A exibição de filmes em três dimensões parece ter sido a última grande inovação do cinema, mas o fato que muitas pessoas desconhecem é que essa tecnologia tem idade para ser sua tataravó. A patente foi registrada ainda no século XIX, quando era usado para fotografias, mas só em 1922 o primeiro longa-metragem foi lançado. Apesar da novidade, The Power of Love não impressionou o público. Nas décadas seguintes, o recurso foi aperfeiçoado ao surgirem os óculos polarizados, que são usados ainda hoje em dia. Seja como for, houve momentos de glória, declínios e ressurgimentos em tentativas de cobrar mais caro pelo ingresso e manter a relevância do cinema, que perdia espaço para a televisão.

A última retomada se deu a partir dos anos 1980. Além do uso nos cinemas, as exibições em 3D também ganharam espaço em parques de diversão e são muito usadas para aumentar a imersão do público nos brinquedos. Já na virada do século, os grandes estúdios de Hollywood passaram a investir mais nesse sentido. Além de adaptar obras gravadas em 2D, o que nem sempre tem um resultado tão interessante, também se passou a gravar diretamente em 3D. Um dos grandes êxitos foi Avatar que, vamos combinar, teve grande apelo justamente por seu visual inovador para a criação das criaturas e dos ambientes.

Outra tecnologia bastante procurada são as cadeiras que se mexem no cinema D-BOX. Já algumas novidades como o uso de cheiros e efeitos de fogo, vento e água ainda não chegaram às salas comerciais. Seja nesses casos ou no uso das três dimensões, a grande questão que eu coloco é se o interesse do público é gerado apenas por uma curiosidade pela novidade ou se há realmente um emprego efetivo das técnicas para criar experiências únicas. A conclusão que eu já cheguei é que depende de cada produção. Tem aquelas em que o espectador tem uma imersão maior na história e outras em que não faz a menor diferença. Em alguns casos, é apenas uma distração que pode até chegar a incomodar.

Falando em salas, é claro que a qualidade da imagem também tem grande influência se você está procurando uma experiência mais completa. Por isso, eu dou preferência a ver esses filmes em três dimensões no cinema IMAX, visto que eles têm tela grande, maior resolução e também óculos diferenciados. Obviamente que o ingresso é mais caro, então não é sempre que faço essa gracinha. Eu gosto, particularmente, de ver os filmes de ação, que são trabalhados com efeitos especiais e cenas grandiosas. Além disso eles tem um som mais bem distribuído e cadeiras confortáveis. Na rede de cinemas Cinemark, o equivalente ao IMAX é o X-D.

Também é possível assistir a esses filmes em casa. Eu mesmo tenho um televisor com óculos 3D ativo. Eles usam uma bateria que fazem as lentes piscarem para alternar a imagem e criar o efeito. Eu, particularmente, acho que o resultado é tão ou até melhor do que o do cinema, sendo possível ver bem a profundidade. Infelizmente, o alto custo e a baixa procura por esses televisores fez com que as empresas parassem a produção. Em contrapartida, têm sido lançados equipamentos diversos de realidade virtual, como o do videogame Playstation VR, e acho que aí tem mais chance de sucesso porque eles têm outras aplicabilidades, como acompanhar o movimento do corpo do espectador, tornando a experiência mais interativa.

Como já comentei acima, para enxergar a imagem em três dimensões no cinema, é necessário utilizar óculos específicos que são distribuídos ao público no momento da entrada. O chato é quando a pessoa já tem algum problema de vista e usa óculos de grau, tendo que colocar um em cima do outro, o que pode causar bastante desconforto físico e visual. No último caso, as lentes sobrepostas refratam a luz de formas diferentes, o que atrapalha a percepção. No meu caso, costumo usar lentes de contato, então não tenho nenhum problema. Depois da sessão, é indicado devolver os óculos 3D, pois eles serão higienizados e utilizados por outros nas próximas exibições. Quem for mais nojentinho pode levar um lenço e álcool gel para dar aquela limpeza extra.

Tem mais uma coisa que me incomoda com relação ao uso dos óculos no cinema. Não sei se é pura picuinha minha, mas ficam luzes acesas no corredor entre as poltronas. Entendo que elas são necessárias para orientar as pessoas que entram e saem, inclusive durante a projeção, e também por questões de segurança no caso de uma eventual evacuação. O negócio é que isso reflete na lente e acaba atrapalhando a ver o filme. Por isso, eu sempre fico em pelo menos duas poltronas mais para dentro da fila. Escolher um bom lugar para se sentar no cinema é uma verdadeira arte. Como espectador frequente, eu já tenho os meus lugares favoritos.

Outra questão interessante de citar é que algumas pessoas não enxergam em 3d. Isso acontece porque a projeção é feita através de duas imagens sobrepostas na tela. Com o uso dos óculos, cada olho foca em uma delas, fazendo com que seja percebida a profundidade, com um objeto ou personagem se destacando do fundo, parecendo se aproximar e se afastar fisicamente do espectador. Para isso, é preciso que os dois olhos trabalhem juntos. Quem não tem a chamada “visão binocular” acaba enxergando apenas uma imagem embaçada ou sem nenhuma diferença do filme 2D. Também há aqueles que até veem o efeito, mas sentem dor de cabeça e enjoos. Se for o seu caso, simplesmente evite essas sessões, pois estará jogando dinheiro fora.