Plaza Arce

Uyuni – Senta que lá vem história

A cidade de Uyuni, no sudoeste da Bolívia. Ali há pouca produção na agricultura, já que o suprimento de água é pequeno e, ainda assim, com uma concentração de sal que não favorece o plantio. O município funciona como um ponto importante para o comércio e transporte entre a Bolívia e o Chile, tendo inclusive um posto de imigração e alfândega. Aliás, Uyuni foi fundada justamente como núcleo de negócios, no ano de 1890, e até hoje mantém a tradição de um extenso mercado de rua. Mas o destaque, atualmente, está no turismo.

Carcaça de trem
Cementerio de Trenes

A cada ano, o município recebe cerca de 60.000 pessoas de todo o mundo, sendo que a população é de pouco mais de 10.000 habitantes. O principal ponto turístico da cidade é o Cementerio de Trenes. Antigamente, Uyuni era o ponto central de distribuição para trens que carregavam minérios em direção ao Oceano Pacífico. A construção da ferrovia se iniciou em 1888, sendo concluída quatro anos depois. Durante décadas, foi utilizada para o transporte de estanho, prata e ouro. Nos anos 1940, a indústria mineira entrou em colapso, principalmente devido ao esgotamento dos minerais explorados, e o maquinário ficou abandonado.

Salar de Uyuni visto do avião
Salar de Uyuni visto do avião

Mas isso não quer dizer que o acesso à cidade está comprometido. Na verdade, Uyuni é o ponto de encontro de quatro importantes linhas férreas do país, estando ligada a La Paz (via Oruro), Calama (no Chile), Potosí e Villazón (na fronteira com a Argentina). A cidade também é beneficiada pelo Aeropuerto Internacional Joya Andina. Em termos de rodovias, há acessos para Oruro – La Paz, Sucre, Villazón (na fronteira com a Argentina) e Ollagüe (no Chile). Não é à toa, já que o local é o principal ponto de partida para passeios turísticos no maior salar do mundo.

O Salar de Uyuni tem grande importância econômica devido à presença de grande quantidade de sódio, potássio, lítio, magnésio e bórax. Entre esses, o mais relevante é o lítio, já que é um componente vital para a produção de baterias elétricas. A Bolívia detém cerca de 43% de todo o lítio do mundo, a maior parte dele localizada no Salar de Uyuni. A população é contra a presença de empresas estrangeiras para a exploração dos minerais, já que acredita que isso não traria retorno para o país. Todas as minas que funcionam no local fazem parte da cooperativa de Colchani e têm uma produção anual modesta.

Salar de Uyuni
Salar de Uyuni

O Salar de Uyuni possui, obviamente, uma história muito mais antiga do que a cidade. A lenda Aymara (como são denominados os indígenas da região dos Andes) conta que as montanhas Tunupa, Kusku e Kusina, que circundavam a região, eram pessoas gigantes. Tunupa se casou com Kusku, mas ele fugiu para ficar com Kusina. De luto, Tunupa começou a chorar enquanto dava de mamar para seu filho. Suas lágrimas se juntaram ao leite e formaram o Salar. A população local considera Tunupa uma importante divindade e argumentam que a região deveria se chamar Salar de Tunupa, em vez de Salar de Uyuni.

Vista paronâmica do Salar de Uyuni
Vista paronâmica do Salar de Uyuni

Cientificamente falando, o salar foi formado pelas transformações ocorridas em diversos lagos pré-históricos devido ao levantamento da Cordilheira dos Andes, que represou as águas e causou sua evaporação. O que restou foi essa imensidão de sal. A palavra uyuni também vem da linguagem Aymara e pode ser traduzida como cercado. O solo é praticamente todo plano, com uma variação de cerca de um metro entre o ponto mais alto e o mais baixo. Uma das exceções é a Isla Incahuasi, que é o topo de um vulcão pré-histórico com formações de corais e tomado por cactos gigantes. É possível subir por uma trilha na ilha e ter uma vista ótima do salar.

Foto do grupo no Jeep 4x4
Foto do grupo no Jeep 4×4

O passeio mais tradicional é a chama travessia do Salar de Uyuni, feito entre a cidade de mesmo nome, na Bolívia, e San Pedro de Atacama, no Chile (ou vice-versa). O passeio, feito com uma agência de turismo, leva três dias de um ponto ao outro – desses, apenas um é pelo salar. A maior parte das paradas para visitação de diversos lagos, formações rochosas, gêiseres, termas e hospedagens para passar as noites é no deserto boliviano, principalmente dentro da Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa.

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