A Isla del Sol foi descoberta nas últimas décadas pelos turistas e se tornou um dos destinos mais populares da Bolívia. Localizada no Lago Titicaca, próxima à cidade de Copacabana e à fronteira com o Peru, a ilha possui uma longa história que inclui o nascimento da civilização Inca. O cronista espanhol Bernabé Cobo, um jesuíta missionário que escreveu um livro sobre o tema no século XVII, descreve duas versões sobre o mito que envolve o norte da ilha. O primeiro diz Maco Cápac, filho do sol Inti e fundador da civilização, teria emergido de um rochedo conhecido como Titikala, a Roca Sagrada. A segunda versão conta que a comunidade local ficara sem luz no céu por vários dias, até que alguém viu o sol sair da rocha, que passou a ser considerada sua moradia. Seja qual for o caso, um templo foi construído no local.

Mas a história do local é ainda bem mais antiga. Segundo estudos arqueológicos, a ilha foi ocupada continuamente desde, pelo menos, 2.200 a.C. Para de ser uma ideia, a cerâmica mais antiga encontrada por lá data de quase 3.500 anos atrás. Outros artefatos descobertos são ainda mais antigos. Isso quer dizer que a Ilha do Sol foi moradia de várias civilizações e possui uma longa história da qual pouco se sabe. Existem cerca de 80 ruínas na ilha, mas a maioria é do Império Inca, que surgiu apenas no século XIII.

A maioria dos turistas que visita o local vão para a parte norte, junto à comunidade Challapampa, já que é ali que se encontra o Museo de Oro – Ciudad Submergida Marka Pampa, onde são exibidos os artefatos resgatados de um sítio arqueológico inundado pelas águas do lago, além das ruínas incas como a Roca Sagrada, a Mesa Cerimonial e o Laberinto.
A Roca Sagrada pode ter sido a razão do nome do lago. Em aymara, titi pode ser traduzido como puma, chumbo ou metal pesado, enquanto caca (kaka) faz referência a cabelos brancos ou cinzas da cabeça. O termo k’ak’a também significa rachadura, fissura. O nome titiq’aq’a significaria puma acinzentado/cor de chumbo, em referência à suposta imagem do animal formada na pedra.

Também é dali que se inicia a caminhada de cerca de 8km pela trilha Willka Thaki, que liga o norte e o sul da ilha. O caminho, que pode ser percorrido entre 2 e 4 horas, dependendo do ritmo de cada um, é um tanto cansativo por ter várias subidas e descidas em uma altitude que chega a 4.000 metros do nível do mar. Mas vale a pena porque o visual é incrível! Na ilha não há carros ou qualquer veículo motorizado, então o deslocamento interno é feito mesmo na caminhada.

Yumani, a comunidade na parte sul da ilha, não possui tantos atrativos turísticos quando o norte, mas é ali que se concentra a maior parte das pousadas e restaurantes. Além disso, é possível visitar a Fuente de los Incas e a Escalera Inca, bem próximas ao porto.
É compreensível que o local tenha tido importância para várias civilizações antigas. O Lago Titicaca é o maior da América do Sul, tanto em volume de água, quanto em extensão. A Isla del Sol é a maior dentre as 41 ilhas do lago. Ali eram desenvolvidas atividades de agricultura e pesca. O relevo acidentado precisou ser adaptado para permitir a plantação, deixando vários degraus nos morros. Também há evidências de troca entre comunidades e viagens, pois foram encontradas ali oito lâminas de obsidiana originárias da região de Chivay, perto de Arequipa, a cerca de 400km da ilha.

Atualmente, a maior parte da ilha está povoada por indígenas de origem quéchua e aymara. Além da agricultura, pesca e turismo, são desenvolvidas atividades artesanais e criação de animais. A maioria do povo se comunica em línguas ancestrais, mas falam em espanhol com os visitantes.