Para visitar os cânions de Colca, pegamos um passeio de dois dias e uma noite que saiu da cidade de Arequipa com a empresa de turismo Colca Trek, que eu recomendo fortemente. Outra opção é fazer a pesquisa dos preços antecipadamente e realizar a reserva online. Eu encontrei duas opções, sendo uma mais completa e outra mais barata.
O passeio começa cedo, no meu caso estava programado para sair às oito horas da manhã. Como eu já estava hospedado na cidade, os guias foram me buscar no Hostal Maison Plaza. Acredito que você até possa chegar em Arequipa de manhã e já emendar com o passeio, mas o aproveitamento não vai ser tão bom porque você vai ficar cansado. Além disso, hospedando em Arequipa tive a oportunidade de deixar as malas no hotel e levar uma pequena mochila para esses dois dias – a van da empresa não tem muito espaço para bagagens, então praticamente todo mundo fez isso.
Reserva Nacional Salinas y Aguada Blanca
Quando eu falo que o ideal é ter tido uma boa noite de sono em um hotel antes de começar o passeio é porque o trajeto entre Arequipa e os cânions é demorado e, mesmo no tempo em que ficamos dentro da van, é bom ir observando as paisagens e não dormir. Aliás, ao longo do percurso temos lindas vistas do vulcão Chachani e também podemos fazer eventuais paradas rápidas para observar as vicuñas que ficam na beira da estrada.

Também paramos em um pequeno povoado chamado Patahuasi, onde podemos usar os sanitários pagando uma pequena taxa e nos foi recomendado tomar um chá com diversas ervas locais. Até que eu achei gostoso e, como estava fazendo bastante frio, deu uma aquecida no corpo. Como eu estava viajando junto com meu namorado, dividimos uma caneca só – mesmo porque a ideia era só provar.

Nesse local também ficam várias barraquinhas e lojas de produtos artesanais. Eu não comprei nada, nem mesmo cheguei a olhar, mas se tem uma coisa que eu aprendi quanto a compras no Peru é que você pode sempre pechinchar porque eles abaixam muito o preço. Além disso, se você gostou de alguma coisa específica, o melhor é comprar porque pode ser que você não encontre igual em nenhum outro lugar, já que alguns produtos mudam de uma comunidade para outra.

Após continuar por mais um trecho no carro, paramos para iniciar a caminhada de cerca de uma hora pela reserva. Ali ganhamos um lanchinho que consistiu em frutas como banana, mexerica e maracujá doce. Apesar de estar um clima friozinho, destaco a importância de usar bastante filtro solar e uma proteção na cabeça pois a incidência de raios solares é muito intensa nessa região. Também é importante se manter bem hidratado e utilizar um calçado apropriado para caminhada. O terreno é bastante irregular em alguns trechos e o trekking inclui algumas subidas por vãos de pedra estreitos e que exigem um certo esforço físico para a escalada.

O grupo segue em um ritmo lento, com os guias explicando sobre a formação do terreno, a erosão causada pela água e pelo vento nas rochas, as plantas que encontramos pelo caminho e suas aplicações na medicina natural, os vulcões que podem ser vistos ao fundo e outros detalhes interessantes da história. E, claro, porque todos paramos para tirar várias fotos dos mais diversos ângulos.
A reserva abrange as províncias de Caylloma, Arequipa e parte de Sanchez Serro, em uma área total de aproximadamente 3.670 km2, por onde passam os rios Yura e Chili, além de lagos diversos. São mais de 350 espécies de plantas e muitos animais, como lhamas, alpacas, vicuñas, guanacos, tarucas, vizcachas, pumas, gatos selvagens, colocolos e raposas, entre outros.

Depois de entrar novamente no carro para seguir viagem, ainda fizemos pequenas paradas para tirar fotos quando aparecia algum grupo de animais, como essas alpacas fofíssimas que volta e meia olham para a câmera como que curtindo seus quinze minutos de fama. Mas no geral elas só comem o tempo inteiro mesmo.
Mirador de los Volcanes
Continuamos a subir pela estrada até chegar ao ponto mais alto do passeio, a 4.900 metros de altitude do nível do mar, no que é também conhecido como Mirador de los Andes. Como é um ponto de parada de todos os turistas que estão passando pela região, ali também se concentram vários vendedores de artesanato com seus tapetes, mantas e roupas coloridas bem típicas do Peru.

