A história de Baden vem dos tempos romanos, quando era conhecida como Aquae Helveticae, época em que suas fontes termais passaram a ser usadas para fins medicinais, recreativos e religiosos. Havia um complexo de piscinas naturais, na margem esquerda do rio Limmat, abastecidas por um sistema de nascentes que chegavam a 47°C. Uma vila foi se formando na região, inclusive com algumas casas de campo imponentes. O resort, distritos residenciais e comerciais cresceram a um tamanho respeitável, mas foram incendiados e tiveram suas construções de madeira destruídas no ano 69 a.C. A cidade foi reconstruída em pedra, sobrevivendo do comércio e da produção de cerâmicas e trabalhos em bronze, mas ainda era uma área de conflitos.
O primeiro registro do nome Baden (termas, em alemão) aparece em um documento de 1040, mas a cidade medieval só foi fundada oficialmente em cerca de 1230. Ao longo do século XV, a cidade retomou sua popularidade como um resort medicinal. Já no século XIX, suas águas eram consideradas eficazes no tratamento de gota e reumatismo, sendo frequentadas por Goethe, Nietzsche, Thomas Mann e Hermann Hesse. A primeira linha férrea da Suíça ligava a cidade a Zurique e abriu em 1847.
E foi justamente de trem que eu saí da estação Zürich HB em direção à cidade. Nesse dia usei o Swiss Travel Pass, que me permitia pegar o transporte gratuitamente, sem que fosse necessário comprar ou validar qualquer bilhete. Para pesquisar o próximo trem indo para Baden, usei o Google Maps – as saídas são frequentes e a viagem demora de 15 a 38 minutos, dependendo de qual linha você pega. Daí basta consultar a linha desejada no quadro de saídas da estação e ir até a plataforma certa.

Saindo da estação, já encontramos uma feirinha que se espalhava por várias ruas. Tinha de tudo sendo vendido ali: bijuterias, roupas, comidas, vegetais, conservas, cerâmicas, artigos de decoração, enfim… uma infinidade de produtos da região e de outros lugares. Muitas das barracas ofereciam degustação, então aproveitamos para provar algumas coisas como alho curtido no vinho, salsichas artesanais, etc. Uma das coisas que foi possível perceber logo no começo desse passeio é que esse é um evento mais voltado para a comunidade local – poucas pessoas falavam inglês e a comunicação ficou um pouco prejudicada, mas os atendentes eram todos muito simpáticos e era possível chegar a um entendimento de um jeito ou de outro.

Mas deixamos o passeio pelo centro histórico para mais tarde, pois uma das principais razões para ir à cidade era visitar um museu. Para isso, fomos andando pela rua Oelrainstrasse, de onde se tem uma bela vista da outra margem do rio. O dia estava muito bonito e a caminhada foi super agradável. Passamos também pelos jardins do Kurpark, onde fica o Grand Casino Baden. O parque é muito bem cuidado e bonito, com algumas esculturas.
O caminho entre a estação e o museu é de menos de 1km, mas já representa uma mudança clara no visual da cidade. Você sai do centro histórico, com seus prédios antigos, muitas lojas e grande movimentação de pessoas e passa a andar em uma rua bem mais tranquila.

O Museu Langmatt funciona na casa de campo construída no final do século XIX, cuja arquitetura e jardins são tão interessantes de se visitar quanto as obras ali expostas. Na parte interior, é possível visitar os aposentos da casa decorados com objetos da época e a coleção particular de obras de arte de seus antigos moradores, que conta com trabalhos de Gauguin, Renoir, Pissarro, Monet, Sisley, Cassat e Cézanne, além de esculturas, prataria, porcelanas e móveis de época. Certamente o ponto alto de uma visita à cidade e que merece uma postagem exclusiva.

