Embora seja até os dias atuais uma cidade pequena, com cerca de cinquenta mil habitantes, Diamantina tem uma rica história e tradições que atravessam séculos. Como o próprio nome indica, sua fundação está intimamente ligada com a exploração mineral, principalmente de ouro e diamante. Atualmente, é uma das cidades históricas mais conhecidas e visitadas do país, contando com muitas edificações antigas, principalmente com casarões coloniais e igrejas, além de bela paisagem natural e riqueza cultural.

Alguns achados arqueológicos datam de mais de dez mil anos atrás, como vegetais carbonizados e restos de fogueiras, mas também foram identificados instrumentos feitos de pedra e pinturas rupestres em grutas ao longo da Serra do Espinhaço. Nos séculos que antecederam o período colonial, outros processos de ocupação se deram no local por grupos de indígenas etnicamente diversos. Os mais recentes foram mortos por doenças ou guerras trazidas pelos portugueses.

A ocupação atual teve início no século XVIII, quando Jerônimo Gouvêa seguia o curso do Rio Jequitinhonha e encontrou uma grande quantidade de ouro no encontro dos rios Pururuca e Rio Grande. Logo as pessoas começaram a se juntar em agrupamentos ao longo das margens e o Arraial do Tejuco, fundado em 1713, foi ganhando corpo. O nome pode ter vindo do tupi e significa água podre, barro escuro ou pântano. Outra interpretação o relaciona com uma montanha fria.

Logo foram encontradas jazidas de diamantes, incialmente exploradas de forma clandestina, mas reconhecidas pela coroa portuguesa em 1729. O garimpo era realizado por particulares mediante a cobrança de uma taxa por cada escravo utilizado. Nos anos seguintes, foi estabelecido um controle maior através de contratos que duraram algumas décadas. A partir de 1771, somente a coroa passou a extrair e vender a mercadoria diretamente. Na virada do século, embora não fosse ainda uma vila ou município independente, o Arraial do Tejuco já possuía a terceira maior população da Capitania de Minas Gerais, ficando atrás apenas das atuais cidade de Ouro Preto e São João del Rei.

Uma das personalidades mais famosas da comunidade é Chica da Silva, escrava alforriada que se casou com um dos homens mais ricos da era colonial, João Fernandes de Oliveira. Apesar do mito em torno de sua figura, não se pode esquecer a brutalidade com que os escravos eram tratados nas lavras de diamantes. Os que conseguiam escapar, formavam pequenos povoados nos morros e grutas da serra, nos chamados quilombos. Diamantina conta com três comunidades quilombolas reconhecidas oficialmente, todas formadas durante o período de mineração dos diamantes: Mata dos Crioulos, Vargem do Inhaí e Quartel do Indaiá.
No século XIX, a economia local se voltou para a agropecuária e o arraial foi emancipado em 1831, passando a se chamar Diamantina, elevada à condição de cidade anos depois. A abertura de estradas e construção de linhas ferroviárias contribuíram para o crescimento, facilitando o escoamento das produções. O quotidiano local pelos anos 1893 a 1895 foi retratado por Helena Morley no seu livro Minha vida de menina), que se tornou um marco da literatura brasileira.

Nas comemorações do centenário, o centro histórico da cidade foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. A chegada de Juscelino Kubitschek ao governo do estado e, posteriormente, à presidência da república, trouxe muitas melhorias para a região, como: a construção do Hotel Tijuco, onde fiquei hospedado; a fundação de uma escola; uma faculdade; e uma praça de esportes. No ano de 1999, foi elevada à categoria de patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco.

O perfil da economia mudou com a chegada da universidade federal, atraindo milhares de alunos. Esse aumento a população jovem tem colocado em cheque as tradições locais. Grande parte do mercado também é movimentado pelo turismo, já que, além da importância da arquitetura e cultura no centro histórico, com a realização de eventos como serestas e a vesperata, o município também conta com um entorno de serras, cachoeiras, trilhas e enorme área de mata nativa, incluindo o Parque Estadual do Biribiri e a charmosa vila de mesmo nome, além da Gruta do Salitre.