Da plataforma circular e elevada, temos a vista de vários vulcões no horizonte, devidamente sinalizados em pedras que trazendo um desenho das montanhas, seu nome e altura. Dali podem ser observados os vulcões Mismi (5.672m), Hualca Hualca (6.023m), Sabancaya (5.976m), Ampato (6.288m), Chachani (6.075m), Misti (5.825m) e Chucura (5.360m).
Também estava ali a maior concentração de pedras empilhadas que eu já vi na vida. Praticamente um mar de pequenas esculturas ou um oceano de gente sem muito o que fazer.
Chivay
Dali pegamos novamente o transporte até chegar em Chivay. A maioria das empresas que faz esse passeio deixa o grupo nessa cidade, já que ali estão concentradas a maior parte das pousadas e albergues da região. Como a Colca Trek possui hospedagem própria, paramos ali somente para almoçar. Do alto do morro, já fiquei impressionado com o tamanho do local, pois eu esperava uma vila menorzinha. Se você fizer esse passeio por outra empresa, preste atenção às opções de hospedagem, pois muitas delas não possuem chuveiro quente e outras comodidades.

Paramos para almoçar no Restaurante Urinsaya, que já estava preparado para nos receber – a mesa possui indicação do nome da empresa. Cada um pega o lugar que quiser, aproveita para ir ao banheiro e parte para o buffet, do qual você pode servir pratos salgados e sobremesas à vontade. A comida é bem gostosa e, apesar de ter muitos itens regionais, não é nada estranha ao paladar brasileiro. Eu comi espetinho de frango, almôndegas, quinoa, macarrão, legumes diversos e achei tudo bem gostoso. As bebidas são compradas à parte, tanto os refrigerantes e chás, quanto as bebidas alcoólicas.
Assim como em vários outros restaurantes do Peru, também apareceu por ali umas pessoas tocando músicas regionais e passando nas mesas depois para pedir gorjeta. Fica a critério de cada pessoa colaborar ou não (eu não gosto, acho invasivo e, por isso, não dou dinheiro).
Vale del Colca
Como eu disse, em vez de nos hospedar em Chivay, seguimos para o Colca Trek Lodge, localizado na comunidade de Pinchollo. A vantagem de ficar lá, além da ótima estrutura da pousada, é que você dorme bem dentro do vale, podendo chegar bem cedo no destino principal do passeio no dia seguinte, o Mirador Cruz del Cóndor. Ou seja, assim conseguimos evitar a multidão de turistas que acaba chegando mais tarde, pois precisam sair de Chivay.

No caminho até Pinchollo, ainda fizemos uma rápida parada em Maca, que possui umas esculturas engraçadas na praça principal e uma igreja toda branca bem charmosa.

Também fizemos uma parada rápida para apreciar a paisagem. À medida que subimos na estrada, começamos a ter ideia da altura das montanhas em relação ao Rio Colca, que passa lá embaixo. Nas encostas dos morros podemos ver as famosas plantações em diferentes níveis e cidadezinhas. Também temos algumas passagens inusitadas, como esse buraco feito na montanha que funciona como um túnel que não inspira nem um pingo de confiança, acelera, Jesus.

Antes de ir para a pousada ainda fizemos mais uma caminhada pela região, agora já na parte dos cânions, com o sol se pondo no horizonte. Aproveitamos para tirar as últimas fotos do dia e observar as plantações, vegetação natural e até umas vaquinhas no local.

Nessa hora já começou a esfriar e estávamos todos cansados, então fomos para a hospedagem onde foi feita a divisão dos quartos de acordo com as afinidades de quem viajava junto, principalmente casais, e todos foram se acomodar e tomar banho para esperar o jantar, também incluso no pacote da empresa.
Como é possível ficar no Colta Trek Lodge mesmo sem fazer o tour com a empresa e esse texto já ficou muito extenso e cheio de fotos, vou fazer uma postagem separada sobre a pousada com as minhas avaliações. Mas já posso adiantar que gostei bastante e recomendo!
Enquanto esperávamos o jantar, ficamos batendo papo com os demais integrantes do tour, que eram de vários lugares do mundo, principalmente da Europa. A comunicação foi toda em inglês, o que foi ótimo para treinar um pouco mais. A comida estava bem gostosa e nesse momento também nos foram dadas as opções de acordar mais cedo para ver o nascer do sol na estrada ou dormir um pouco mais e começar o passeio mais tarde (que, de qualquer maneira, seria cedo). Todos optaram por sair mais cedo no dia seguinte, então não quisemos ficar na área comum por muito tempo – mas lá também funciona um bar onde vendem bebidas à parte.
Resumo
Esse primeiro dia é bastante proveitoso (e também cansativo). Passamos por uma grande reserva, fizemos trekking, tivemos boas refeições durante o dia (embora eu recomende levar lanchinhos extras para os intervalos), passamos por mirantes, observamos animais em seu habitat natural e recebemos uma enxurrada de informações dos guias. Acabamos o passeio em uma pousada muito confortável para repor as energias para o dia seguinte.