O Space Center Houston, um centro de educação e museu sobre viagens espaciais, fica ao lado e tem uma parceria direta com a NASA – National Aeronautics and Space Administration, a agência especial norte-americana. Por isso eles oferecem dois passeios pelo Johnson Space Center, como é chamada a base da NASA em Houston. O Astronaut Training Facility Tour e o Mission Control Center Tour estão inclusos no preço do bilhete e têm como opcional a visita ao Rocket Park & Saturn Facility, onde é possível ver de perto e em diferentes ângulos alguns foguetes, incluindo o impressionante Saturn V, além de ler informações e ver fotos de várias das viagens realizadas pelo espaço. É sobre esse local que falo nessa postagem.

O Rocket Park possui uma área externa onde estão expostos alguns dos motores e foguetes usados ao longo da recente história americana de exploração espacial. No dia que eu fiz esse passeio estava um céu nublado e uma chuvinha boba que não chegou a atrapalhar, mas chateou. Para começo de conversa, as fotos não ficam tão interessantes tanto pela falta de iluminação quanto pelo clima bucólico. Além disso, não dava para caminhar sobre a grama para ter uma vista mais distante e interessante. Mas deu para aproveitar.

Os primeiros testes de voo do programa Apollo foram realizados com o Little Joe II no White Sands Missile Range, no estado do Novo México, na década de 1960. O objetivo era verificar o funcionamento do sistema de escape do módulo de lançamento. Durante o período, esse era o foguete mais poderoso do arsenal americano, contando com sete motores que proporcionavam um impulso de 370 toneladas. O trajeto era controlado com a variação do ângulo de lançamento, barbatanas aerodinâmicas e jatos de reação. Acima dele está o módulo usado no quarto de cinco voos.

Uma combinação de impulsor e nave como o Mercury-Redstone foi usada para levar os dois primeiros astronautas americanos, Al Shepard e Gus Grissom, para o espaço, em maio e julho de 1961. A espaçonave de Shepard, que pesava quase 30 toneladas, viajou a 8.046 km/h, ultrapassou a atmosfera e ele ficou fora de gravidade por 5 minutos. O combustível usado era uma mistura de álcool etílico, água e oxigênio líquido.

Um grupo de cinco motores como esse foi usado para o primeiro estágio do lançamento do Saturn V durante os testes de voo do Apollo-Saturn, para a missão que levou o homem à lua e para enviar o laboratório espacial Skylab para a órbita da Terra. O equipamento funcionou por 2,5 minutos para elevar o Saturn V em 65 km, numa velocidade de quase 10.000 km/h. Cada motor pesava 7.000 kg e gerou um impulso de 680 toneladas.

Mas a parte mais interessante fica dentro do galpão. Há apenas três foguetes Saturn V no mundo, sendo que só este é totalmente certificado para voo – os outros tem algumas partes que são protótipos e componentes de teste. Eu fiquei bastante impressionado com o tamanho, que chega a 110 metros de comprimento. Quando abastecido de combustível e pronto para a partida, ele chega a pesar 2.800 toneladas.

Os três segmentos, chamados de fases, contêm os poderosos motores necessários para fazê-lo levantar voo e entrar em órbita para alcançar a lua. No total, 13 desses foguetes foram lançados no espaço, sendo que o primeiro partiu sem tripulação em 1967. Daí até 1973, o veículo foi usado para levar 27 astronautas ao redor do mundo, incluindo seis missões de sucesso para a lua. Além disso, o foguete foi usado, em sua missão derradeira, para levar até a órbita da Terra a primeira estação espacial americana.

O Saturn V foi usado para iniciar o processo de viagem à lua, mas não chegou até lá. Somente a espaçonave Apollo e o módulo de serviço é que pousaram no satélite da Terra. O resto do foguete foi desacoplado em diferentes momentos ao longo das viagens. Seu papel nessas missões terminava, geralmente, após cinco horas do momento da partida, quando era descartado pelo caminho. A primeira fase (S-IC Stage), a maior delas, foi usada por apenas 2m47s, o que era tempo o suficiente para levar a estrutura a 67 km do solo. Depois de usado seu combustível, essa parte caiu no oceano.

A segunda fase (S-II Stage), que queimou por 9m09s, é que levou o foguete ao espaço. Depois de usada, essa estrutura caiu novamente e queimou na atmosfera. A terceira fase (S-IVB Stage) ficou ativada por 3h para levar o restante dos componentes até a lua. Ao longo do caminho, a nave espacial Apollo foi desacoplada do foguete e seguiu viagem. O terceiro pedaço ficou flutuando pelo espaço. Também foram usados para colisões com a superfície da lua com o propósito de medir os abalos sísmicos que criariam.

Essas viagens marcaram uma nova era de avanços tecnológicos na exploração espacial para os Estados Unidos e o mundo. Muitas das técnicas utilizadas nessa época ainda inspiram os futuros modelos de espaçonaves que um dia levarão astronautas para lugares ainda mais distantes. Poder ver isso pessoalmente é um grande privilégio – eu, pelo menos, fiquei bastante impressionado.

Tudo isso é explicado de maneira simples e clara com desenhos, dados técnicos e textos bem resumidos. Também há vários painéis ao longo dos corredores em volta da espaçonave com detalhamento de cada uma das missões realizadas, fotografias dos astronautas e outras informações. Apesar de ser opcional, esse é uma das partes mais interessantes do passeio pela NASA.

A parada tem exploração livre e você pode ficar o quanto quiser. Eu confesso que não parei para ler tudo porque também tem muita coisa interessante para se explorar no Space Center Houston. Como eu não voltaria lá para outra visita, mesmo porque o preço do ingresso não é exatamente barato e o local fica fora da cidade, não dava para se esquecer da vida e gastar o tempo todo lá. No momento em que decidir voltar para o museu, me dirigi ao local de embarque e esperei pela chegada do próximo veículo para dar sequência ao passeio.