Na Bíblia, as primeiras referências sobre o Calvário aparecem com o nome de Gólgota, que o próprio texto explica como “lugar da caveira”. Essa expressão aparece em latim como Calvariæ Locus, de onde teria derivado a palavra em espanhol Calvario. Não há um consenso sobre sua localização exata, mas acredita-se que era um morro próximo a Jerusalém, do lado de fora das muralhas, onde Jesus Cristo teria sido crucificado. A via-crúcis, também chamada de via-sacra, é representada por 14 estações:
- Jesus é condenado à morte
- Jesus carrega a cruz às costas
- Jesus cai pela primeira vez
- Jesus encontra a sua Mãe
- Simão Cirineu ajuda a Jesus
- Verônica limpa a face de Jesus
- Jesus cai pela segunda vez
- Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
- Jesus cai pela terceira vez
- Jesus é despojado de suas vestes
- Jesus é pregado na cruz
- Jesus morre na cruz
- Jesus é descido da cruz
- Jesus é sepultado
Em Copacabana, o Cerro Calvario ou El Calvario é um monte muito visitado por bolivianos e pessoas religiosas por ter as 14 estações, uma reprodução desse trajeto seguido por Jesus carregando a cruz. A via-crúcis, construída nos anos 1950, se inicia junto à uma pequena Capilla del Señor de la Cruz de Colquepata. O trajeto pode ser visto com detalhe no mapa interativo acima – basta dar um zoom na cidade.
A subida não tem propósitos apenas religiosos, já que muitos turistas aproveitam a posição privilegiada no topo para ter uma bela vista – tanto da cidade, quanto do Lago Titicaca. A paisagem fica particularmente bonita no pôr-do-sol, que foi quando eu subi. Para isso, é importante começar o passeio um pouco mais cedo, já que a cidade se encontra a mais de 3.800 metros de altitude do nível do mar e o esforço físico é mais cansativo. A caminhada de cerca de 750 metros deve durar entre 30 a 45 minutos, dependendo do ritmo de cada um.

Eu e meu namorado subimos um pouco em cima da hora, então estávamos com pressa e foi bem cansativo. O ideal é sair um pouco mais cedo para fazer pequenas paradas no trajeto para recuperar o fôlego – Jesus sofreu e nós também. A primeira parte é nessa rua calçada, onde já podem ser vistas algumas cruzes. No caminho, é possível encontrar vendedores ambulantes que comercializam itens religiosos, lanches e água. Mais ou menos na metade do caminho chegamos a um mirante. Ali acaba a rua e deve tomar a trilha da esquerda, que é desordenado caminho de pedras. A partir desse ponto a subida é um pouco mais lenta porque é preciso tomar cuidado onde se pisa.

No topo estão os últimos monumentos. Os peregrinos costumam acender velas e fazer oferendas. Ali também ficam outros vendedores ambulantes. Infelizmente, é um local com bastante lixo e pichações. Mas, como eu não tinha subido com intuitos religiosos, me mantive focado na belíssima paisagem que pode ser vista do local. Voltado para a cidade, podemos ver os vários barcos que ficam próximos ao porto, a Basílica de Nuestra Señora de Copacabana e o Pachakata ou La Horca del Inca, um outro monte que se encontra do lado oposto. Aproveitei para explorar o espaço e tirar algumas fotos.

Depois ficamos sentados em uma das muretas de pedra para apreciar o pôr-do-sol no Lago Titicaca, onde é possível inclusive ver a Isla del Sol – à direita na foto. É bom levar uma garrafa de água e um lanchinho para comer lá em cima enquanto se olha a paisagem e descansa da subida. Outros turistas tiveram a mesma ideia. Lembro que ali estamos a cerca de 4.000 metros de altitude, então é bom se hidratar.

Com o cair da noite, chega a hora de voltar para o hotel. Fizemos o mesmo caminho da subida – existe uma trilha alternativa, mas não é recomendado que seja feita à noite. Também é importante informar que não há iluminação no local, então usamos a lanterna do celular para iluminar o caminho que fica bem escuro, mesmo com o céu aberto e a luz da lua. Também é recomendado que esse trajeto seja feito em grupo, pois existem na internet relatos de roubos.
Foto de capa: Wiki Commons – Pavel Špindler