Toda cidade, ainda que seja turística, tem aqueles atrativos pelos quais a maioria das pessoas passa sem saber a sua importância histórica. Um dos exemplos de San Antonio é essa igreja que fica na mais movimentada região do centro, juntinho ao Riverwalk, no endereço 623 East Commerce Street. A rua, conhecida nos anos 1800 como Alameda, era a mais importante da comunidade. Para se ter uma ideia, ela foi a primeira a cruzar o rio, conectando as praças do lado oeste com a Missión San Antonio de Valero, no leste. Há muito rodeada pelo comércio, restaurantes e hotéis, fica fácil ignorar o prédio. Eu mesmo só entrei depois de alguns dias, daí me interessei em ler um pouco mais sobre a construção.

A igreja ocupa o lugar onde ficava, provavelmente, a segunda sede da missão hoje conhecida como The Alamo que, em 1724, se mudou para o espaço atual, a poucas quadras dali. A pedra fundamental da Igreja de São José foi colocada em 1868 por um grupo de católicos alemães que queriam adorar e ouvir a palavra de Deus proclamada e celebrada em sua própria língua. A construção, em estilo gótico, data de 1871 e serviu por muitos anos a essa crescente comunidade de imigrantes. O campanário foi adicionado em 1898. Em 1944, a loja de departamentos Joske quis comprar o terreno para a construção de uma nova unidade. Com a recusa, o empreendimento acabou sendo feito em volta da igreja e hoje faz parte do complexo Shops at Rivercenter.

Friar Henry Pfefferkorn, fundador do coral de homens chamado Liederkranz, foi o responsável pelas pinturas dos murais dos altares laterais. O tradicional coral se apresenta uma vez por mês, sempre no quarto domingo, cantando músicas litúrgicas em latim, alemão e inglês. Atualmente, o espaço é usado por uma comunidade de fé multicultural pequena, mas ativa. No segundo domingo de cada mês, a celebração conta com a apresentação de um grupo mariachi, estilo musical típico do México. Também há missas celebradas em espanhol. Os dias e horários podem ser conferidos na página oficial.

Em 1902, foram instalados os vitrais importados da Emil Frei Art Glass Factory de Munique, na Alemanha. A decoração foi comprada por três mil dólares, um valor absurdo para a época. Algumas das vezes que passei por lá a igreja estava fechada, em outras estava aberta. Por isso, recomendo fazer a visita interna na primeira oportunidade que tiver, para não correr o risco de dar com a cara na porta depois. Eu achei a decoração interna simples e bonita, muito bem conservada.

Também aproveitei para dar uma volta pela parte externa, observando alguns detalhes da arquitetura por outros ângulos. Não vou dizer que é um passeio imperdível e sua viagem terá sido absolutamente em vão se você não conhecer. Mas a visita à igreja é rápida e interessante pelo seu valor histórico e cultural para a comunidade. E, como se encontra em uma área que absolutamente todos os turistas que visitam a cidade vão passar, de qualquer maneira, não custa nada conhecer (literalmente, é de graça).