A Baía de Todos os Santos foi de fundamental importância não apenas para o a cidade de Salvador, na Bahia, mas para o desenvolvimento da colônia nos primeiros séculos após a chegada dos portugueses, já que praticamente não existiam vias terrestres e quase todo o transporte de pessoas e mercadorias era feito pelo mar. Mesmo antes da fundação da cidade, as suas águas calmas e profundas ofereceram as condições ideais para a passagem e ancoragem desde embarcações pequenas a grandes navios. Devido à sua localização no centro da costa brasileira, esse era o local ideal de partida para acudir qualquer capitania que passasse por dificuldades.

Protegido dos ventos e situado na Rota das Índias, o Porto de Salvador era usado na importação e exportação de mercadorias, servindo também como acesso para a rota interior até os engenhos de cana de açúcar que abasteciam o comércio europeu, além das escalas para a realização de reparos nos barcos e reabastecimento de água, remédios e mantimentos. Obviamente, por ser um ponto estratégico, também atraiu invasores ingleses, franceses e holandeses. Por esses motivos, ali foi construído o Forte de Santo Antônio da Barra, o primeiro forte edificado pelos portugueses no país.

Erguido em 1534 na mesma ponta de terra onde havia sido colocado, em 1501, um marco que indicava a presença da coroa portuguesa nas terras recém-descobertas, o forte de pedra e cal foi equipado com três canhões. No século seguinte, ele ganhou a forma, que mantém até os dias atuais, de uma estrela irregular de quatro pontas. Antigamente, toda a cidade era cercada por muralhas que o ligava aos fortes de Santa Maria e São Diego, na enseada da baía. Mais para dentro, sobre um banco de areia, foi construído o Forte de São Marcelo e também havia outros que complementavam a defesa da região, incluindo as fortalezas de Morro de São Paulo.

O Forte de Santo Antônio da Barra recebeu, em 1698, o Farol de Santo Antônio, primeiro em todo o continente americano e, hoje, um dos principais pontos turísticos da cidade comumente chamado de Farol da Barra. A construção tinha como finalidade orientar os navegantes para facilitar a entrada na Baía de Todos os Santos e foi apressada após o trágico naufrágio do galeão Santíssimo Sacramento que, em 1668, ocasionou a morte de mais de 400 pessoas e a perda de uma preciosa carga de 300 toneladas. Inicialmente, os lampiões eram alimentados com óleo de baleia. Em 1839, foi inaugurada a torre de alvenaria na forma atual, com 22 metros de altura, e a sinalização passou a ser feita com um aparelho rotatório e luz de querosene que emitia dois lampejos brancos e um encarnado.

Em 1890, o farol recebeu um novo mecanismo giratório e uma lente de 3,5 metros de diâmetro, ainda usada nos dias atuais, à época com alcance luminoso de 33 km. Já em 1937, foi concluído o trabalho de eletrificação e passou a ser usada uma lâmpada de 1000W como sistema principal, que persiste até os dias atuais e chega a uma distância de 70 km para a luz branca e 63 km para a luz encarnada. Na falta de energia elétrica, um queimador a gás butano é usado como sistema de emergência e a lente é movimentada por um aparato mecânico de pesos. Vale a pena encarar a escada até o topo do farol, pois lá de cima se tem uma vista deslumbrante do mar, das praias e da cidade.

O acesso à parte interna do forte se dá mediante ao pagamento de uma taxa. Outro atrativo do local é o Museu Náutico da Bahia, que reúne um rico acervo de achados arqueológicos do naufrágio de 1668, miniaturas de embarcações e vários outros elementos que dizem respeito à navegação e sinalização náutica, além de uma mostra permanente sobre a geografia, história, antropologia e cultura da região. O tema é relevante para entender não apenas o desenvolvimento da cidade, mas também a trajetória do nosso país no período colonial.

Salvador foi a capital administrativa, portuária e militar do Brasil até o final do século XVIII, quando o foco passou a ser a exploração das minas de metais preciosos no sudeste e a sede do governo foi transferida para o Rio de Janeiro. Ainda assim, a Bahia manteve a sua importância estratégica, já que ali se concentraram forças brasileiras que lutaram pela independência do país, com milhares de homens no mar e em terra, especialmente na Ilha de Itaparica.

Você também pode dar uma volta completa pelo lado de fora do Forte de Santo Antônio para ver a construção dos mais diversos ângulos, além de se sentar para apreciar com calma a paisagem e curtir a praia. Quem quiser ver o pôr-do-sol de uma perspectiva especial pode fazer o passeio de catamarã ao entardecer com saída do Porto da Barra, a única praia urbana que está voltada para o oeste, com passagem pelo Farol da Barra, a Praia de Gamboa, o Forte de São Marcelo e o Mercado Modelo.
É impressionante o quanto mentem para os turistas na Bahia. O Forte da Barra primitivo foi erguido a partir de 1596, e a estrutura atual é do século XVIII, então não, não foi a primeira fortaleza do Brasil. Salvador sequer existia antes de 1549. E o primeiro farol das Américas foi o farol do antigo Palácio de Friburgo no Recife, residência oficial de Maurício de Nassau.
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Se tem uma coisa que eu aprendi viajando pelo mundo é que as versões variam muito, seja entre diferentes livros, pessoas, cidades, países e por aí vai. Fica aqui registrado seu comentário.
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