O Lyndon B. Johnson Space Center é o centro de treinamento, controle de voo e viagens tripuladas para o espaço da NASA – National Aeronautics and Space Administration, a agência especial norte-americana, com base em Houston. Como se pode imaginar, o acesso ao complexo de cerca de cem edifícios é super limitado. Mas nem tudo está perdido, já que existe uma parceria da instituição com um centro de aprendizado sobre o espaço e a exploração científica chamado Space Center Houston, que fica exatamente ao lado. Ao visitar o museu, você pode fazer dois passeios da NASA Tram Tour.

Esses tours são os atrativos mais procurados do Space Center Houston. O que eu posso dar de dica é chegar um pouco antes do momento de abertura e, assim que estiver lá dentro, é dedo no cu e gritaria sair correndo e ir direto para o local onde é formada a fila. Sabe os parques de diversão que você tem que ir direto para o brinquedo mais famoso? Então, é a mesma coisa. Ao passar da recepção, vire à direita e você verá essa grande placa – impossível perder. Como se pode perceber no painel da televisão, o tempo de espera nesse momento inicial era de apenas 15 minutos.

Como eu comentei acima, são dois passeios que saem desse mesmo local: o Astronaut Training Facility Tour e o Orion Mission Control Tour, ambos já inclusos no preço do ingresso. Nessa postagem vou falar apenas do primeiro, que foi o que eu fiz assim que cheguei. Eu não tinha nenhum interesse específico nele, só escolhi mesmo porque a fila me pareceu ligeiramente menor e eu sabia que faria o outro mais tarde. Falando em espera, os membros do museu têm prioridade e diversas outras vantagens. Obviamente que, para isso, é preciso pagar um valor mais alto. As informações do membership, bem como dos preços para visitantes normais, dos dias e horários de funcionamento, de exposições temporárias e outras coisas podem ser acessadas na página oficial.

Já na fila você passa por um desses painéis de fundo verde e tira uma foto que pode ser individual ou em grupo, caso você esteja acompanhado. Daí você recebe esse bilhete com um número para apresentar ao final do passeio caso tenha interesse em comprar. Eu confesso que nem cheguei a olhar o resultado porque sempre acho esses souvernirs caros e desnecessários. Mas vai de cada um, pode querer que eu não vou julgar.

Nesse momento já passamos para a área externa e nos encaminhamos para o veículo. O tram é composto por quatro carros acoplados com fileiras de cinco cadeiras. Quem determina onde você irá sentar são os funcionários responsáveis pelo passeio, que fazem a divisão de acordo com o número de pessoas que estão juntas, sempre colocando as crianças menores no meio para não correr risco de alguém despencar no meio do caminho. Cada conjunto de carros tem o nome de um planeta e cada fileira leva uma letra. Você precisa memorizar exatamente onde se sentou porque esse será o seu lugar nos momentos de desembarque/embarque.

É importante destacar que passamos uma boa parte do passeio em áreas livres. Tanto o espaço da fila, que pode durar mais de uma hora, quanto o tram em si são abertos. Por isso é importante estar atento à previsão do tempo. Eu fui em um dia chuvoso de inverno e vi algumas pessoas passando aperto com o frio. As condições climáticas podem até interromper o tour. Já no verão imagino que faça um calor insuportável, então é importante levar uma garrafinha d’água por pessoa. Um bom tempo do passeio é no trajeto entre um local e outro, com o/a guia explicando sobre os prédios e outras curiosidades. Aliás, como são visitadas instalações do governo onde pessoas estão trabalhando, o passeio também pode ser temporariamente suspenso sem aviso prévio, caso haja necessidade. Mais um motivo para fazer isso imediatamente após a chegada.

O destino principal desse passeio é o Space Vehicle Mockup Facility, criado em 1975. Depois de passar algumas instruções, subimos lances de escada (quem tiver mobilidade reduzida vai de elevador) e nos organizamos em fila para passar por um longo corredor com vista para um galpão. Como os grupos são grandes, é preciso ter tanto paciência quanto agilidade. Não dá para ter pressa e querer ver tudo, mas também não pode empacar o andamento porque é tudo cronometrado.

É muito impactante pensar que você está em um espaço (risos com o trocadilho) em que pessoas extremamente capacitadas estão trabalhando em algo tão grandioso. É possível ver cientistas e engenheiros a nova geração de naves espaciais, um tema tão complexo que está além da nossa capacidade de compreensão. Orion, o veículo espacial da NASA que viaja com tripulação, está sendo avaliado e testado pelos astronautas nesse prédio chamado Building 9. São feitas algumas explicações em inglês, basicamente de curiosidades, dados interessantes e informações generalizadas. Obviamente que quem não tem o domínio da língua acaba perdendo tudo, mas é interessante de se ver mesmo assim.

Também é possível observar vários dos robôs e veículos que fazem a exploração dos planetas coletando materiais que serão trazidos de volta para testes, tirando fotografias e outras funções. Dentro desse projeto chamado Valkyrie, está a nova geração de robô humanoide conhecido como R5. Acaba sendo pouco tempo para absorver tanta informação visual – eu mesmo vi muitos detalhes nas fotos que não tinha conseguido enxergar lá na hora. Em contrapartida, vimos poucas pessoas efetivamente trabalhando porque os Estados Unidos passavam por um impasse causado pelo presidente Donald Trump, que não queria liberar o orçamento do ano enquanto não fosse aprovado o seu projeto de muro para separação com o México. Com isso, a maioria dos trabalhadores foi colocada em férias coletivas forçadas, o que causou transtornos no país nas mais diversas áreas. Imagino que o local seja bem mais movimentado em tempos menos sombrios.

Esse também é o espaço onde os astronautas fazem seus treinamentos para futuras missões. Os objetos aqui dispostos estão em constante mudança, mas os objetivos da estação de treinamento continuam os mesmos. São vários detalhes que precisam ser observados, como as roupas, o funcionamento dos equipamentos, as mudanças de temperatura e gravidade, o impacto da viagem no corpo humano, os procedimentos em caso de emergências e outros, totalizando cerca de duzentos cursos.

Depois voltamos para o veículo e nos dirigimos para o Rocket Park & Saturn V Facility, que é o destino final de ambos os passeios do NASA Tram Tour. Falo mais detalhadamente sobre ele em outra postagem, mas posso adiantar que você poderá ver de perto e em diferentes ângulos alguns foguetes, incluindo o impressionante Saturn V, além de informações sobre várias das viagens realizadas pela NASA. Se você pretende fazer também o Orion Mission Control Tour, você deve optar se fará a visita agora ou se vai continuar no carro para voltar ao museu. Eu preferi fazer de uma vez porque estava nublado e eu não sabia se estaria chovendo mais tarde.

Essa parada tem exploração livre e você pode ficar o quanto quiser. Só não se esqueça que também tem muita coisa interessante para se explorar no museu, então não recomendo se esquecer da vida e gastar tanto tempo – a parte guiada do tour tem duração média de 60 minutos. No momento em que decidir ir embora, basta se dirigir ao local de embarque e esperar pela chegada do próximo veículo que te levará de volta ao Space Center Houston. Dessa vez, não tem mais carro específico ou lugar marcado.