Depois da visita ao museu, andamos novamente em direção ao rio para uma caminhada. No caminho, passamos por casas e vários hotéis que destacavam um dos maiores atrativos da cidade: os banhos em águas termais. Como não nos hospedamos na cidade e não tínhamos muito tempo para o passeio, não cheguei a conferir essas piscinas de água quente, mas imagino que deva ser um passeio extremamente relaxante e gostoso.

A caminhada à beira do rio, na parte baixa da cidade, é também bastante relaxante. Fizemos o trajeto lentamente, observando a paisagem, aproveitando a sombra das árvores e parando uma vez ou outra para tirar fotos ou sentar em um dos bancos voltados para as águas. O Limmatpromenade é usado pela população local para passeios e prática de exercícios físicos. Quando passo por esse tipo de lugar, eu sempre falo, empolgado, que se eu morasse ali eu certamente ia correr todos os dias (haha).

Caminhamos por pouco mais de 600 metros até chegar a uma ponte de aço chamada Limmatsteg, por onde passava um bonde e agora serve de ligação entre as duas margens do rio. O estilo da arquitetura da ponte continua no elevador à sua frente, de uso gratuito, que dá acesso novamente à parte alta da cidade e ao centro histórico. Uma placa avisa que, caso o elevador não esteja funcionando, é possível subir de escada. Felizmente, para as nossas pernas e por proporcionar uma vista panorâmica, pudemos subir de elevador.

De volta ao centro da cidade, podemos passar novamente e com mais calma na feirinha, que se espalhava principalmente pela rua Badstrasse. A essa hora, ela estava ainda mais cheia e aproveitamos para comprar uma dessas salsichas artesanais da suíça e ver outros produtos típicos, além de observar um pouco do dia-a-dia da cidade. A título de informação, nosso passeio por Baden foi feito em uma quarta-feira, no início do mês de maio – não sei dizer em que dias ela acontece ou se é um evento da estação.

Um dos destaques dessa área é a torre com um arco no nível da rua, a Stadtturm Baden. A primeira versão foi construída em 1360, mas foi removida cerca de 80 anos mais tarde. O que vemos agora é a construção iniciada na década de 1440, que também foi aumentada e reformada ao longo dos anos devido aos constantes ataques na região, problemas na estrutura provenientes de causas naturais e a própria ação do tempo. Destaca-se suas telhas com as cores da cidade – branco, vermelho e preto. Entre os anos de 1846 e 1984, a construção foi usada como prisão. Atualmente, não possui um uso fixo.

Outro ponto de interesse é a Stadtpfarrkirche Mariä Himmelfahrt, uma igreja paroquial católica romana construída entre os anos de 1457 e 1460. Se destaca de sua aparência modesta o colorido telhado da torre, construída entre 1489 e 1493, com 52 metros de altura e abrigando seis sinos pendulares do século XVIII. Algumas partes da igreja são restos da construção anterior que havia no local e o interior também foi alterado várias vezes, adotando um estilo barroco na decoração do altar e outras mudanças.

O interior é bem diferente do que se vê pelo lado de fora. A igreja é toda branquinha, com muitos detalhes nas paredes e no teto. O coro pode ser acessado pelas escadas laterais – quando eu passei por lá, não tinha ninguém dentro da igreja e as escadas não estavam bloqueadas, então subi até o segundo andar, de onde se tem uma visão geral da igreja muito bonita.
Depois disso voltamos para a estação e pegamos o trem para Zurique, pois havíamos feito reserva para jantar no restaurante Zeughauskeller.
Como fiquei apenas algumas horas em Baden, não deu para conhecer todos os atrativos da cidade, mas pude ter uma noção geral e gostei bastante do passeio. Em outra oportunidade, voltaria lá para aproveitar as águas termais e caminhar sem rumo por outras ruas. De qualquer maneira, disponibilizo acima o mapa interativo com os lugares por onde passei, seguindo um código de cores para facilitar a compreensão.
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Que cidade encantadora, adoraria conhecer e visitar estas atrações. Lindo post!
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Deu para perceber que eu também adorei, né? 🙂
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