Depois de fazer o passeio pelo centro histórico de Genebra, bateu aquele cansaço típico de quem acordou cedo para aproveitar bastante o dia. A questão era se iríamos pegar um transporte público para percorrer apenas 1 km ou se animaríamos ir caminhando até a estação de trem para voltar para Lausanne. Ficamos com a segunda opção e acabamos passando por lugares que não estavam programados, o que é sempre uma ótima experiência.

Saindo do Jardin Anglais, iniciamos a travessia da Pont du Mont-Blanc, que fica no encontro do Lago de Genebra, como é chamado por muitos, com o rio Rhône. A primeira ponte foi construída com chapas metálicas em 1862, tendo 250 metros de comprimento e 16 de largura, com 12 vãos. Com o tempo, algumas placas acabaram se quebrando com a passagem de veículos pesados. Quando a cidade decidiu, no início dos anos 1900, mudar o tipo de veículos do transporte público para bondes elétricos, o tram, iniciou-se um trabalho de renovação completa com reforço da estrutura, aumento de 2 metros no comprimento e 3 metros na largura. Já em 1965, foi ampliada novamente, o que permitiu a construção de duas calçadas para a passagem dos pedestres e de onde se tem uma bela vista da paisagem.

A ponte atual é construída sobre sete vigas principais de chapa metálica e possui comprimento total de 252 metros. Seu peso total é de 1.176 toneladas de metal, a maior parte dele para a estrutura de aço. Ao longo de toda a ponte, há bandeiras fixadas de ambos os lados. Na maioria do tempo é uma alternância entre as da Suíça e de Genebra, mas durante alguns eventos são colocadas bandeiras diferentes, podendo ser artísticas ou oficiais. Ali também é um lugar privilegiado para assistir aos fogos de artifício das Fêtes de Genève, a travessia do Lago Parade e a chegada da Marathon de Genève.

Ao fim da ponte, você passa em frente ao The Ritz-Carlton Hotel de la Paix e já cai praticamente no Jardin des Alpes, que fica à direita, também chamada de Square des Alpes. Até 1862, essa área era um porto natural do lago, o que explica a sua atual forma triangular. A entrada é marcada por dois leões de pedra e uma plataforma inclinada e florida. A piscina retangular que fica em meio à área verde foi projetada, originalmente, para o Jardin Anglais.

Mas o destaque da praça é o Monument Brunswick. Linguista, músico e cavaleiro, Charles d’Este-Guelph era o Duque de Brunswick, na Alemanha. Depois de uma revolta local, em 1830, que ocasionou a perda do trono para seu irmão, passou a vagar pela Europa e se envolveu em questões políticas e intrigas morais, se tornando uma figura controversa. Depois de se estabelecer em Paris, onde fez fortuna, mudou-se para Genebra, passando a morar no Hotel Beau-Rivage. Quando ele morreu, três anos depois, não deixou nenhum herdeiro. Seguindo as orientações de seu testamento, o legado do que seria hoje em dia cerca 22 bilhões de francos suíços foi para a cidade, que construiu em troca o monumento com seu nome. O mausoléu foi erguido de frente para o lago, em 1879. Como o duque exige em seu testamento, a estrutura em mármore de estilo neogótico imita o túmulo da família Scaligeri em Verona, na Itália, uma obra do século XIV.

Outro atrativo do jardim é o Cottage Cafe, que funciona um em pequeno chalé de tijolinhos que, provavelmente, serviu como acomodação temporária para os homens que trabalharam na construção do monumento, entre 1876 e 1879. Posteriormente, foi ocupada pelo jardineiro e, a partir de 1930, por um café. Em 2006, quando estava abandonado, foi renovado pela cidade e, dois anos depois, passou a funcionar ali o estabelecimento atual. Achei o lugar muito charmoso. Informações sobre o funcionamento, reserva online e o menu completo podem ser acessados na página oficial. Ao lado dele fica o prestigiado Hotel Le Richemond.

Um pouco à frente do jardim, seguindo a margem do lago, está o Monument à l’Impératrice Sissi. Em 1898, ela foi apunhalada no coração por um anarquista italiano, correu até a embarcação mais próxima, mas acabou falecendo no deck. Atualmente, o Bateau Genève é uma associação beneficente que oferece apoio e refeições gratuitas para pessoas em necessidade, mas turistas também podem usufruir de seus almoços e jantares. Ele fica ancorado no Jardin Anglais.
Próximo à estátua da imperatriz, fechando algumas das prestigiadas opções de hospedagem da região (onde eu adoraria de ter ficado), está o Hôtel d’Angleterre. Como eu não tive esse privilégio, caminhamos até a estação de trem para voltar para Lausanne, onde estávamos hospedados no Hôtel Résidence du Boulevard.