagem até La Paz, a capital do país. Depois de três dias juntos, esse é o momento de se despedir. Tinha até wi-fi no restaurante que, obviamente, quase não funcionava, mas deu para adicionar as pessoas no Facebook. Eu ainda passaria a noite na cidade, em um hotel de verdade, com um chuveiro de água quentinha e sem pressa para sair do banho. ❤
Quem estiver na cidade e quiser conhecer o principal atrativo da região em apenas um dia, sem fazer a travessia até o Chile, pode optar pela excursão ao Salar de Uyuni, que passa pelo cementerio de trenes, pela Isla Incahuasi e termina com um pôr-do-sol no salar.