Embora eu tenha passado poucos dias em Nápoles, dos quais usei alguns para fazer passeios bate e volta em destinos próximos, tive tempo de explorar bem centro histórico. Ajudou bastante eu ter me hospedado no Maman Suite, um apartamento que fica próximo de vários pontos de interesse, possibilitando fazer vários dos passeios com caminhadas ou usando o transporte público.

Embora não seja considerada um dos principais destinos turísticos do país, a cidade é bastante representativa culturalmente e possui uma boa diversidade de atrativos. São várias igrejas, palácios, parques, museus, fortalezas, galerias de arte, praias e prédios históricos espalhados por uma grande área bem conservada. Não a toa, a região é tombada como patrimônio mundial pela Unesco.

Eu recomendo muito andar sem rumo certo pela região, já que cada cantinho tem seu charme. Eu, pelo menos, fiquei encantado com esse clima caótico de ruelas com prédios antigos de diferentes cores e paredes descascadas, roupas penduradas na fachada, fios elétricos à mostra, motocas estacionadas pelo caminho e outros tantos elementos. Mas, para entender melhor toda essa informação visual e ir aos pontos mais importantes, o ideal é fazer os passeios guiados, alguns deles gratuitos – desses que você paga a quantia que achar adequada ao final.

Um dos mais procurados é o free tour por Nápoles, que dura cerca de três horas e passa por diversos monumentos. O ponto de encontro é a Piazza del Plebiscito, uma das maiores da Itália, que conta com belos exemplos da arquitetura neoclássica, como a Basilica di San Francesco di Paola e o Palazzo Reale. Ali do ladinho, passando pela Piazza Triste e Trento, chega-se ao imponente Teatro San Carlo, onde são realizados espetáculos de ópera, dança e concertos, e a Galeria Umberto I, um centro de compras que também abriga o Hotel Art Resort Galleria Umberto.

Já na Piazza del Municipio, os principais atrativos são o Palazzo San Giacomo, sede da administração municipal, e o emblemático Castel Nuovo, construção do século XIII que foi projetada como residência real e transformada em uma fortaleza militar. Quem tiver interesse em se aprofundar na sua história pode fazer a visita guiada pelo Castel dell’Ovo e Castel Nuovo. Atrás dele fica o Porto de Napoli, de onde se tem uma boa vista do Monte Vesúvio, a alguns quilômetros de distância.

Das construções religiosas, a que mais me chamou a atenção foi o Complesso Monumentale di Santa Chiara, que conta com uma igreja gótica e dois conventos contíguos, mas separados: um feminino, destinado a abrigar as irmãs da ordem de Santa Clara, também conhecidas como clarissas; e um masculino, onde ficavam os frades franciscanos menores. Ele fica na rua conhecida como Via Spaccanapoli, onde também se pode ver a igreja barroca Gesù Nuovo. Dali dá para ir caminhando até a San Gregorio Armeno, rua onde são expostos e comercializados os tradicionais presépios natalinos.

Também se passa por uma das entradas da Napoli Soterranea, complexo com milhares de anos que é destino do tour pelos túneis de Nápoles, e na Cattedrale di Santa Maria Assunta, onde fica o Museo del Tesoro di San Gennaro, padroeiro da cidade. O acervo desse museu é tão rico que tem uma visita guiada pela capela com duração de uma hora. O free tour termina na Via Duomo.

Outra opção de passeio guiado gratuito nessa região é o free tour pela Nápoles antiga, que já foi um domínio grego e romano. O encontro se dá na Piazza Dante, onde fica a Port’Alba, uma das mais antigas portas das muralhas que cercavam a comunidade, construída no século XVII. Na Piazza Vincenzo Bellini, o sítio arqueológico Mura Greche contrasta com palácios do renascimento e do barroco napolitano. Pela Via dei Tribunali, são vistas esculturas como o Busto di Pulcinella, com uma máscara que faz parte da cultura popular da cidade, e a Statua del Dio Nilo, construída entre os séculos II e III. Por fim, chega-se a pontos que também são visitados no tour anterior, as igrejas Chiesa del Gesù Nuovo e a Basilica di Santa Chiara. Como esse tour termina por lá, da para entrar no complexo e ver os jardins do claustro e o museu com calma.

Quem quiser um programa diferente pode optar pelo free tour pelos mirantes e ruelas de Nápoles, uma oportunidade perfeita para ter vistas panorâmicas da cidade e dos arredores. Após encontrar o grupo na Fontana del Nettuno, que fica na Piazza Municipio, é feita uma curta caminhada até a estação Augusteo do Funicolare Centrale, um meio de transporte barato e muito usado pela população local para subir a colina.

Com cerca de dez minutos se chega no bairro Vomero, que possui um contraste interessante entre palácios elegantes e ruelas com casas modestas. Volta e meia aparece por ali um ponto de vista que releva o mar no Golfo de Nápoles e suas ilhas, a imensidão da cidade com diversas edificações imponentes ou até mesmo o Monte Vesúvio, há cerca de quinze quilômetros de distância.

Um dos grandes destaques dessa região é o Castel Sant’Elmo, cujos primeiros registros datam de 1275, quando funcionava, provavelmente, como uma residência fortificada e cercada por muralhas. Depois foi ampliado e passou a servir a propósitos militares na defesa da região. A parte mais interessante é seu extenso terraço, com laterais elevadas que funcionam como um mirante com vista em 360°. Para se ter uma ideia do tamanho, a volta completa lá em cima é de uns 600 metros.

Outro atrativo muito interessante é a Certosa e Museo di San Martino, que funciona em um antigo monastério inaugurado no ano de 1368. Se não tiver tempo ou interesse de entrar nesses atrativos, as vistas do Belvedere di San Martino também impressionam. Dali dá para descer a pé pelos mais de quatrocentos degraus da Escadaria Pedamentina, uma rota datada do século XIV que tem um passeio guiado dedicado somente a ela.

Voltando para a área central de Nápoles, chega-se a um dos pontos que eu mais gostei na cidade: as ruelas estreitas e sinuosas dos Quartieri Spagnoli, um tanto caóticas e cheias de personalidade. Trata-se de um bairro muito antigo e com histórico de alta criminalidade, prostituição e jogos de azar, mas que foi requalificado e tornou-se moradia para estudantes universitários e destino turístico. O local é repleto de bares e restaurantes de diferentes níveis, sendo o espaço ideal para refeição em uma tradicional trattoria, como são chamados os estabelecimentos familiares e informais que servem boas massas.

Se você acha que já deu de atrativos, saiba que tem muito mais a ser visitado no centro histórico da cidade. Eu mesmo dei algumas voltas por lá e me permiti encontrar lugares ao acaso, como foi o caso do Complesso Monumental Santa Maria la Nuova, que possui uma igreja belíssima, o claustro de um monastério e o Museo d’Arte Religiosa Contemporanea – ARCA. Essa galeria cria um paralelo entre a arte sacra vista no templo e as obras mais novas em exposição, com diversos estilos e linguagens. Há outras igrejas, prédios históricos e museus interessantes na área, como o Museo Archeologico Nazionale di Napoli.
Embora ainda tenha ficado muito a explorar, já que passei pouco tempo em Nápoles, recomendo dar uma olhada no mapa interativo acima. Ali estão marcados os pontos que visitei ou citei nas minhas postagens sobre a cidade. Com isso, dá para ter uma boa noção do que visitar nessa região e fazer seus próprios planejamentos.