No meu primeiro dia em Nápoles, eu já avistei, bem ao longe, a silhueta do Monte Vesúvio, que fica a alguns quilômetros de distância, na região metropolitana da cidade. Trata-se de um dos principais vulcões ainda ativos na Itália e sua última erupção ocorreu em 1944, embora ele seja mais conhecido pela destruição das cidades romanas no ano de 79 d.C. Para se ter uma ideia do seu poder devastador, Ercolano fica a quase 7 km e Pompeia a mais de 9 km de distância e ambas foram totalmente soterradas pelas cinzas. Atualmente adormecido, ele é considerado um dos vulcões mais perigosos do mundo devido à presença de uns três milhões de pessoas vivendo em seu entorno.

Quando se pensa nos riscos envolvidos, é comum se questionar por que tantas pessoas moram na região. A presença humana no local data de pelo menos 3.000 a.C. Isso faz sentido pela localização próxima à costa, a fertilidade do solo coberto de lava e a presença de rios e florestas. Mas as interferências tem sido cada vez mais intensas com o uso de fogo no desmatamento, reflorestamento com espécies não nativas e, sobretudo, o processo de urbanização. Graças à criação do Parco Nazionale del Vesuvio, em 1995, o avanço das construções nas encostas tem sido controlado e outras medidas vêm sendo tomadas para diminuir o impacto nos ecossistemas da região.

O parque é uma área de preservação com rica biodiversidade, contando com grande variedade plantas, animais e minerais. Estudos recentes indicam a presença de mais de setecentas espécies vegetais. Poucas delas são exclusivas da região, o que pode estar relacionado aos constantes processos de colonização que seguiram os ciclos de erupções do vulcão. A proximidade com a costa, o fato de ser uma montanha única em meio a uma grande planície, as condições climáticas favoráveis e a variedade de ambientes tornam o local um importante ponto de parada e refúgio de animais, criando uma fauna diversificada com pássaros, mamíferos, répteis e anfíbios.

O Vesúvio tem grande potencial para a catástrofe porque apresenta atividade vulcânica mista, alternando entre ocasiões em que expeliu lava espessa e produziu muitas cinzas, enquanto em outras o magma era mais fluido e havia gases explosivos, projetando materiais sólidos a grandes distâncias. Eu entendi melhor essa diferença ao assistir ao documentário Fire of Love, que conta a história do casal Katia e Maurice Krafft. Recomendo muito para quem se interessa pelo assunto porque usaram muitas fotografias e filmagens feitas pelos próprios pesquisadores, que arriscavam suas vidas para estudar os vulcões.

O tipo e a intensidade das erupções variou bastante ao longo da história. É possível citar ao menos duas de maior impacto. Uma ocorreu em 1800 a.C., quando foram destruídos diversos povoados próximos. Já a de 79 d.C. soterrou as cidades romanas com cinzas. Depois disso, nenhuma foi tão impactante. Mas isso não quer dizer que ele ficou quieto. Inclusive, as consequências de sua atividade vão bem além das comunidades em seu entorno. Para se ter uma ideia, algumas erupções cobriram toda a extensão sul do continente europeu de cinzas. Em 472 e 1631 d.C., por exemplo, elas chegaram a atingir a Constantinopla (atual Istambul), que fica a mais de 1.200 km de distância.

Conta-se que Ercolano foi redescoberta em 1709 durante as escavações para a abertura de um poço, embora materiais remanescentes da cidade já tivessem sido encontrados em trabalhos anteriores. Nos primeiros anos, túneis foram cavados por caçadores de tesouros e muitos artefatos foram removidos. Os trabalhos arqueológicos só se tornaram regulares em 1738 e revelaram que as rochas e cinzas serviram para preservar a madeira dos telhados, camas e portas, além de outros materiais de base orgânica, como alimentos e papiros. Além disso, embora fosse pequena e contasse com uma população de até cinco mil habitantes à época, era uma cidade rica, que funcionava como um refúgio à beira-mar para a elite romana, com casas grandes e luxuosas cobertas de mármore colorido. Nos abrigos dos barcos, junto ao mar, foram encontrados os restos mortais de pelo menos trezentas pessoas.

Já Pompeia, descoberta alguns anos depois, chama a atenção pela grandiosidade de seus monumentos. Os moradores já estavam habituados aos tremores de pequena intensidade, mas um terremoto mais grave, registrado em 62 d.C., teria levado muitos a abandonarem o local. Na época da erupção que causou sua destruição, a cidade era habitada por cerca de vinte mil pessoas e passava por reconstruções, também sendo destino de férias de muitos romanos. Baseados nas catástrofes de 1800 a.C. e 79 d.C., algumas pessoas teorizam sobre um iminente desastre futuro, considerando o tempo entre as atividades mais poderosas. Por enquanto, desde 1944, ocorreram apenas deslizamentos de terra próximos à cratera que levantaram poeira e levaram a falsos alertas.

Toda a comoção em torno do tema fez com que o vulcão se tornasse um ponto de interesse, movimentando o turismo da região. Eu fiz uma caminhada até a cratera de baixa dificuldade, partindo dos 1000 metros de altitude até o pico, que chega a 1277 metros. A cratera tem um diâmetro de 450 metros e profundidade de 300 metros. Recomendo fazer a excursão ao Monte Vesúvio em um passeio guiado, o que facilita bastante o acesso e facilita o planejamento.
Também é possível fazer tudo por conta própria com um carro alugado, mas é recomendado fazer a reserva prévia do estacionamento. Outra opção, mais trabalhosa, é ir de transporte público até uma das comunidades próximas e seguir até o topo de taxi ou ônibus de turismo. Em ambos os casos, é bom e comprar o ingresso com antecedência. Também existem outras trilhas que levam mais tempo, podendo partir da base da montanha. O grande destaque são as vistas proporcionadas dos mirantes, de onde é possível ver as cidades, ilhas, montes, campos e praias do entorno.

Os artesanatos em pedra vulcânica chamam a atenção pela complexidade das formas e são uma boa opção para quem gosta de comprar recordações de viagem. A comunidade de Torre del Greco, por exemplo, é reconhecida há duzentos anos no trabalho artístico de corais e camafeus. A riqueza cultural da região também aparece nos festivais religiosos, apresentações musicais, roupas típicas e gastronomia local com grande influência da presença do vulcão.