Ainda dentro da Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa, é realizada a visita aos gêiseres do Sol de Manãna. Trata-se de uma área desértica com aproximadamente 2 km2 de extensão, a quase 5.000 metros de altitude em relação ao nível do mar, onde há uma intensa atividade vulcânica. A hora mais recomendada para visitação é ao amanhecer, quando o ambiente está mais frio e a força das águas é maior. Mas, como nós estávamos vindo de San Pedro de Atacama e passamos por outros pontos turísticos antes, chegamos mais ou menos na hora do almoço.

Ainda assim, a quantidade de vapor que sai de algumas partes do local é impressionante. O guia havia nos orientado a evitar ficar respirando esse vapor por causa de alguns componentes que não fazem bem, mas quem se importa? A gente quer é passar lá no meio, tirar várias fotos e, se tudo der certo, sobreviver para depois postar no Instagram.

Aliás, devo comentar que a segurança nesse lugar é inexistente. Ao contrário dos gêiseres de El Tatio, no Chile, em que há marcações nos chãos de limites até onde os turistas podem ir, aqui é cada um com a sua consciência. Você vai andando por entre essas piscinas de lama fumegante sem se apegar à vida e, de repente, caiu, morreu. O terreno é bastante irregular e, em algumas partes, existe o risco de ceder. Dizem que já teve gente que caiu, o que eu não duvido nem um pouco. Por via das dúvidas, caminhe com atenção. Principalmente quando estiver filmando ou tirando fotos, não se esqueça de olhar sempre aonde pisa.

O mais interessante do Sol de Mañana é a diversidade de fenômenos geotérmicos concentrados em um só espaço. Além dos vapores quentes, que alcançam de 10 a 50 metros, há várias piscinas formadas por essa água meio esverdeada. Obviamente esse não é um lugar próprio para banho devido à temperatura elevada e a presença de minerais e gases tóxicos.
Mas o que é realmente diferente do que eu já havia visto nos gêiseres chilenos próximos a San Pedro de Atacama foram essas poças de lama borbulhante, um tipo de lava vulcânica bem diferente do que estamos acostumados a ver nos filmes. No conjunto, a paisagem parece remeter a épocas remotas de formação da Terra, com essa massa dando novas configurações ao solo.

Os vapores, água fervente e lama fumegante se juntam ao terreno tingido de cores que vão do amarelo ao vermelho, grandes rochas e montanhas nevadas ao fundo, criando um visual realmente impressionante.
Além do turismo, existe um projeto de aproveitamento do potencial geotérmico local para a geração de energia elétrica para satisfazer tanto a demanda local, especialmente para mineradoras da região, quanto internacional. Trata-se de uma produção de energia limpa e renovável que ajudaria a diversificar a matriz energética da Bolívia. Para isso, seria necessário realizar a perfuração de poços, instalação de dutos e a construção de uma central e linhas de transmissão com cerca de 140 km de extensão. Enquanto isso não acontece, vamos aproveitando a aparência mais natural dos gêiseres.