Sidney William Brown, natural de Winterthur, mudou-se para Baden para trabalhar como diretor técnico e fazer parte do quadro administrativo da empresa de engenharia elétrica Brown, Boveri & Cie, conhecida atualmente por ABB, fundada pelo irmão. Em 1896, casou-se com a amante de arte Jenny Sulzer e, juntos, comandaram a construção de uma casa de campo entre 1899 e 1901 chamada Villa Langmatt. O local era centro de uma vida social agitada e a família, composta pelo casal e três filhos, deu suporte a vários artistas e músicos da era, formando uma coleção expressiva de obras de arte.
A linha familiar chegou ao fim com a morte do filho do meio, John Alfred Brown, em 1987 que, assim como seus outros dois irmãos, não deixou nenhum herdeiro. Em seu testamento, deixou a casa, móveis e valiosa coleção para a cidade de Baden, estipulando que o espaço deveria ser convertido em um museu. Respeitando o pedido de que o local recebesse o nome de seus pais, a cidade de Baden criou a fundação pública Siftung Langmatt Sidney und Jenny Brown e abriu as portas do museu em 1990.

A Villa Langmatt foi projetada pelo arquiteto Karl Moser, que já havia realizado trabalhos para os fundadores da companhia Brown, Boveri & Cie, e construída em um espaço conhecido como lange Matte – daí seu nome. Suas construções criaram a base para a ascensão da região de Basel que, durante o período, tornou-se o centro da arquitetura progressiva Suíça. Hoje em dia, o arquiteto é considerado o maior exponente da arquitetura modernista do país.
O museu tem um horário de funcionamento limitado, que pode ser conferido na página oficial. Quando chegamos lá, vi que a porta estava fechada e fiquei passeando um pouco pelo jardim (depois descobrimos que era só empurrar a porta, que é bem pesada mesmo).

A casa original foi projetada com a união de estilos variados, com características de casas de campo inglesas e o art nouveau alemão, mas com uma planta moderna. Os móveis e objetos também foram criados por Karl Moser e pelo oleiro cerâmico alemão Max Laeuger, incluindo a fonte da cafeteria, que pode ser vista ainda hoje.
O Veranda Cafe funciona na parte de trás da casa, junto ao jardim de inverno, em um sistema de buffet. É um lugar muito convidativo para comer um bolo e tomar uma bebida quente nos dias mais frios ou algo refrescante no verão. Também existe a opção de encomendar uma cesta de piquenique, com sanduíches, saladas caseiras, frutas, o tradicional Baden Spanischbrödli e um bom vinho, e comer sobre um cobertor no gramado do parque. Os horários de funcionamento e cardápio podem ser acessados na página oficial.

Como eu achei que o museu ainda estava sentado, fique passeando pelo jardim, que é bem grande e parece um parque particular, muito agradável. Sua construção se deu por volta de 1900, em uma parceria de Moser e seu sócio Robert Curjel, com a colaboração do arquiteto paisagista Otto Froebel. Originalmente baseado no modelo inglês, o jardim passou por diversas adaptações e foi alterado muitas vezes, particularmente com a adição de elementos do estilo francês na década de 1920 e uma mudança grande em 1941. Atualmente, o jardim é plantado respeitando princípios da conservação histórica.
Quando eu fui estava tudo bem florido e bonito – era primavera. Adorei a integração do jardim e a arquitetura da casa, com trepadeiras subindo pelas paredes e formando uma moldura de flores em volta das janelas.

Durante a visita, passamos por cômodos com decoração preservada, podendo observar a riqueza vivida pelos seus moradores. Nessa parte já há várias obras penduradas nas paredes. Como a casa continuou a ser usada por várias décadas, muito foi mudado ao longo do tempo, mas é possível testemunhar detalhes históricos, como a banheira datada de 1901 que se encontra no primeiro andar. Para a galeria de pinturas, construída pelo mesmo arquiteto entre 1904 e 1906 para a acomodação das obras de arte, o estilo é clássico. Já os móveis e objetos internos mudaram bastante a partir da década de 1920.

Os donos da Villa Langmatt, Sidney William Brown e Jenny Brown-Sulzer, compraram suas primeiras pinturas durante a lua de mel em Paris, em 1896 – uma delas foi Lavandières sur les bords de la Touques, de Eugène Boudin, de 1895. Jenny, que havia sido uma pintora em sua juventude e possuía conhecimento na área, era particularmente apaixonada por arte. Logo eles começaram a colecionar, inclusive fazendo viagens com o objetivo de adquirir novas obras. Seu interesse era particularmente no movimento da Secessão de Munique, mas a maior parte dos quadros dessa era foram dispostos para dar lugar a uma nova paixão: os impressionistas franceses.
A partir de 1908, seguindo o conselho do pintor e agente de arte Carl Montag, o casal passou a adquirir pinturas de Gauguin, Renoir, Pissarro, Monet, Sisley, Cassat e Cézanne, dando surgimento a uma das mais significantes coleções impressionistas da Suíça. Na década de 1920, os Browns se interessaram pela arte francesa do século XVIII e adquiriram a obra Young girl with Cat, de Fragonard, além de várias outras pinturas e móveis de época. Na década posterior, voltaram a comprar quadros dos modernistas, como Boudin, Corot e Cézanne.

Passando pelos cômodos da casa, que incluem salas, biblioteca, escritório e outros, a visita é acompanhada de perto por uma funcionária do museu, que explica sobre algumas obras, móveis e um pequeno número de esculturas. A sala principal, com as obras de arte mais importantes, não pode ser fotografada. Também estão expostas na villa antiguidades em prata e porcelana, incluindo uma coleção de cerâmicas chinesas.
Por último subimos um andar para ver a exposição de releituras das obras por artistas contemporâneos, que não era tão interessante quanto os originais. De qualquer maneira, a visita ao museu Langmatt é um passeio imperdível que, por si só, já vale para a visita à cidade.