Para iniciar o terceiro dia de travessia do deserto boliviano rumo a Uyuni, é dada aos turistas a escolha entre acordar mais tarde, tomar o café da manhã no hotel e depois sair para o passeio; ou levantar mais cedo, por volta das quatro horas, e sair imediatamente para ver o nascer do sol no salar, deixando para tomar o café da manhã depois. O grupo precisa chegar a um consenso, já que todos os carros têm que sair e andar sempre juntos. A maioria optou pela segunda opção.
Acordamos ainda de madrugada e, rapidamente, nos vestimos e passamos no banheiro para dar aquele tapa no visual e escovar os dentes antes de levar as malas para o carro e partir em direção ao Salar de Uyuni.

Quase duas horas de estrada depois, paramos ainda no escuro em uma imensidão de sal. Como se pode imaginar, estava fazendo bastante frio. É importante sair bem agasalhado para esse passeio, pois a temperatura só vai aumentar durante o dia.
O sal é bem mais duro do que eu imaginava. Eu pensei que seria como pisar em uma areia de praia, mas o sal estava bem cristalizado e parecia uma pedra com a superfície coberta de extremidades pontiagudas. Definitivamente, não é um lugar em que você queira andar descalço, pois machuca bastante.
Logo que chegamos começou o nascer do sol, um espetáculo da natureza que dura pouco tempo, mas que vale muito a pena apreciar. Além disso, o silêncio, a atmosfera do lugar e aquela imensidão de sal branquinho tornam a experiência única. Realmente não consigo entender como alguém iria preferir ficar em um albergue dormindo por uma ou duas horas a mais em vez de aproveitar essa oportunidade. Como se acordar mais cedo um dia fosse um sacrifício muito grande para quem já enfrentou horas de voo e dias atravessando um deserto em condições longe das ideais. Mas enfim, cada um com suas prioridades. Eu sei que no fim das contas todos foram e ficaram encantados.

O Salar de Uyuni é de uma imensidão e muito plano, com algumas poucas montanhas lá no fundo, justamente onde nasce o sol. Quando você olha nessa direção, o céu azul vai sendo tomado pelas cores que vão do amarelo ao vermelho, marcando as poucas nuvens com sombras. O sal ainda está escuro porque estamos olhando contra a luz.

Pouco depois, ao virar para o outro lado, já é possível ver o tapete branco com essa textura linda e o céu com cores suaves que incluem tons de roxo, rosa, amarelo e azul claro.

Aproveitei para, ali mesmo, pegar um pedacinho de sal do chão. Ele não sai muito fácil, é como se você estivesse tentando quebrar uma pedra. Mas dá para encontrar uns pedacinhos meio soltos. E sim, eu experimentei de novo – faz parte da experiência salar completa. Sobrevivi.

Depois de ficar por ali um tempo e tirar várias fotos, é hora de seguir viagem porque ainda tem muita, mas muita coisa para se ver no Salar de Uyuni.