Trem que liga o Monte Pilatus a Alpnachstad

Monte Pilatus – A ferrovia de cremalheira mais íngreme do mundo

Quando o engenheiro Eduard Locher propôs construir uma linha de trem no Monte Pilatus no século XIX, muitos acharam uma loucura. Mas, em 1889, o percurso de 4.618 metros foi inaugurado ligando Alpnachstad e o cume da montanha. Com uma inclinação de 48%, essa é a ferrovia de cremalheira mais íngreme do mundo. Para isso, os engenheiros projetaram um trilho de roda dentada especialmente para o empreendimento.

Já em 1905, surgiu a ideia de substituir os comboios a vapor pelos elétricos, um projeto que foi deixado de lado devido ao alto custo. O avanço só saiu do papel em 1937.

Comboio descendo o monte
Comboio descendo o monte

Você pode tanto subir quanto descer pela ferrovia. Eu escolhi fazer isso na volta porque fazia mais sentido pelo meu trajeto, uma vez que eu estava hospedado em Lucerna, que é mais perto da subida de teleférico. É importante notar, entretanto, que o caminho de ferro só fica aberto entre os meses de maio a novembro. Já o teleférico fica em operação durante todo o ano. As datas e horários de funcionamento e os preços podem ser conferidos na página oficial. Quando eu fiz esse passeio, o Swiss Travel Pass dava isenção total dos transportes. Atualmente, o desconto é de 50% para o teleférico e o trem (ônibus e barco continuam gratuitos).

Vista de dentro do vagão
Vista de dentro do vagão

Você pode comprar os ingressos com antecedência, mas eu preferi não fazer isso porque não sabia quanto tempo iria querer ficar passando no cume do Monte Pilatus. Lá em cima tem algumas trilhas, restaurantes e é possível até mesmo se hospedar no Hotel Pilatus-Kulm ou no Hotel Bellevue. Quando eu fui fazer a descida, no meio da tarde, havia fila para embarcar, mas fluiu rápido. Ao todo são dez comboios que ficam subindo e descendo o tempo todo, cada um com capacidade para 40 pessoas. Todos devem ir sentados em bancos para quatro pessoas, o que significa que apenas dois irão ficar nas janelas. Além disso, metade dos bancos é voltado para cima e metade para baixo. Eu escolhi sentar olhando para baixo. Só achei que o vagão deveria ter o teto transparente ou pelo menos janelas mais altas para permitir ter uma visão melhor. Obviamente, se você for o último a embarcar, não terá poder de decisão.

Um dos túneis da ferrovia
Um dos túneis da ferrovia

Principalmente perto do cume, a gente passa por alguns túneis pequenos escavados dentro da rocha. Em algumas partes o vagão segue à beira de penhascos, o que pode dar um pouco de vertigem em quem tem medo de altura. Imagino que essas sejam as áreas de maior inclinação. De qualquer maneira, devo destacar que eu achei o passeio bastante tranquilo, você nem sente muito essa diferença de nível tanto usada para propagandear o passeio.

Paisagem vista de dentro do trem
Paisagem vista de dentro do trem

A descida é feita a uma velocidade máxima de 9 km/h e gasta 40 minutos. Nesse tempo, é possível observar com calma a paisagem da montanha. Quando eu fiz esse passeio, no finalzinho de maio, ainda estava com neve no Pilatus Kulm, então foi interessante observar a mudança das rochas cobertas de gelo para os gramados verdes. Também é possível ver algumas das trilhas que vão até o topo – se eu tivesse ficado mais dias na região, certamente teria feito alguma. Na página oficial é possível ver as opções de trilhas separadas de acordo com o nível de dificuldade. Ali tem mapa, duração prevista, distância a ser percorrida e outras informações.

Estação intermediária de Ämsigen
Estação intermediária de Ämsigen

No meio do caminho, paramos um tempinho em uma estação intermediária chamada Ämsigen, mas não vi ninguém descendo ou embarcando. Imagino que seja somente o local usado para permitir que um vagão passe ao lado do outro – a coisa toda precisa ser muito bem sincronizada porque o resto da ferrovia não é duplicada.

A subida demora um pouco menos, pois chega a atingir a velocidade de 12 km/h. A duração é de 30 minutos, mas acho que o tempo a menos não deve alterar muito a experiência do passeio.

Estação do trem de cremalheira
Estação do trem de cremalheira

Logo você chega ao fim do trajeto, na Pilatus-Bahn. Pertinho da estação tem o Restaurant Chalet, onde paramos para fazer uma refeição. Tinha um grupo tocando música típica e eu fiquei com receio de cobrarem um couvert artístico absurdo ou algo assim, mas não teve nada disso. Se você quiser saber o horário de funcionamento e acessar o menu para ter uma noção de quanto vai gastar, essas informações encontram-se na página oficial. Outra opção teria sido comer em um dos restaurantes que fica no topo do monte ou ter levado o próprio lanche, o que eu sempre recomendo por ser o mais econômico.

Eu estava hospedado no HITrental Allmend Comfort Apartments, então ainda precisava voltar para Lucerna. Como eu tinha feito a subida de teleférico e a descida de trem, quis complementar o dia com um passeio de barco pelo lago. A outra opção seria voltar de trem. O porto fica ali pertinho e eu tinha o Swiss Travel Pass, então foi de graça. Apenas destaco a importância de ficar de olho nos horários de saída, pois não são muito frequentes (pelo menos quando eu fui, na primavera – talvez a oferta seja maior no verão). Organizei direitinho para dar tempo de comer e já seguir viagem. O trajeto completo pode ser visto no mapa interativo acima, no qual a ferrovia de cremalheira se encontra destacada em vermelho.

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