Eu gosto de visitar os mercados de artesanato e gastronomia porque são bem representativos da cultura local. Alguns são mais autênticos e outros muito voltados para o bolso dos turistas, mas sempre é uma experiência interessante. No caso de Salvador, o mais conhecido é o Mercado Modelo, que fica na região conhecida como Cidade Baixa. O comércio abre todos os dias, mas fecha mais cedo no domingo, então é bom se programar para não chegar lá tarde. As informações podem ser encontradas na página oficial.

Você certamente vai ver o prédio quando estiver passeando pelo Pelourinho, já que a Praça Tomé de Souza tem um mirante que proporciona uma das mais belas vistas da Baía de Todos os Santos. De lá é possível ver não apenas o mercado, mas também o Terminal Turístico Náutico da Bahia, onde eu peguei o catamarã em direção a Morro de São Paulo, o Forte São Marcelo, construído em um banco de areia com um formato inusitado e outros prédios históricos. Ali também se encontra o Elevador Lacerda. A descida/subida de 74 metros, feita por milhares de moradores e turistas todos os dias, dura apenas 11 segundos.

Uma vez lá embaixo, me dirigi para a Praça Visconde de Cairu, que fica em frente ao mercado. Construída entre o fim do século XIX e o começo do século XX, a área recebeu esse nome em homenagem a José da Silva Lisboa, político baiano e ativista pela independência do Brasil mais conhecido como Visconde de Cairu. A estátua de bronze foi criada em 1934 e, do outro lado da rua, encontra-se a casa onde ele morava. A praça recebe uma feirinha a céu aberto, mas também tem ambulantes querendo te empurrar produtos, vendedores de passeios, ciganas que agarram sua mão enquanto você está passando e outras inconveniências. A minha recomendação é não fazer contato visual e tomar cuidado com seus pertences pessoais.

Inaugurado em 1912, o Mercado Modelo foi criado como um centro de abastecimento do centro comercial de Salvador, que recebia produtos diversos como legumes, frutas, cereais, animais, fumos, bebidas e artigos de candomblé. As mercadorias eram trazidas pelos saveiros e desembarcadas na Rampa do Mercado. Ao longo das décadas, o local atraiu diversos visitantes ilustres, inclusive estrangeiros como Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Pablo Neruda, Orson Welles. Aldous Huxley e a rainha Elizabeth II.

Em 1969, o mercado sofreu um grande incêndio e o que restou do imóvel precisou ser demolido. No ano seguinte, o local recebeu o Monumento à Cidade de Salvador, uma escultura com fonte de água assinada pelo artista Mário Cravo Júnior. Suas formas modernas se destacam no meio de tantos prédios antigos e, embora seja descomprometida com a representação exata de algo real, muitas vezes é associada às velas dos barcos que costumavam atracar na rampa. A ideia era fazê-la em concreto armado, mas a obra foi construída experimentalmente com fibra de vidro e se mantém assim até os dias atuais.

Já o Mercado Modelo foi transferido para o prédio ao lado, uma construção de 1861 em estilo neoclássico e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional – IPHAN. Considerado o maior centro de compras de artesanato do Brasil, o espaço conta com uma grande diversidade de lojas com produtos típicos da região, além de posto de informações, correios, caixas eletrônicos e outras comodidades. Estima-se que 80% das pessoas que visitam a cidade passam pelo mercado.

São centenas de lojas distribuídas por 8.410 m2 com produtos como berimbaus, roupas, redes, figuras entalhadas em madeira, rendas, cestos, bordados, trançados, bijuterias, adereços, peças de decoração, utilidades domésticas, cerâmicas, figas, patuás, pencas de balangandãs, objetos religiosos católicos e do candomblé, joias, obras de arte e muitas outras coisas, indo desde as lembrancinhas mais baratas até itens bem caros. Seja para fazer compras ou apenas um passeio, você vai acabar gastando um bom tempo ali.

O mercado também conta com várias lanchonetes e bares. Para quem busca uma refeição mais completa, o ideal é ir ao andar superior, onde ficam restaurantes de culinária baiana, inclusive com a possibilidade de se sentar no terraço com vista para a baía. Das opções gastronômicas, os mais tradicionais são o Maria de São Pedro e o Camafeu de Oxóssi. O prédio e a praça também recebem eventos culturais e artísticos, como rodas de capoeira, apresentações musicais e festas. Ou seja, um passeio imperdível.
Perfeito tudo que descreveu sobre Salvador. Aliás todas as viagens que relatou aqui já sonho em ir. Obrigada 😊
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Que bom que você gostou! Somos dois que querem viajar cada vez mais!
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