Eu já postei aqui sobre o Astrounaut Training Facility Tour, que sai do Space Center Houston. Nesse passeio, você visita um grande galpão com protótipos de naves, robôs e veículos, um espaço onde os astronautas fazem seus treinamentos e se prepararam para missões no espaço. Esse e cerca de cem outros prédios fazem parte do Lyndon B. Johnson Space Center, centro de treinamento, controle de voo e viagens tripuladas para o espaço da NASA – National Aeronautics and Space Administration, a agência especial norte-americana, com base em Houston.

O Space Center Houston tem uma parceria estreita com a NASA, oferecendo dois passeios já inclusos no valor do bilhete: esse Astronaut Training Facility Tour e o Orion Mission Control Tour, ambos saindo do mesmo lugar chamado NASA Tram Tour. Nessa postagem vou falar sobre o segundo. Como se pode imaginar, os dois são muito procurados. O que eu recomendo é chegar um pouco antes do momento de abertura do museu e ir direto para a fila, que fica logo à direita depois que você está lá dentro. Eu fiz assim com o dos astronautas e praticamente não tive tempo de espera. Já no segundo, mais tarde, a estimativa estava de 60 minutos – mas demorou mais ainda.

A fila parece razoavelmente pequena do lado de dentro, mas faz um caracol interminável fora do prédio. Você passa por um desses painéis de fundo verde para tirar uma foto e recebe um código para apresentar no final do passeio caso queira comprar o souvenir. Fora isso, é apenas tédio e espera. O pior é que você fica exposto ao clima – embora seja coberto e você esteja protegido da chuva, você pode passar muito frio ou calor. Por isso, recomendo que você esteja atento às condições meteorológicas, que inclusive podem ocasionar o cancelamento do rolê. Também é bom levar uma garrafinha de água e lanche.

O tram é composto por quatro carros acoplados com fileiras de cinco cadeiras. Quem determina onde você irá sentar são os funcionários responsáveis pelo passeio, que fazem a divisão de acordo com o número de pessoas que estão juntas, sempre colocando as crianças menores no meio para não correr risco de alguém despencar no meio do caminho. Cada conjunto de carros tem o nome de um planeta e cada fileira leva uma letra. Você precisa memorizar exatamente onde se sentou porque esse será o seu lugar durante todo o passeio.

Depois de passar por diversos prédios, sobre os quais a/o guia vai dando informações diversas e falando curiosidades, chegamos ao Christopher C. Kraft, Jr. Mission Control Center. Ali todos desembarcam e são encaminhados a uma sala. Tivemos que esperar mais um pouquinho, pois um outro grupo ainda estava por lá. Nesse meio tempo, recebemos informações sobre a pequena exposição dos computadores e estações de trabalho usados ao longo das décadas anteriores. Embora tenham uma aparência arcaica, os green consoles foram usados em diversas missões até 1996.

Geralmente, o passeio leva os visitantes até a histórica Mission Operations Control Room (MOCR-2), de onde a NASA acompanhou as viagens Gemini e Apollo, incluindo a primeira vez em que o homem pisou na lua. Já durante alguns fins de semana e feriados, é possível ir até a atual sala de Mission Control, que foi o meu caso. Ali tem um pequeno auditório em que todas as pessoas se sentam. Na verdade, não todas, já que nosso grupo era grande e alguns tiveram que ficar em pé na parte de trás. Aí vai mais uma dica: fique entre os primeiros a entrar para escolher livremente onde ficar e garantir mais conforto.

Esse momento foi comandado por uma outra pessoa, que explicou com detalhes o trabalho realizado na sala pelos controladores de voo, a estrutura tecnológica e o que significava os diversos elementos que víamos nas telas e mesas. Essa instalação foi criada como parte de um projeto de renovação no valor de 250 milhões de dólares para atender à crescente demanda e complexidade das missões. Com a presença permanente de humanos nas estações espaciais internacionais, o corpo de controladores formados por experientes engenheiros e técnicos trabalham 7 dias na semana, 24 horas por dia, 365 dias por ano. Menos quando a gente chegou lá. Isso porque os satélites tinham perdido a comunicação e eles aproveitaram para tirar um tempinho livre. Mas no geral, os controladores de voo mantêm uma vigilância constante sobre as atividades da tripulação, bem como a sua saúde e segurança, e monitoram os sistemas das naves espaciais, checando todos os sistemas para garantir que as operações prossigam como planejado.

É assustadora a responsabilidade que eles têm em seus trabalhos e por isso são altamente treinados e constantemente testados, principalmente porque precisam responder com precisão a eventos inesperados. Sinceramente, eu não sei se conseguiria trabalhar com tamanha pressão. Todas as informações nos foram passadas por um senhorzinho muito simpático, que deu as explicações de forma didática e clara. Obviamente que é tudo em inglês, então quem não tem domínio da língua pode ficar um tanto perdido. Como não há grandes foguetes, robôs e parafernálias chamativas para se ver como no outro passeio, imagino que possa ser até entediante. Como eu consegui entender tudo, achei muito interessante e até gostei mais desse tour que do outro, pois dá uma visão mais direta do que é efetivamente feito no trabalho.

Depois voltamos para o veículo e nos dirigimos para o Rocket Park & Saturn V Facility, que é o destino final de ambos os passeios. Falo mais detalhadamente sobre ele em outra postagem, mas posso adiantar que você poderá ver de perto e em diferentes ângulos alguns foguetes, incluindo o impressionante Saturn V, além de ler informações e ver fotos de várias das viagens realizadas pela NASA. Essa parada é opcional e acontece nos dois passeios do NASA Tram Tour. Se você pretender fazer também o Astrounaut Training Facility Tour, terá outra oportunidade de visitar essa área.

Essa parada tem exploração livre e você pode ficar o quanto quiser. Só não se esqueça que também tem muita coisa interessante para se explorar no museu, então não recomendo se esquecer da vida e gastar tanto tempo – a parte guiada do tour tem duração média de 60 minutos. No momento em que decidir voltar para o Space Center Houston, basta se dirigir ao local de embarque e esperar pela chegada do próximo veículo. Dessa vez, não tem mais carro específico ou lugar marcado. Caso já tenha feito o passeio na tour anterior ou queira deixar para fazer na próxima, basta não descer do carro.